EPÍSTOLA DE PAULO AOS GÁLATAS
Introdução
Quando o evangelho se espalhou pelo Império Romano e muitos gentios começaram a aceitar Jesus como Salvador, logo surgiram discussões sobre a necessidade de os gentios seguirem as leis dos judeus, especialmente a lei que mandava que todo homem fosse circuncidado (ver At 15.1-33). Essa mesma discussão apareceu nas igrejas que o apóstolo Paulo havia fundado na província romana da Galácia, que ficava numa região que hoje faz parte da Turquia. Várias pessoas estavam dizendo àqueles cristãos que, para poderem ser justificados, eles precisavam obedecer à lei de Moisés.
A Epístola
aos Gálatas é a resposta que Paulo dá a essa falsa doutrina. Com argumentos
fortes e palavras às vezes chocantes, Paulo denuncia esse outro evangelho que
está sendo anunciado e procura trazer de volta para a fé verdadeira aqueles que
estão se desviando do caminho certo. Ele fala da sua própria experiência cristã
e defende a sua autoridade como apóstolo. Mostra também como, na reunião dos
líderes cristãos em Jerusalém, ele tinha recebido a aprovação deles para
continuar a anunciar a mensagem de que a
salvação depende somente da fé e não daquilo que a lei de Moisés manda fazer.
Em defesa da sua posição, Paulo cita o Antigo Testamento e fala da experiência
de Abraão, o pai do povo escolhido. Ele mostra que Abraão foi justificado por
Deus não por causa das suas obras, mas porque teve fé em Deus. Na última parte
da epístola, Paulo fala da liberdade que têm as pessoas que creem em Cristo e
como essa liberdade se torna realidade na vida cristã.
Todos os
cristãos de todos os tempos devem se lembrar sempre desta declaração do
apóstolo: “Para a liberdade foi que Cristo nos
libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de
escravidão” (5.1).
Gálatas 1
Prefácio e
saudação
"1 Eu, Paulo, com meus
companheiros na fé, envio saudações às igrejas da Galácia. Minha autoridade
para escrever a você não vem de ninguém nem procede de alguém de hierarquia
superior, mas diretamente de Jesus, o Messias, e de Deus, o Pai, que o
ressuscitou dos mortos. Fui convocado por Deus. Quero saudá-los com as belas
palavras “graça” e “paz”! São belas, pois nos lembram como Jesus Cristo nos
resgatou do mundo maligno em que vivemos quando se ofereceu em sacrifício por
nossos pecados. A vontade de Deus é que experimentemos esse resgate. Glória a
Deus para sempre! Amém!
6 Não posso acreditar no que
ouvi! Como podem ser tão inconstantes? Como resolvem abraçar outra mensagem?
Vocês estão traindo aquele que os chamou para a graça de Cristo. E vocês sabem
que não se trata de detalhes irrelevantes: é outra mensagem! Completamente
diferente! É mentira deslavada sobre Deus. Os responsáveis por essa agitação
estão virando a Mensagem de Cristo de pernas para o ar. Quero deixar bem claro:
se algum de nós — até mesmo um anjo do céu — pregar uma mensagem diferente da
verdadeira e original, seja amaldiçoado. Vou repetir: se alguém — não importa a
reputação ou as credenciais que possua — pregar uma mensagem diferente da que
vocês receberam no início, seja amaldiçoado!
10 Acham que falo desse modo para
manipular alguém? Ou para impressionar o próprio Deus? Ou para ganhar aplausos
do povo? Se meu alvo fosse popularidade, eu não seria escravo de Cristo. Saibam
que a Mensagem que transmiti a você não é mero discurso motivacional. Eu não a
recebi de nenhuma tradição nem a aprendi em alguma escola. Eu a recebi
diretamente de Deus e de Jesus Cristo.
13 Estou certo de que vocês
ouviram a história da minha vida, quando eu vivia no judaísmo. Na época, eu
perseguia a igreja de Deus. Meu objetivo era destruí-la. Ninguém me superava no
apego às tradições dos nossos antepassados. Mas Deus tinha planos para minha
vida. Quando eu ainda estava no ventre da minha mãe, ele me escolheu e me
chamou, por sua graça, cheia de generosidade! Por sua intervenção, revelou seu
Filho a mim para que eu o anunciasse aos outros povos, os que não são judeus.
