O Primeiro Livro de Moisés
chamado
Gênesis
Introdução
A palavra Gênesis quer dizer “começo”. Este livro conta como tudo o que existe começou e como surgiram os seres humanos, o pecado e o sofrimento. E conta como Deus, no começo, apareceu às pessoas e mostrou como deveriam viver em justiça diante dele.
O Livro de Gênesis se divide em
duas partes. A primeira, do capítulo 1 ao 11, conta como Deus criou tudo o que
existe, incluindo a raça humana. Encontram-se aqui as histórias de Adão e Eva,
Caim e Abel, Noé e o dilúvio e a torre de Babel.
A segunda parte, do capítulo 12
ao 50, conta a história dos patriarcas hebreus: Abraão, Isaque, Jacó e os seus
doze filhos, que foram o começo das doze tribos de Israel. E o livro termina
com a história de José, um dos filhos de Jacó, que fez com que os seus irmãos e
o seu pai fossem morar no Egito.
No Livro de Gênesis Deus age. Ele
cria o mundo, cuida das pessoas e mostra interesse pelo seu povo. Deus julga e
castiga os ímpios e abençoa os justos.
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os capítulos separados individualmente.
Gênesis 1
A criação dos céus e da terra e de tudo o que neles há
Em primeiro lugar, Deus criou o
céu e a terra — tudo que se vê e tudo que não se vê. A terra era como uma massa
sem forma, um vazio sem fim, uma escuridão quase palpável. O Espirito de Deus pairava
sobre o abismo das águas.
Deus disse: “Luz!”. E a luz apareceu. Deus
viu que a luz era boa e separou a luz da escuridão. E chamou à luz dia; e, à
escuridão, chamou noite. Foi-se a tarde, foi-se a manhã — Primeiro dia.
Deus disse: “Firmamento! Haja separação entre as águas, no meio das
águas!” Deus fez o firmamento. Separou as águas que estavam abaixo do
firmamento das que estavam acima dele. E assim se fez. E deu ao firmamento o
nome céu; foi-se a tarde, foi-se a manhã — Segundo dia.
Deus disse: “Separem-se! Águas debaixo do céu,
juntem-se num só lugar! Apareça o continente!” E assim se fez. E ao
continente Deus chamou “terra”. E chamou “oceano” às águas que haviam se
juntado. Deus viu que tudo aquilo era bom.
Deus disse: “Terra, cubra-se de vegetação! Produza
todo tipo de planta com semente, todo tipo de árvore frutífera”. E assim
se fez. A terra produziu plantas que continham semente, de todo tipo, E árvores
frutíferas de todas as variedades. Deus viu que tudo aquilo era bom.
Foi-se a tarde, foi-se a manhã — Terceiro dia.
E Deus disse: “Astros! Apareçam! Brilhem no
firmamento do céu! Separem o dia da noite. Distingam as estações, os dias e os
anos; Astros no firmamento do céu para iluminar a terra”.
E assim se fez.
Deus fez dois grandes astros: o maior para tomar conta do dia, E o menor para
tomar conta da noite; e fez as estrelas. Deus as distribuiu pelo firmamento
celeste para iluminar a terra, para reger o dia e a noite e para separar a luz
da escuridão.
Deus viu que tudo aquilo era bom.
Foi-se a tarde, foi-se a manhã — Quarto dia.
Deus disse: “Oceano, encha-se de peixes e de toda
espécie de vida marinha! Pássaros, voem pelo firmamento acima da terra!”
Deus criou as enormes baleias, todos os seres vivos que fervilham em grande
quantidade nas águas E todas as espécies de pássaros. Deus viu que tudo aquilo
era bom. E, então, os abençoou: “Cresçam!
Reproduzam-se! Encham os oceanos! Pássaros, reproduzam-se na terra!”
Foi-se a tarde, foi-se a manhã — Quinto dia.
Deus disse: “Terra, produza vida! De todo tipo:
gado, répteis, animais selvagens — de toda espécie”. E assim se fez:
animais selvagens de toda espécie, gado de toda espécie, todo tipo de répteis e
insetos. Deus viu que tudo aquilo era bom.
Deus disse: “Façamos os seres humanos à nossa
imagem, de forma que reflitam a nossa natureza para que sejam responsáveis
pelos peixes no mar, pelos pássaros no ar, pelo gado e, claro, por toda a
terra, por todo animal que se move na terra”. E Deus criou os seres
humanos; criou-os à semelhança de Deus, Refletindo a natureza de Deus. Ele os
criou macho e fêmea, e, então, os abençoou: "Cresçam!
Reproduzam-se! Encham a terra! Assumam o comando! Sejam responsáveis pelos
peixes no mar e pelos pássaros no ar, por todo ser vivo que se move sobre a
terra”.
Depois, Deus disse: “Dei a vocês todo tipo de
planta com semente sobre a terra E todo tipo de árvore frutífera; é para que se
alimentem deles. Para todos os animais e pássaros, tudo que se move sobre a
terra e respira, dou tudo que cresce na terra por alimento”. E assim se
fez.
Deus olhou para todas as coisas que havia feito; tudo era tão bom; tudo era
ótimo. Foi-se a tarde, foi-se a manhã — Sexto dia.
Gênesis 2
A formação do homem
O céu e a terra foram, assim,
concluídos, até os últimos detalhes.
Quando chegou o sétimo dia, Deus havia terminado sua obra. No sétimo dia, ele
descansou de toda a sua obra. Deus abençoou o sétimo dia, fazendo dele um dia
santificado, porque foi o dia em que ele descansou de sua obra, de toda a
criação,
que ele havia feito.
Essa é a história de como tudo começou, do céu e da terra quando foram
criados.