16 Logo depois desse meu chamado,
fui para a Arábia. Não consultei ninguém e não fui a Jerusalém me aconselhar
com os que já eram apóstolos. Mais tarde, voltei a Damasco. Três anos depois,
fui a Jerusalém para conhecer Pedro e saber mais sobre a fé. Foram apenas
quinze dias — mas que dias, aqueles! Com exceção de Tiago, irmão do Senhor, não
vi nenhum outro apóstolo. Diante de Deus, estou falando a pura verdade.
21 Então, comecei meu ministério
nas regiões da Síria e da Cilicia. Mesmo depois de todo aquele tempo, eu ainda
não era conhecido nas igrejas cristãs da Judeia. O que sabiam de mim era apenas
isto: “Aquele homem que antes nos perseguia agora está pregando a mesma
mensagem que tentou destruir”. E como eles agradeceram a Deus e o adoraram por
minha causa!"
Gálatas 2
O apostolado
aos judeus e aos gentios
"1 Catorze anos depois daquela
primeira visita, Barnabé e eu subimos a Jerusalém e levamos Tito conosco. O
propósito era esclarecer o que me fora revelado e apresentei a eles exatamente
o que eu estava pregando aos que não são judeus. Foi uma reunião com os líderes
mais estimados da igreja, porque não queríamos que o assunto fosse motivo de
debate público, trazendo tensão. Isso poderia prejudicar anos de trabalho e
também meu ministério. É bom dizer que Tito, que não é judeu, não teve de se
circuncidar. Mas houve alguns que se infiltraram na conferência, passando-se
por cristãos. Eles vieram espionar a liberdade espiritual dos seguidores de
Cristo. O propósito deles era nos reduzir à escravidão legalista, mas nós não
demos chance a eles. Não podíamos permitir que vocês deixassem de lado a
verdadeira Mensagem.
6 Quanto aos que eram considerados
importantes na igreja, a reputação deles não me incomodou. Eu não me
impressiono com aparências. Quanto mais Deus! Nenhum deles acrescentou nada à
mensagem que eu prego. Logo ficou evidente que Deus me havia confiado a tarefa
de pregar aos não judeus a mesma mensagem pregada por Pedro aos judeus.
Reconhecendo que Deus tinha me chamado, Tiago, Pedro e João — colunas da igreja
— receberam a mim e a Barnabé e nos designaram para o ministério aos demais
povos. E eles continuavam alcançando os judeus. Apenas acrescentaram um pedido:
que nos lembrássemos dos pobres, o que é meu desejo profundo.
11 Depois disso, Pedro veio a
Antioquia. Acabei tendo de confrontá-lo, pois ele errou feio. Vou contar como
foi. Antes que algumas pessoas da parte de Tiago chegassem à cidade, Pedro
comia normalmente com os que não eram judeus. Mas, depois que o grupo de
Jerusalém chegou, todos conservadores, ele começou a evitar todo contato com
seus amigos não judeus. Isso provou que ele tinha medo do grupo conservador
judaico, que tentava fazer valer o velho sistema da circuncisão. Infelizmente,
o restante dos judeus da igreja de Antioquia aderiu à hipocrisia — até mesmo
Barnabé.
14 Quando vi que eles não se
comportavam de acordo com a Mensagem, contestei Pedro na frente de todos: “Se
você que é judeu, não segue as regras judaicas quando não está sendo observado
pelos guardiões de Jerusalém, que direito tem de exigir que os não judeus se
adaptem aos costumes judaicos, só para causar boa impressão aos seus velhos
amigos de Jerusalém?”.
15 A verdade é a seguinte: nós,
judeus, não somos superiores aos demais pecadores. Sabemos muito bem que não
somos justificados diante de Deus por guardar regras, mas apenas pela fé em
Jesus Cristo. Como sabemos disso? Nós tentamos — e com o melhor sistema de
regras do mundo! Sabendo que ninguém pode agradar a Deus por esforço
próprio, cremos no Messias para sermos justificados por Deus. Isso nunca
acontecerá por praticarmos o bem.
17 Já perceberam que ainda não
somos perfeitos? Grande novidade! Mas, vendo que gente como eu — que creu em
Cristo e foi justificado por Deus — não é perfeita, teriam vocês a ousadia de
acusar Cristo de ser conivente com o pecado? Que acusação leviana! Se eu
tentasse ser justo praticando o bem, estaria reconstruindo aquilo que destruí.
Estaria agindo como um charlatão.
19 Explico o que aconteceu comigo:
tentei guardar regras e me esforçar para agradar Deus, mas isso não funcionou.
Então, desisti de ser um “homem da lei” para me tornar um “homem de Deus”. A
vida de Cristo me mostrou como fazer isso e me deu capacidade de viver assim.
Eu me identifico totalmente com ele. De fato, fui crucificado com Cristo. Meu
ego não ocupa mais o primeiro lugar. Pouco me importa parecer justo ou ter um
bom conceito entre vocês: não estou mais tentando impressionar Deus. Agora
Cristo vive em mim. A vida que vivo não é “minha”, mas é vivida pela fé no
Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. E eu não volto mais
atrás. Não está claro que voltar para a velha religião de guardar regras e
agradar os outros é abandonar a nova vida de relacionamento com Deus? Não posso
desprezar a graça de Deus! Se é possível ter um relacionamento vivo com Deus
apenas guardando regras, Cristo morreu em vão."
Gálatas 3
Paulo apela
para a experiência dos gálatas
"1 Meus queridos gálatas,
vocês ficaram malucos! Alguém os enfeitiçou? Perderam o juízo? Algo muito
estranho aconteceu, pois é óbvio que Jesus crucificado não está mais no centro
da vida de vocês. E vejam que o seu sacrifício na cruz foi apresentado a vocês
com muita clareza.
2 Permitam-me perguntar: Como
começou a nova vida de vocês? Foi resultado do esforço para agradar a Deus? Ou
foi por terem aceitado a Mensagem de Deus? Pretendem continuar com essa
loucura? É preciso perder o juízo para pensar que é possível completar por
esforço próprio aquilo que foi iniciado por Deus. Se vocês não foram capazes o
bastante para começar a obra de Deus, acham que podem aperfeiçoá-la? Será que
tudo o que sofreram foi inútil? Cuidado: Vocês podem perder tudo o que
alcançaram.
5 Respondam-me: Será que Deus, que
os presenteia com sua presença, com seu Espírito Santo, que realizou em vocês o
que jamais conseguiriam fazer por esforço próprio, fez tudo isso por causa do
esforço de vocês ou porque vocês confiaram a ele esse trabalho? O que acontece
com vocês não é diferente do que ocorreu com Abraão. Ele creu em Deus, e esse
ato de fé transformou-se numa vida justificada por Deus.
7 Não é óbvio que quem deposita confiança
em Cristo (mas não na Lei!) é como Abraão, filho da fé? Está previsto nas
Escrituras que Deus justificaria os não judeus pela fé. As Escrituras deixam
isso muito claro na promessa feita a Abraão: “Por seu intermédio todas as
nações serão abençoadas”.
9 Portanto, quem agora vive
pela fé tem a mesma bênção de Abraão, que viveu pela fé. Não se trata de uma
doutrina nova! É antiga e mostra que todos os que tentarem viver a justiça por
esforço próprio, independentemente de Deus, estão destinados ao fracasso. As
Escrituras resumem isso assim: “Maldito aquele que não consegue cumprir tudo
que está escrito no Livro da Lei”.
11 A impossibilidade óbvia de se
cumprir um código moral como esse deixa claro que ninguém pode ter um
relacionamento com Deus nessa base. Só pode ter um relacionamento real com Deus
quem aceita o caminho de Deus, fazer alguma coisa por Deus é o oposto de
deixá-lo fazer por nós. Habacuque disse tudo: “Quem crê em Deus é justificado
por Deus — e essa é a vida real”. A observância das regras jamais chegará à
vida de fé. A pessoa apenas perpetuará o hábito de guardar regras, o que se vê
nas Escrituras: “Aquele que faz estas coisas [observar as regras] continua
vivendo por elas”.