Quando o Eterno fez o céu e a terra, antes mesmo que nascessem plantas ou
arbustos — o Eterno ainda não havia feito chover sobre a terra, e não havia
ninguém para cultivar o solo (toda a terra era irrigada por fontes
subterrâneas) —, o Eterno formou o Homem a partir do pó da terra e soprou em
suas narinas o fôlego da vida. E o Homem passou a ter vida — tornou-se um ser
vivo!
Então, o Eterno plantou um jardim no Éden, no lado leste, e ali pôs o Homem,
que havia acabado de criar. O Eterno fez que nascessem da terra árvores belas e
de todo tipo, que forneciam alimento. E, no meio do jardim, estavam a Árvore da
Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.
Do Éden, corre um rio que irriga o jardim e dali se divide em quatro. O
primeiro chama-se Pisom e corre desde Havilá, lugar em que há ouro, (o ouro
dali é de excelente qualidade). O lugar também é conhecido por causa de uma
resina de cheiro adocicado e das pedras de ônix. O segundo rio chama-se Giom e
corre desde a terra de Cuxe. O terceiro chama-se Tigre e corre pelo leste da
Assíria. O quarto rio é o Eufrates.
O Eterno levou o Homem para o jardim do Éden, para que cultivasse o solo e
mantivesse tudo em ordem.
E o Eterno ordenou ao Homem: “Você tem permissão
para comer de qualquer árvore do jardim, menos da Árvore do Conhecimento do Bem
e do Mal. Dessa, não poderá comer. No mesmo momento em que comer dessa árvore,
você morrerá”.
E o Eterno disse: “Não é bom que o Homem fique
sozinho. Farei alguém que o ajude e faça companhia a ele”. Então, o
Eterno formou do pó da terra todos os animais do campo e todos os pássaros do
céu e levou-os ao Homem para ver que nome ele daria a cada um. Eles seriam
chamados pelo nome escolhido pelo Homem, qualquer que fosse. E o Homem deu nome
ao gado, aos pássaros do céu e aos animais selvagens, mas não encontrou nenhum
ser vivo que pudesse ser sua companheira.
O Eterno fez que o Homem caísse num sono profundo. Enquanto ele dormia, tirou
uma das costelas dele e preencheu o lugar com carne. O Eterno usou a costela
que havia retirado do Homem para formar a Mulher. Então, apresentou-a ao
Homem.
E o Homem disse: “Até que enfim! Osso dos meus ossos, carne da minha carne! Seu
nome será Mulher, pois foi feita do Homem”. Portanto, o homem deve deixar pai e
mãe e unir-se à sua esposa. E os dois se tornarão uma carne. O Homem e a Mulher
estavam nus, mas não sentiam vergonha.
Gênesis 3
A queda do
homem
A serpente era inteligente, mais inteligente
que qualquer outro animal selvagem que o Eterno havia criado. Ela disse à
Mulher: “Será que entendi direito? Deus disse a vocês que não comessem de
árvore alguma do jardim? "
A Mulher respondeu: “Claro que não! Temos permissão para comer das árvores do
jardim. Só com relação à árvore que está no meio do jardim foi que Deus disse:
‘Não comam daquela árvore, nem mesmo toquem nela, senão vocês vão morrer’”.
Então, a serpente disse à Mulher: “Vocês não vão morrer. Deus sabe que, no
momento em que comerem daquela árvore, vocês vão perceber a realidade e serão
como Deus: conhecerão todas as coisas, tanto o bem quanto o mal”.
A Mulher olhou para a árvore e percebeu que o fruto era apetitoso. Pensando na
possibilidade de conhecer todas as coisas, pegou o fruto, comeu e o repartiu
com o marido — ele também comeu.
Na mesma hora, os dois, de fato, perceberam a “realidade”: descobriram que
estavam nus! Então, costuraram umas roupas provisórias, feitas de folhas de
figueira.
Quando escutaram o som do Eterno passeando pelo jardim, na hora da brisa da
tarde, o Homem e a Mulher esconderam-se entre as árvores. Não queriam se
encontrar com o Eterno.
Mas o Eterno chamou o Homem: “Onde você está?”
Ele respondeu: “Eu te ouvi no jardim e fiquei com medo, porque eu estava nu.
Então, me escondi”.
E o Eterno disse: “Quem disse que você está nu?
Você comeu da árvore de que o proibi de comer?”.
O Homem respondeu: “A Mulher, que tu me deste para ser minha companheira, ela
me deu do fruto da árvore, e, sim, acabei comendo”.
Então, o Eterno disse à Mulher: “O que foi que você
fez?”
Ela respondeu: “A serpente me enganou, e acabei comendo”.
Então, o Eterno disse à serpente: “Por ter feito
isso, você será amaldiçoada, mais que o gado e os animais selvagens,
amaldiçoada para rastejar e comer pó a vida toda. Declaro guerra entre você e a
Mulher, entre seu descendente e o descendente dela. Ele ferirá sua cabeça, e
você ferirá o calcanhar dele”.
E ele disse à Mulher: “Multiplicarei suas dores no
parto; você dará à luz seus filhos em meio a dores. Você vai querer agradar a
seu marido, mas ele governará sobre você”.
E disse ao Homem: “Por ter dado ouvidos à Mulher e
comido da árvore de que o proibi de comer: ‘Não coma dessa árvore’, até mesmo a
terra será amaldiçoada por sua causa. Tirar o alimento da terra será tão
sofrido quanto o parto da Mulher; você sofrerá para trabalhar durante toda a
sua vida. A terra produzirá espinhos e mato, e, para você, será penoso
conseguir alimento; você vai plantar, regar e colher, vai suar na lavoura, de manhã
cedo até bem tarde, até que você volte para a terra, morto e enterrado; você
começou como pó e como pó também acabará.
O Homem, conhecido como Adão, deu o nome de Eva à sua esposa, porque ela foi a
mãe de todos os que vivem.
O Eterno fez roupas de couro para que Adão e sua mulher vestissem.
E o Eterno disse: “O Homem tornou-se como um de
nós, capaz de conhecer todas as coisas, tanto o bem quanto o mal. E agora? E se
ele comer do fruto da Árvore da Vida e viver para sempre? Nunca! Isso não pode
acontecer!”
Por isso, o Eterno os expulsou do jardim do Éden e mandou-os trabalhar na
terra, a mesma de que eles haviam sido feitos. Ele os tirou do jardim e deixou
um anjo querubim de guarda no lado leste e uma espada de fogo, se movendo de um
lado para o outro, guardando o caminho que leva à Árvore da Vida.
Gênesis 4
Abel e Caim
Adão deitou-se com sua esposa Eva.
Ela engravidou e teve Caim. E disse: “Tive um homem com a ajuda de Deus!”
Ela teve outro filho, Abel.
Ele era pastor de ovelhas, e Caim era agricultor.
O tempo passou. Caim apresentou ao Eterno uma oferta tirada da sua produção
agrícola. Abel também apresentou uma oferta, mas tirou-a dos primeiros animais
nascidos em seu rebanho, carne de primeira qualidade. O Eterno gostou de Abel e
de sua oferta, mas Caim e a oferta que ele havia trazido não foram aprovados
por Deus. Com isso, Caim ficou indignado e irritado.
Mas o Eterno disse a Caim: “Por que toda essa
indignação? Por que você está irritado? Se você agir de maneira correta, será
aceito. Mas, se não agir direito, o pecado está à sua espera, pronto para
atacá-lo. Está bem perto e pode agarrá-lo, mas você é quem deve dominar o
pecado”.
Caim discutiu com Abel, numa ocasião em que estavam no campo. Caim partiu para
cima do irmão e o matou.
Então, o Eterno disse a Caim: “Onde está seu irmão
Abel?” Caim respondeu: “Como posso saber? Por acaso sou babá do meu
irmão?”
O Eterno disse: “Veja o que você fez! A voz do
sangue do seu irmão está chamando a mim da terra. Daqui por diante, você não
vai tirar nada da terra, a não ser maldição. Você será levado desta terra que
se abriu para receber o sangue do seu irmão assassinado. Você vai cultivar a
terra, mas ela não irá mais produzir como deveria. Você será um sem-teto a
vaguear pela terra”.
Então, Caim disse ao Eterno: “Esse castigo é demais para mim! Não posso
aguentar! Estás me mandando embora desta terra, e nunca mais poderei olhar para
ti. Virei um sem-teto, um andarilho, e quem me encontrar vai me matar”.
E o Eterno disse: “Não. Qualquer um que matar Caim será
punido sete vezes mais”. O Eterno pôs um sinal em Caim para protegê-lo.
Assim, quem o encontrasse não tentaria matá-lo.
Caim retirou-se da presença do Eterno e saiu para o lado leste do Éden, vagando
pelo mundo.
Caim deitou-se com sua esposa. Ela engravidou e teve Enoque. Então, Caim
construiu uma cidade e chamou-a Enoque, em homenagem ao filho. Enoque foi pai
de Irade, Irade foi pai de Meujael, Meujael foi pai de Metusael, Metusael foi
pai de Lameque.
Lameque casou-se com duas mulheres, Ada e Zilá. Ada deu à luz Jabal,
antepassado de todos os que moram em tendas e criam gado. Ele tinha um irmão
chamado Jubal, antepassado de todos os que tocam lira e flauta. Zilá deu à luz
Tubalcaim, que se tornou fabricante de ferramentas de ferro e bronze. A irmã de
Tubalcaim chamava-se Naamá.
Lameque disse às suas esposas: “Ada e Zilá, ouçam-me; vocês duas, esposas de
Lameque, escutem o que vou dizer: Matei um homem que me feriu, um jovem que me
atacou. Se Caim é vingado sete vezes, Lameque será setenta e sete!”.
Adão deitou-se outra vez com sua esposa. Ela teve um filho que se chamou Sete.
Então, disse: “Deus me deu outro filho no lugar de Abel, que Caim matou.
E Sete teve um filho que se chamou Enos. Foi nessa época que as pessoas
começaram a orar e a prestar culto ao Eterno.
Gênesis 5
Descendentes de Adão
"1 Esta é a árvore
genealógica da raça humana.
Deus criou a raça humana à sua semelhança, com natureza semelhante à dEle. Deus
criou macho e fêmea e os abençoou, a raça humana como um todo.
3 Aos 130 anos de idade, Adão teve
um filho semelhante a ele, física e espiritualmente, e deu-lhe o nome de Sete.
Depois do nascimento de Sete, Adão viveu mais oitocentos anos e teve outros
filhos e filhas. Ao todo, ele viveu novecentos e trinta anos e, depois, morreu.
6 Aos 105 anos de idade, Sete teve
Enos.
Depois do nascimento de Enos, Sete viveu mais oitocentos e sete anos e teve
outros filhos e filhas.
Ao todo, ele viveu novecentos e doze anos e, depois, morreu.
9 Aos 90 anos de idade, Enos teve
Cainã.
Depois do nascimento de Cainã, Enos viveu mais oitocentos e quinze anos e teve
outros filhos e filhas. Ao todo, ele viveu novecentos e cinco anos e, depois,
morreu.
12 Aos 70 anos de idade, Cainã
teve Maalaleel. Depois do nascimento de Maalaleel, Cainã viveu mais oitocentos
e quarenta anos e teve outros filhos e filhas. Ao todo, ele viveu novecentos e
dez anos e, depois, morreu.
15 Aos 65 anos de idade, Maalaleel
teve Jarede. Depois do nascimento de Jarede, Maalaleel viveu mais oitocentos e
trinta anos e teve outros filhos e filhas. Ao todo, ele viveu oitocentos e
noventa e cinco anos e, depois, morreu.
18 Aos 162 anos de idade, Jarede
teve Enoque. Depois do nascimento de Enoque, Jarede viveu mais oitocentos anos
e teve outros filhos e filhas. Ao todo, ele viveu novecentos e sessenta e dois
anos e, depois, morreu.