13 Cristo nos redimiu dessa vida
amaldiçoada de derrotas, quando ele mesmo a absorveu. As Escrituras dizem:
“Maldito é aquele que for pendurado num madeiro”. Foi o que aconteceu quando
Cristo foi pregado na cruz: ele se transformou em maldição e ao mesmo tempo deu
fim à maldição. Agora, por causa disso, está tudo resolvido, e vemos que a
bênção de Abraão está disponível para quem não é judeu também. Todos agora
podem receber a vida de Deus, o seu Espírito, que está em nós e conosco quando
cremos — exatamente como Abraão o recebeu.
15 Amigos, permitam-me citar um
fato do cotidiano para ilustrar a vida de liberdade de que estou falando.
Quando o testamento de alguém é ratificado, ninguém pode anulá-lo nem
acrescentar-lhe nada. É o caso das promessas feitas a Abraão e ao seu descendente.
Observem que as Escrituras, na linguagem cuidadosa de um documento legal, não
dizem “aos descendentes”, referindo-se a todos em geral, mas “ao seu
descendente” (a palavra está no singular), referindo-se a Cristo. Quero
explicar esse texto: um testamento, mais tarde ratificado por Deus, não é
anulado por um acréscimo anexado quatrocentos e trinta anos mais tarde. A
promessa contida no testamento não foi negada. O adendo, com suas instruções e
regras, não diz respeito à herança prometida no testamento.
18 Então, qual o objetivo desse
adendo que chamamos “lei”? Foi um acréscimo às promessas originais contidas na
aliança feita com Abraão. O propósito da Lei era preservar um povo pecador na
história da salvação até que Cristo (o “descendente”) viesse, herdando as
promessas e concedendo-as também para nós. Evidentemente, a Lei não foi dada
num encontro direto com Deus, mas foi dada por anjos e por um mediador, Moisés.
Se há um mediador, como havia no Sinai, então o povo não se relaciona
diretamente com Deus, não é mesmo? Mas a promessa original é a bênção direta de
Deus, recebida pela fé.
21 Estaria, então, a Lei contra a
promessa? Seria uma negação da vontade de Deus para nós? Nunca! Seu propósito
foi mostrar que não tínhamos um relacionamento de verdade com Deus, ou seja,
mostrar como é absurdo esperar que um sistema religioso consiga sozinho o que
só é possível, com fé, pelo cumprimento da promessa de Deus. Pois, se
observar regras pudesse trazer vida para nós, nós já a teríamos obtido.
23 A questão é que, enquanto ainda
não havíamos chegado a ponto de responder com fé ao Deus vivo, fomos
devidamente guardados e protegidos pela Lei Mosaica. A Lei era como aqueles
tutores gregos, bem conhecidos de vocês, que conduzem as crianças à escola e as
protegem de perigos ou distrações, certificando-se de que chegarão aonde devem
ir.
25 Mas agora que chegaram ao
destino não precisam mais desse tutor. Pela fé em Cristo, vocês têm agora um
relacionamento direto com Deus. O batismo que receberam em Cristo não foi um simples
banho, mas um novo começo. Vocês também passaram a usar novas roupas: roupas de
adulto na fé — a vida de Cristo, o cumprimento da promessa original de Deus.
28 Na família de Cristo não
pode haver divisões entre judeus e não judeus, escravos e livres, homens e
mulheres. Entre vocês, todos são iguais. Isto é, nós todos estamos em um
relacionamento comum com Jesus Cristo. Agora que são a família de Cristo, vocês
são também os famosos “descendentes” de Abraão, herdeiros de acordo com as
promessas da aliança."
Gálatas 4
A nossa
filiação em Cristo
"1 Permitam-me mostrar a
vocês as implicações disso. Enquanto é menor de idade, o herdeiro não está em
posição melhor que a do escravo. Ainda que legalmente seja dono da herança,
estará submisso a tutores e administradores até a data estabelecida por seu pai
para a emancipação. Assim acontece conosco. Como escravos, dependíamos dos
dominadores deste mundo, sem autoridade sobre a própria vida, pois ainda não
havíamos sido emancipados.