21 Aos 65 anos de idade, Enoque
teve Matusalém. Enoque andava constantemente com Deus. Depois do nascimento de
Matusalém, Enoque viveu mais trezentos anos e teve outros filhos e filhas. Ao
todo, ele viveu trezentos e sessenta e cinco anos.
24 Enoque andava com Deus. Então,
certo dia, ele simplesmente se foi, pois Deus o levou.
25 Aos 187 anos de idade,
Matusalém teve Lameque. Depois do nascimento de Lameque, Matusalém viveu mais
setecentos e oitenta e dois anos. Ao todo, Matusalém viveu novecentos e
sessenta e nove anos e, depois, morreu.
28 Aos 182 anos de idade, Lameque
teve um filho e deu a ele o nome de Noé, dizendo: “Este vai nos dar descanso do
difícil trabalho de cultivar a terra que Deus amaldiçoou”. Depois do nascimento
de Noé, Lameque viveu mais quinhentos e noventa e cinco anos e teve outros
filhos e filhas. Ao todo, Lameque viveu setecentos e setenta e sete anos e,
depois, morreu.
32 Aos 500 anos de idade, Noé teve
Sem, Cam e Jafé."
Gênesis 6
A corrupção do gênero humano
"1 Quando a raça humana
começou a aumentar em número, nasciam cada vez mais filhas, e os filhos de Deus
perceberam que as filhas dos homens eram bonitas. Então, passaram a prestar
atenção nelas e a escolher àquelas mulheres como esposas.
3 O Eterno disse: “Não vou permitir que o fôlego da vida fique para sempre
nos homens e nas mulheres. Chegará uma hora em que terão de morrer. De agora em
diante, a expectativa de vida deles será de cento e vinte anos”.
4 Isso foi no tempo em que havia
gigantes na terra e também depois. Eles nasceram da união dos filhos de Deus
com as filhas dos homens. Eram os homens poderosos das antigas tradições,
homens famosos.
5 O Eterno viu que a maldade
humana estava fora de controle. Desde cedo, de manhã, até a noite, as pessoas
só pensavam no mal e só maquinavam a maldade. O Eterno lamentou ter criado a raça
humana. Estava muito triste e, então, decidiu: “Vou
me livrar dessa minha criação que se corrompeu. Vou dar um fim a tudo: pessoas,
mamíferos, cobras e insetos, aves, tudo que criei. Estou triste por tê-los
criado”.
8 Mas Noé era diferente, e o
Eterno gostou do que viu em Noé.
9 A história de Noé é a seguinte:
Noé era um bom homem, uma pessoa íntegra em sua cidade. Ele andava com Deus e
tinha três filhos: Sem, Cam e Jafé.
11 No que dizia respeito a Deus, a
terra havia se tornado um esgoto, a violência estava por toda parte. Deus
observava tudo e viu que a situação era muito ruim, todos estavam afundados em
corrupção — a própria vida havia se corrompido.
13 Então, Deus disse a Noé: “Chega! É o fim da raça humana. A violência está por toda
parte. Vou dar fim a isso.
14 “Construa
você mesmo um grande barco de madeira. Faça compartimentos nesse barco.
Revista-o com piche por dentro e por fora. Ele deve medir cento e quarenta
metros de comprimento, vinte e cinco de largura e quinze de altura. Faça um
teto para o barco e coloque uma janela a meio metro do teto; ponha uma porta na
lateral e faça três andares: o de baixo, o do meio e o de cima. Eu farei
desabar sobre a terra um dilúvio, que destruirá tudo que tem vida debaixo do
céu. A destruição será total.
18 “Mas
farei uma aliança com você. Entre no barco com seus filhos, esposa e as esposas
de seus filhos. Você também deve fazer entrar no barco um casal de cada
criatura viva, para preservar a vida deles também: dois de cada espécie de
aves, de mamíferos e de répteis; dois de cada para preservar a vida deles com a
sua. Além disso, reúna todo alimento que for necessário e armazene-o para você
e para eles”.
22 Noé fez tudo conforme Deus
ordenou."
Gênesis 7
Noé e sua família entram na arca
"1 Depois dessas coisas, Deus disse a Noé: “Agora, entre no barco com toda sua família; você é a
única pessoa justa no meio desta geração.
2 “Leve
para dentro do barco junto com você sete casais de cada animal puro, macho e
fêmea; um casal de cada animal impuro, macho e fêmea; sete casais de cada tipo
de ave, macho e fêmea, para que a sobrevivência deles sobre a terra esteja
assegurada. Dentro de sete dias, derramarei chuva sobre a terra durante
quarenta dias e quarenta noites. Vou dar um fim a todas as coisas que criei”.
5 Noé fez tudo conforme Deus
ordenou.
6 Noé estava com 600 anos de idade
quando as águas do dilúvio cobriram a terra. Ele e sua esposa, os filhos e a
esposa de cada um entraram no barco para escapar do dilúvio. Animais puros e
impuros, aves e criaturas que rastejam foram de dois em dois até Noé e o barco,
macho e fêmea, exatamente como Deus havia ordenado a Noé. Sete dias depois, as
águas do dilúvio chegaram.
11 Isso aconteceu no ano
seiscentos da vida de Noé, no dia dezessete do segundo mês: as fontes
subterrâneas irromperam e todas as janelas do céu se escancararam. E a chuva
caiu durante quarenta dias e quarenta noites.
13 Foi nesse dia que Noé, sua
esposa e seus filhos Sem, Cam e Jafé, cada um com sua esposa, entraram no
barco. Com eles, entraram todos os tipos de animais selvagens e domésticos,
todos os tipos de criaturas que rastejam e todas as espécies de aves e tudo que
voa. Eles se dirigiram de dois em dois até Noé e o barco, todos os que tinham o
fôlego da vida, macho e fêmea de cada criatura, exatamente como Deus havia
ordenado a Noé. Então, o Eterno fechou a porta.