4 Mas, quando chegou o tempo
estabelecido, Deus enviou-nos seu Filho, nascido de uma mulher, sob as
condições da Lei, para redimir os que estavam sob o domínio da Lei. Assim,
fomos libertados para sermos filhos que têm direito à herança. Uma vez que
fomos adotados como filhos, Deus enviou o Espírito do seu Filho ao nosso
coração, o que nos dá o privilégio de chamá-lo: “Papai!”. Essa intimidade com
Deus é para vocês que são filhos, não para escravos. E, como filhos, são também
herdeiros, com pleno acesso à herança.
8 Antes de conhecerem Deus
pessoalmente, vocês eram escravos dos deuses — que nem deuses são! Mas agora
que conhecem o Deus verdadeiro, ou melhor, agora que Deus conhece vocês, como
podem se sujeitar novamente a esses pretensos poderes? É como temer o
bicho-papão! E não é isso que vocês fazem quando observam tradições e
superstições, associados a datas e festas especiais? Será que foi em vão tudo o
que fiz por vocês?
12 Meus queridos, gostaria muito
que se pusessem em meu lugar. Afinal, foi o que eu fiz quando estive com vocês.
Como vocês foram sensíveis e gentis! Em nada me prejudicaram. Quando preguei
para vocês pela primeira vez, estava doente e nem pude prosseguir jornada.
14 Sei que não é fácil receber um
hóspede doente, mas vocês me trataram tão bem como se eu fosse um anjo de Deus
ou como se tivessem recebendo o próprio Jesus! O que aconteceu com toda aquela
alegria? Sei que vocês teriam me dado os próprios olhos, se fosse preciso, tal
era o carinho com que cuidaram de mim! E agora, de uma hora para outra, parece
que virei inimigo de vocês! Foi só por dizer a verdade? Não posso acreditar!
17 Os pregadores de heresias
tentam agradá-los de todo jeito. É pura bajulação! Eles querem acabar com a
liberdade que a graça de Deus dá a vocês. O objetivo deles é fazê-los dependentes
da aprovação e da orientação que pretendem dar. Querem apenas se sentir
importantes.
18 É muito bom que vocês sempre
façam o bem! Mesmo quando não estou por perto. Por que mudar de atitude para
comigo quando estou longe? Querem saber como me sinto agora até que a vida de
Cristo seja uma realidade na vida de vocês? Como mãe em dores de parto! Ah!
Como eu queria estar com vocês! Eu nem falaria nesse tom tão severo, abrindo o
coração.
21 E, vocês que são viciados na
Lei, já deram pelo menos uma olhada no que ela diz? Abraão teve dois filhos: um
da escrava e outro da livre. O filho da escrava nasceu por iniciativa humana; o
filho da livre nasceu pela promessa de Deus. A ilustração é clara: as duas
histórias mostram dois modos de relacionamento com Deus. A primeira fala do
monte Sinai, na Arábia. Representa o que acontece em Jerusalém: uma vida
escrava que produz escravos como descendentes. É o caminho de Hagar. A segunda
fala da Jerusalém invisível, uma Jerusalém livre, nossa mãe. É o caminho de
Sara. Lembrem-se do que Isaías escreveu: Alegre-se, ó estéril, você que nunca
teve um filho! Exulte e cante, você que nunca sofreu as dores do parto! Porque
são mais os filhos da abandonada do que os filhos da mulher casada. Não está
claro, meus queridos, que, como Isaque, vocês são filhos da promessa? Nos
tempos passados, Ismael, o filho nascido por iniciativa humana, perseguiu
Isaque, o filho da promessa, pelo Espírito. Não é o que vemos agora? A
perseguição promovida pelos hereges de Jerusalém segue o modelo antigo! Há um
texto nas Escrituras que nos diz o que fazer: “Expulse a escrava e seu filho,
pois o filho escravo não será herdeiro com o filho livre”. Não somos filhos da
escravidão, mas sim da liberdade que vem do Espírito."