17 O dilúvio não cessou durante
quarenta dias, e as águas subiram e elevaram o barco bem acima da terra. As
águas continuaram subindo, aumentaram muito acima do solo, mas o barco
flutuava. O dilúvio avolumou-se até todas as montanhas ficarem cobertas pela
água. A inundação atingiu a marca de quase sete metros acima do topo das
montanhas. Tudo morreu. Tudo que se movia estava morto. Aves, animais
domésticos, animais selvagens, todas as numerosas e exuberantes formas de vida
morreram. Todos os seres vivos morreram, todas as criaturas que viviam em terra
seca. Tudo foi exterminado: pessoas e animais, criaturas que rastejavam e que
voavam, sem exceção. Apenas Noé e os que estavam no barco continuaram vivos.
24 As águas do dilúvio
permaneceram por cento e cinquenta dias."
Gênesis 8
Diminuem as águas do dilúvio
"1
Então, Deus voltou a olhar para Noé e para todos os animais, selvagens e
domésticos, que estavam com ele no barco. E Deus mandou um vento que começou a
baixar as águas do dilúvio. As fontes subterrâneas e as janelas do céu se
fecharam, e parou de chover. Então, pouco a pouco, as águas começaram a baixar.
Depois de cento e cinquenta dias, o pior já havia passado.
4
No dia dezessete do sétimo mês, o barco desceu sobre a cordilheira do Ararate.
As águas continuaram a baixar até o décimo mês. No primeiro dia do décimo mês,
os picos das montanhas começaram a aparecer. Depois de quarenta dias, Noé abriu
a janela que havia posto no barco.
7
Ele soltou um corvo, mas a ave ficou indo e voltando esperando que as águas do
dilúvio secassem. Depois, ele soltou uma pomba para verificar as condições do
dilúvio. Ela também não encontrou lugar para pousar, porque as águas ainda
cobriam a terra. Noé estendeu a mão e recolheu a ave para o barco.
10
Ele esperou mais sete dias e soltou de novo a pomba. Ela voltou ao entardecer,
mas trazia no bico uma folha nova de oliveira. Noé entendeu que o dilúvio
estava chegando ao fim.
12
Ele esperou mais sete dias e soltou a pomba pela terceira vez. Mas, dessa vez,
ela não retornou.
13
No ano seiscentos e um da vida de Noé, no primeiro dia do primeiro mês, as
águas do dilúvio haviam secado em definitivo. Noé abriu o teto do barco e pôde
ver a terra seca. No dia vinte e sete do segundo mês, a terra estava
completamente seca.
15
E Deus disse a Noé: “Saiam
do barco, você, sua esposa, seus filhos e a esposa de cada um deles. E leve
junto com você todos os animais que estavam em cativeiro, aves, mamíferos e
criaturas que rastejam, toda aquela riqueza de vida, de modo que possam
reproduzir-se na terra”.
18
Noé desembarcou com seus filhos, com sua esposa e com a esposa de cada um dos
filhos. Depois deles, todos os animais, criaturas que rastejam, aves, todos os
seres vivos da face da terra, saíram do barco, família por família.
20
Então, Noé edificou um altar para o Eterno. Ele escolheu animais e aves puros
de cada espécie e os apresentou como ofertas queimadas sobre o altar. O Eterno
sentiu o doce aroma e disse consigo mesmo: “Nunca mais amaldiçoarei a terra por causa do ser humano. Sei
que, há muito tempo, eles têm essa inclinação para o mal, mesmo assim, nunca
mais vou exterminar os seres vivos como acabei de fazer.
22
“Pois, enquanto durar a terra, semeadura e colheita,
frio e calor, verão e inverno, dia e noite nunca deixarão de existir”."
Gênesis 9
A aliança de Deus com Noé
"1
Então, Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo: “Prosperem! Reproduzam-se! Encham a terra! Todos os
seres vivos — aves, animais, peixes — se submeterão á vocês e terão medo de
vocês. Vocês são responsáveis por eles. Todos os seres vivos servirão de
alimento para vocês. Assim como providenciei as plantas como alimento, agora
libero o restante para vocês. A exceção será a carne com o sangue ainda
presente nela: não a comam.
5
“Mas vingarei o sangue de vocês — contra os animais e
contra outros seres humanos.
6
“Qualquer pessoa que derramar sangue humano terá seu
sangue derramado pelas mãos de seres humanos, pois Eu o Eterno fiz os seres
humanos conforme a minha imagem, refletindo minha natureza. Vocês estão aqui
para dar fruto, reproduzir-se, disseminar a vida pela terra, para viver
plenamente!”.
8
Então, Deus falou a Noé e seus filhos: “Faço agora uma aliança com vocês, que abrange os filhos que
virão depois de vocês e tudo que tem vida — aves, animais domésticos, animais
selvagens, enfim, todos os que saíram do barco com vocês.
Faço minha aliança com vocês: nunca mais outro ser vivo será destruído pelas
águas do dilúvio.
Eu prometo: Nunca mais um dilúvio destruirá a terra”.
12
Deus continuou: “Este
é o sinal da aliança que estou fazendo com vocês e que abrange todos os seres
vivos que vivem com vocês hoje e os que viverão depois. Estou pondo o meu
arco-celeste nas nuvens, um sinal da aliança entre mim e a terra.
De agora em diante, sempre que eu puser uma nuvem acima da terra e o
arco-celeste aparecer nela, vou me lembrar da minha aliança com vocês e com
todos os seres vivos: nunca mais as águas do dilúvio destruirão algo que tenha
vida.
Quando o arco-celeste aparecer nas nuvens, eu o verei e me lembrarei da minha
aliança eterna com tudo que tem vida, com todos os seres vivos sobre a terra”.
16
Deus disse também: “Esse
é o sinal da aliança que estou estabelecendo entre mim e tudo que tem vida
sobre a terra”.