Gálatas 5
Ou a lei ou
Cristo
"1 Cristo nos libertou para
viver uma vida livre. Permaneçam nessa liberdade! Nunca mais aceitem
sujeitar-se a nenhum tipo de escravidão.
2 Quero enfatizar o seguinte: no
momento em que vocês se submetem à circuncisão ou a qualquer outro sistema de
regras, o dom da liberdade que Cristo conquistou com sofrimento acaba
desperdiçado. Repito: quem aceita o sistema da circuncisão troca a maravilhosa
vida de liberdade em Cristo pelas obrigações da vida de escravo da Lei.
4 Creio que o que está acontecendo
não era intenção de vocês. Quem escolhe viver de acordo com seus planos
religiosos tentando ser justo se desliga de Cristo e está fora da graça.
Mas nós vivemos a expectativa de um relacionamento com o Espírito que satisfaz.
Em Cristo, nem nossa religião mais criteriosa nem a indiferença quanto a
obrigações religiosas significam alguma coisa. O que importa é algo mais
íntimo: a fé expressa em amor.
7 Vocês estavam correndo muito
bem! Quem os convenceu a se desviar do caminho da obediência? Por certo não foi
aquele que os convocou para a corrida. Por favor, não pensem que isso é
insignificante. Basta um pouquinho de fermento para levedar uma grande
quantidade de massa de pão. Lá no fundo, o Senhor me deu a certeza de que vocês
não vão desistir. Mas aquele que está perturbando vocês, seja quem for,
enfrentará o juízo divino.
11 Saibam que o boato de que
continuo a pregar a circuncisão (como eu fazia antes de encontrar o Senhor na
estrada de Damasco) é um absurdo. Por que, então, eu ainda seria perseguido? Se
eu pregasse a velha mensagem, ninguém ficaria ofendido. Omitir a cruz diluiria
tanto a mensagem que ninguém se importaria. Quero saber por que esses
agitadores, tão obcecados pela circuncisão, não se circuncidam totalmente?
Poderiam se castrar!
13 Não há dúvida que Deus chamou
vocês para uma vida de liberdade. Mas não usem essa liberdade como desculpa
para fazer o que bem entendem, pois, assim, acabarão destruindo-a. Em vez
disso, usem a liberdade para servir o próximo com amor. É assim que vocês serão
cada vez mais livres, pois o ensino da Palavra de Deus resume-se numa única
frase: ame o próximo como a você mesmo. Isso é que é liberdade. Se vocês vivem
como cão e gato, vão acabar se destruindo. Querem perder a preciosa liberdade?
16 Aqui vai o meu conselho: vivam
nesta liberdade, motivados pelo Espírito de Deus; só assim vencerão seus
impulsos egoístas. Pois há em nós uma raiz de egoísmo que guerreia contra a
liberdade do Espírito! Esta liberdade é incompatível com o egoísmo. São dois
modos de vida opostos: não dá para viver com os dois. Por quê não escolhem o
caminho do Espírito? Só por ele poderão fugir dos impulsos inconstantes de uma
vida dominada pela Lei.
19 Todos conhecem o tipo de vida
de uma pessoa que quer fazer o que bem entende: sexo barato e frequente, mas sem
nenhum amor; vida emocional e mental detonada; busca frenética por felicidade,
sem satisfação; deuses que não passam de peças decorativas; religião de
espetáculo; solidão paranoica; competição selvagem; consumismo insaciável;
temperamento descontrolado; incapacidade de amar e de ser amado; lares e vidas
divididos; coração egoísta e insatisfação constante; costume de desprezar o
próximo, vendo todos como rivais; vícios incontroláveis; tristes paródias de
vida em comunidade. E, se eu fosse continuar, a lista seria enorme. Essa não
é a primeira vez que venho advertir vocês: se usarem a liberdade desse modo,
não herdarão o Reino de Deus.
22 Mas vamos falar da vida com
Deus. O que acontece quando vivemos no caminho de Deus? Deus faz surgir dons em
nós, como frutas que nascem num pomar: afeição pelos outros, uma vida cheia de
exuberância, serenidade, disposição de comemorar a vida, um senso de compaixão
no íntimo e a convicção de que há algo de sagrado em toda a criação e nas
pessoas. Nós nos entregamos de coração a compromissos que importam, sem
precisar forçar a barra, e nos tornamos capazes de organizar e direcionar
sabiamente nossas habilidades.