Os filhos de Noé que saíram do barco foram Sem, Cam e Jafé. Cam foi pai de
Canaã. Eram esses os três filhos de Noé. Desses três, toda a terra foi
repovoada.
20
Noé era agricultor e foi o primeiro a plantar uma vinha. Ele bebeu do seu
vinho, embebedou-se e ficou nu em sua tenda. Cam, pai de Canaã, viu que seu pai
estava nu e contou a seus dois irmãos, que estavam do lado de fora da tenda.
Sem e Jafé pegaram uma capa, cada um segurando por uma ponta à altura dos
ombros, e, andando de trás para a frente, cobriram a nudez do pai, cada um
mantendo o rosto virado, para não ver o pai com o corpo descoberto.
24
Ao acordar, já com os sintomas da ressaca, Noé ficou sabendo o que seu filho
caçula tinha feito.
Então, disse: “Maldito seja Canaã, escravo de escravos, escravo de seus irmãos!
Bendito seja o Eterno, o Deus de Sem, mas Canaã será seu escravo. Deus faça
Jafé prosperar, que ele viva em grandes extensões de terra nas tendas de Sem.
Mas Canaã será seu escravo”.
28
Noé ainda viveu trezentos e cinquenta anos depois do dilúvio. Ao todo, viveu
Noé novecentos e cinquenta anos e, depois, morreu."
Gênesis 10
Descendentes dos filhos de Noé
"1
Essa é a descendência de Noé: Sem, Cam e Jafé. Passado o dilúvio, eles tiveram
filhos.
2
Os filhos de Jafé: Gômer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tirás.
3
Os filhos de Gômer: Asquenaz, Rifate e Togarma.
4
Os filhos de Javã: Elisá, Társis, Quitim e Rodanim. Foram deles que saíram os
povos que trabalham no mar, cada um em seu lugar e segundo sua família, cada um
com idioma próprio. Os filhos de Cam: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.
7
Os filhos de Cuxe: Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá. Os filhos de Raamá:
Sabá e Dedã.
8
Cuxe também foi pai de Ninrode, o primeiro grande guerreiro na terra. Ele foi
um exímio caçador diante do Eterno. Havia até um ditado: “Assim como Ninrode,
exímio caçador diante do Eterno”. Seu reino começou com Babel; depois, Ereque,
Acade e Calné, na terra de Sinear. Dali, ele subiu para a Assíria e construiu
Nínive, Reobote-Ir, Calá e Resém, que fica entre Nínive e a grande cidade de
Calá.
13
Mizraim foi antepassado dos luditas, dos anamitas, dos leabitas, dos naftuítas,
dos patrusitas, dos casluítas (dos quais saíram os filisteus) e dos caftoritas.
15
Canaã teve seu primeiro filho, chamado Sidom; depois, Hete, e também teve como
descendentes os jebuseus, os amorreus, os girgaseus, os heveus, os arqueus, os
sineus, os arvadeus, os zemareus e os hamateus. Tempos depois, os cananeus
saíram de Sidom e se espalharam em direção a Gerar, chegando até Gaza, no sul,
e, em seguida, na direção ao leste, até Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim,
chegando a Lasa.
20
Esses são os descendentes de Cam, segundo suas famílias, suas línguas, seus
territórios e suas nações.
21
Sem, irmão mais velho de Jafé, também teve filhos. Sem foi antepassado de todos
os filhos de Héber.
22
Os filhos de Sem: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã.
23
Os filhos de Arã: Uz, Hul, Géter e Meseque.
24
Arfaxade foi pai de Selá, que, por sua vez, foi pai de Héber. Héber teve dois
filhos: Pelegue (chamado assim porque foi nos dias dele que a raça humana se
dividiu) e Joctã.
26
Joctã foi pai de Almodá, Salefe, Hazarmavé, Jerá, Adorão, Uzal, Dida, Obal,
Abimael, Sabá, Ofir, Havilá e Jobabe; todos esses foram filhos de Joctã. O
território deles vai de Messa até Sefar, nas cadeias de montanhas ao leste.
31
Esses são os descendentes de Sem, segundo suas famílias, suas línguas, seus
territórios e suas nações.
32
Essa é a árvore genealógica dos filhos de Noé ao constituírem nações. Começando
por eles, essas nações se multiplicaram pela terra depois do dilúvio."
Gênesis 11
A torre de Babel
"1
Houve uma época em que toda a terra falava a mesma língua. E aconteceu que o
povo se mudou do Oriente e chegou a uma planície na terra de Sinear. Eles se
fixaram ali.
3
Então, disseram uns aos outros: “Vamos fabricar tijolos e queimá-los bem” —
eles usavam tijolos no lugar das pedras e piche no lugar da argamassa.
4
Disseram também: “Vamos construir uma cidade e uma torre que chegue ao céu.
Vamos nos tornar famosos!
Assim, não seremos espalhados pela terra”.
5
O Eterno desceu para olhar a cidade e a torre que eles estavam construindo.
6
Ele analisou a situação e disse:
“Um só povo, uma só língua, pois bem, isso é só o
começo.
Imaginem o que vão inventar depois! Vamos descer e causar uma confusão de
palavras, de modo que um não consiga entender o outro”.
Então, o Eterno os dispersou dali pelo mundo inteiro, e eles tiveram de
interromper a construção da cidade.
É por isso que ela ficou conhecida como Babel, porque foi ali que o Eterno
transformou a língua do povo numa confusão de palavras e, dali os dispersou
pelo mundo inteiro.
10
Esta é a história de Sem.
Aos 100 anos de idade, ele gerou Arfaxade.
Isso aconteceu dois anos depois do dilúvio.
Após o nascimento de Arfaxade, ele viveu mais quinhentos anos e teve outros
filhos e filhas.
12
Aos 35 anos de idade, Arfaxade gerou Salá. Após o nascimento de Salá, ele viveu
mais quatrocentos e três anos e teve outros filhos e filhas.
14
Aos 30 anos de idade, Salá gerou Héber. Após o nascimento de Héber, ele viveu
mais quatrocentos e três anos e teve outros filhos e filhas.
16
Aos 34 anos de idade, Héber gerou Pelegue. Após o nascimento de Pelegue, ele
viveu mais quatrocentos e trinta anos e teve outros filhos e filhas.
18
Aos 30 anos de idade, Pelegue gerou Reú. Após o nascimento de Reú, ele viveu
mais duzentos e nove anos e teve outros filhos e filhas.
20
Aos 32 anos de idade, Reú gerou Serugue. Após o nascimento de Serugue, ele
viveu mais duzentos e sete anos e teve outros filhos e filhas.
22
Aos 30 anos de idade, Serugue gerou Naor. Após o nascimento de Naor, ele viveu
mais duzentos anos e teve outros filhos e filhas.
24
Aos 29 anos de idade, Naor gerou Terá.
Após o nascimento de Terá, ele viveu mais cento e dezenove anos e teve outros
filhos e filhas.
26
Aos 70 anos de idade, Terá havia gerado Abrão, Naor e Harã.
27
Essa é a história de Terá. Ele gerou Abrão, Naor e Harã.
Harã gerou Ló e morreu antes de seu pai, Terá, no território de sua família, Ur
dos caldeus.
29
Tanto Abrão quanto Naor eram casados.
A mulher de Abrão era Sarai, e a mulher de Naor era Milca, filha do seu irmão
Harã.
Ele teve duas filhas: Milca e Iscá.
Sarai era estéril, não podia ter filhos.
31
Terá, com seu filho Abrão, seu neto Ló (filho de Harã) e Sarai, sua nora
(mulher do seu filho Abrão), saiu de Ur dos caldeus em direção à terra de
Canaã. Mas, ao chegar a Harã, fixaram-se ali.
32
Terá viveu duzentos e cinco anos e morreu em Harã."
Gênesis 12
Deus chama Abrão e lhe faz promessas
"1
O Eterno disse a Abrão: “Deixe
sua terra, sua família e a casa de seu pai e vá para uma terra que eu mostrarei
a você.
2
“Farei de você uma grande nação e o abençoarei.
Tornarei você famoso; você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem e
amaldiçoarei os que o amaldiçoarem. Todas as famílias da terra serão abençoadas
por seu intermédio”.
4
Abrão partiu dali, como o Eterno havia ordenado, e Ló foi com ele. Abrão tinha
75 anos de idade quando saiu de Harã.
Ele levou consigo sua mulher, Sarai, seu sobrinho Ló e todos os bens e pessoas
que havia adquirido em Harã.
Tomaram o rumo de Canaã e chegaram àquela terra sãos e salvos. Abrão atravessou
o território até Siquém, onde estava o carvalho de Moré. Na época, os cananeus
ocupavam a região.
7
O Eterno apareceu a Abrão e disse: “Darei esta terra a seus filhos”. Então, Abrão edificou um altar no local em
que o Eterno havia aparecido.
8
Dali, ele seguiu para a região montanhosa a leste de Betel e armou sua tenda
entre Betel, a oeste, e Ai, a leste.
Ali, ele construiu um altar e orou ao Eterno.
9
Abrão continuou seu caminho, seguindo com determinação para o Neguebe, ao sul.
10
Então, aquela região foi assolada por um período de fome. Para sobreviver,
Abrão teve de mudar-se para o Egito, porque a fome era devastadora.
Aproximando-se do Egito, ele disse a sua mulher, Sarai: “Olhe, nós dois sabemos
que você é bonita. Quando os egípcios virem você, vão dizer: ‘Ah, então, essa é
a mulher dele!’ E vão me matar. Mas deixarão você viver.
Faça-me um favor: diga a eles que você é minha irmã.
Por sua causa, eles irão me receber bem e me deixarão viver”.
14
Quando Abrão chegou ao Egito, os egípcios logo perceberam que a mulher dele era
linda.
Os membros da corte elogiaram Sarai diante do faraó.
Em consequência disso, ela foi levada para viver com ele.
16
Por causa dela, Abrão deu-se muito bem: adquiriu ovelhas, gado, jumentos e
jumentas, servos e servas e camelos em grande quantidade.
Mas o Eterno puniu com muito rigor o faraó, por causa de Sarai, mulher de
Abrão. Todos, no palácio, ficaram gravemente doentes.
18
Então, o faraó mandou chamar Abrão:
“Que é isso que você me fez? Por que não me disse que ela é sua mulher? Por que
você disse: ‘Ela é minha irmã’, deixando que eu a tomasse como minha mulher?
Aqui está ela de volta: pegue-a e suma daqui!”.
20
O faraó deu ordens a seus subordinados para que fizessem Abrão sair do país.
Abrão foi mandado embora com sua mulher e com tudo que possuía."
Gênesis 13
Abrão e Ló separam-se
"1
Abrão saiu do Egito e voltou para o Neguebe; ele, sua mulher e tudo que
possuía. Ló também estava com ele.
A essa altura, Abrão já era muito rico, sendo proprietário de muito gado, prata
e ouro.
3
Ele saiu do Neguebe e foi acampando pelo caminho até chegar a Betel, o mesmo
lugar em que havia armado sua tenda, entre Betel e Ai, e edificou seu primeiro
altar.
E, ali, Abrão orou ao Eterno.
5
Ló, que acompanhava Abrão nas viagens, também estava rico. Possuía ovelhas,
gado e tendas. Assim, aquela terra ficou pequena para os dois, porque eram
muitos bens. Logo, começaram a ocorrer brigas entre os pastores de Abrão e os
pastores de Ló; eles perceberam que já não tinham condições de viver juntos
ali. Na época, os cananeus e os ferezeus viviam na mesma terra.