23 O legalismo não produz nada
disso; apenas atrapalha. Para quem pertence a Cristo, seguir o próprio caminho
e deixar para depois as necessidades dos outros são atitudes que ficaram
cravadas na cruz.
25 Já que a vida do Espírito é o
tipo de vida que escolhemos, convém lembrar que isso não é apenas uma ideia ou
um sentimento no coração. Suas implicações devem ser realidade em cada área da
nossa vida. Isso significa que não devemos ficar fazendo comparações, como se
um fosse melhor que o outro. Temos coisa mais importante a fazer na vida. Ninguém
é melhor do que ninguém. Cada pessoa tem valor singular e inestimável."
Gálatas 6
O auxílio
mútuo e a responsabilidade pessoal
"1 Amigos, vivam com
criatividade. Se alguém cair em pecado, restaurem-no com perdão. Guardem as
críticas. Vocês podem precisar de perdão antes que o dia termine. Ajam com
misericórdia e estendam a mão aos oprimidos. Compartilhem aquilo que pesa a
vocês e cumpram, desse modo, a lei de Cristo. Se pensam que são bons demais
para agir assim, estão muito enganados.
4 Cada um examine com cuidado a si
mesmo e a maneira segundo a qual está cumprindo a missão que recebeu e dedique
atenção total a ela. Não fiquem admirando vocês mesmos nem se comparando com os
outros. Cada um precisa assumir o compromisso de fazer o melhor que puder com
sua vida.
6 Vocês, que já chegaram à
maturidade, sejam generosos com aqueles que os instruíram, compartilhando com
eles tudo o que de bom possuem e experimentam.
7 Não se enganem: ninguém faz Deus
de bobo. Toda pessoa colhe o que plantou. Quem planta egoísmo, ignorando a
necessidade dos outros — e a Deus! —, colherá o mal. O resultado de sua vida
será frutos inúteis. Mas aquele que planta conforme Deus, permitindo que o
Espírito faça a obra de crescimento nele, terá uma colheita de verdadeira vida,
vida eterna.
9 Portanto, não se cansem de fazer
o bem. No tempo certo, teremos uma boa colheita, se não nos desesperarmos nem
desistirmos. Cada vez que tivermos chance, trabalhemos para o benefício de
todos, a começar pelos mais próximos de nós na comunidade de fé. "
11 Nestas linhas finais, chamo
atenção para os traços grossos da minha caligrafia, para ressaltar a
importância do que escrevi. Aqueles que tentam impor a vocês a prática da
circuncisão têm um único objetivo: querem parecer bons sem fazer esforço, pois
não têm coragem de viver a fé que compartilha o sofrimento e a morte de Cristo.
A doutrina deles nada é. Até porque nem eles guardam a Lei! Observam apenas as
leis que interessam aos seus propósitos. Eles querem que vocês sejam
circuncidados para que possam se orgulhar do sucesso em recrutá-los para o lado
deles. Como são desprezíveis!
14 Quanto a mim, não vou me
orgulhar de nada a não ser da cruz do nosso Senhor Jesus Cristo. Por causa
daquela cruz, fui crucificado aos olhos do mundo, libertado da atmosfera
sufocante da necessidade de agradar os outros e me encaixar nos padrões
mesquinhos ditados por eles. Percebem que esta é a questão principal? Não é o
que fazemos, como submeter-se à circuncisão ou rejeitá-la. É o que Deus está
fazendo, e ele está criando algo novo, uma vida livre! Todos os que caminham
por esse padrão são o verdadeiro Israel de Deus, seu povo escolhido. Paz e
misericórdia sejam com eles!
17 Francamente, não quero mais ser
incomodado com essas disputas. Tenho coisas mais importantes para fazer, como
viver a fé com seriedade. Trago em meu corpo as cicatrizes do meu trabalho por
Jesus.
18 Que tudo que nos é concedido
livremente pelo Senhor Jesus Cristo venha a ser de fato de vocês, meus queridos
amigos. Amém!"
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