8
Abrão disse a Ló: “Não deve haver brigas entre nós, entre seus pastores e meus
pastores. Afinal, somos parentes. Olhe em volta deste lugar. Há muita terra
aqui! Vamos nos separar.
Se você for para a esquerda, eu vou para a direita; se você for para a direita,
eu vou para a esquerda”.
10
Ló estudou a região, e viu toda a planície do Jordão, que era muito bem
irrigada (isso foi antes de o Eterno destruir Sodoma e Gomorra). Parecia até o
jardim do Eterno, ou o Egito, e a terra. se estendia até Zoar. Ló ficou com
toda a planície do Jordão e partiu na direção leste.
11
Foi assim que tio e sobrinho se separaram. Abrão fixou-se em Canaã. Ló
estabeleceu-se nas cidades da planície e armou sua tenda perto de Sodoma.
13
O povo de Sodoma era mau, gente que pecava abertamente contra o Eterno.
Depois que Ló se separou do tio, o Eterno disse a Abrão:
“Olhe para o norte, sul, leste e oeste. Tudo que você
está vendo, toda a terra que se estende diante dos seus olhos eu darei para
sempre a você e a seus filhos.
Farei que seus descendentes sejam como o pó, tanto que contá-los será
impossível: será como contar o pó da terra.
Por isso, levante-se e ponha-se a caminho! Ande por essa terra, de uma
extremidade a outra. Estou dando tudo a você”.
14
Abrão desmontou sua tenda. Ele partiu dali e se estabeleceu perto dos carvalhos
de Manre, em Hebrom, onde edificou um altar para o Eterno."
Gênesis 14
Guerra de quatro reis contra cinco
"1
Após esses fatos, Anrafel, rei de Sinear, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer,
rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, declararam guerra contra Bera, rei de
Sodoma, contra Birsa, rei de Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra
Semeber, rei de Zeboim, e contra o rei de Belá, que é o outro nome de Zoar,
3
O segundo grupo de reis, os que sofreram o ataque, reuniram-se no vale de
Sidim, isto é, o mar Salgado. Eles se submeteram ao domínio de Quedorlaomer
durante doze anos, mas, no décimo terceiro ano, se rebelaram.
5
No décimo quarto ano, Quedorlaomer e os reis que eram seus aliados avançaram e
derrotaram os refains, em Asterote-Carnaim, os zuzins, em Hã, os emins, em
Savé-Quiriataim, e os horeus, desde a região montanhosa de Seir até El-Parã,
nos últimos limites do deserto. No caminho de volta, pararam em En-Mispate, que
é Cades, e conquistaram toda a região dos amalequitas e dos amorreus que viviam
em Hazazom-Tamar.
8
Foi, então, que o rei de Sodoma, com o apoio dos reis de Gomorra, Admá, Zeboim
e Belá, que é Zoar, entrou na guerra. Eles se alinharam para combater os
inimigos no vale de Sidim, contra Quedorlaomer, rei de Elão, Tidal, rei de
Goim, Anrafel, rei de Sinear, e Arioque, rei de Elasar — quatro reis contra
cinco.
10
O vale de Sidim era pontilhado com poços de piche. Na fuga, os reis de Sodoma e
de Gomorra caíram nos poços de piche, mas os outros escaparam e foram para as
montanhas. Os quatro reis se apoderaram de todos os bens que havia em Sodoma e
Gomorra, todo alimento e todas as ferramentas, e seguiram seu caminho. Nessa
investida, capturaram Ló, sobrinho de Abrão, que morava em Sodoma na época.
Eles levaram tudo que ele possuía.
13
Um habitante da cidade conseguiu fugir e foi dar a notícia a Abrão, o hebreu.
Abrão estava vivendo perto dos carvalhos de Manre, o amorreu, irmão de Escol e
Aner.
Eles eram aliados de Abrão. Quando ele ficou sabendo que seu sobrinho havia
sido levado prisioneiro, convocou seus empregados, todos os que haviam nascido
na casa dele. Eram trezentos e dezoito homens, que saíram em perseguição aos
captores, no caminho para Dã. Abrão e seus homens dividiram-se em pequenos
grupos e atacaram durante a noite. Eles perseguiram os inimigos até Hobá, logo
ao norte de Damasco, e recuperaram tudo que havia sido levado, entre eles, Ló e
seus bens, as mulheres e o restante dos prisioneiros.
17
Depois que Abrão voltou da batalha em que derrotou Quedorlaomer e seus aliados,
o rei de Sodoma saiu para cumprimentá-lo no vale de Savé, que é o vale do Rei.
Melquisedeque, rei de Salém, era sacerdote do Deus Altíssimo. Ele trouxe pão e
vinho e abençoou Abrão: “Abençoado seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador do
céu e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou em suas mãos os
seus inimigos”. Abrão deu a Melquisedeque a décima parte de tudo que havia
recuperado.
21
O rei de Sodoma disse a Abrão: “Devolva-me as pessoas, mas pode ficar com o
restante do espólio”.
22
Mas Abrão respondeu ao rei de Sodoma: “Faço um juramento solene diante do
Eterno, o Deus Altíssimo, Criador do céu e da terra: não levarei nada do que
pertence a você, nem mesmo um fio de linha ou um cadarço. Não quero que você
fique por aí, dizendo: ‘Enriqueci Abrão’. Não quero nada além daquilo que meus
empregados comeram e a parte que cabe aos homens que me acompanharam, Aner,
Escol e Manre. Eles devem receber a parte deles”."
Gênesis 15
Deus anima a Abrão e lhe promete um filho
"1
Depois desses acontecimentos, Abrão recebeu a seguinte mensagem de Deus,
durante uma visão: ‘Abrão,
você não precisa ter medo. Eu sou seu escudo. Sua recompensa será muito grande!”.
2
Abrão respondeu: “Eterno e Soberano, de que me servem tuas dádivas se não tenho
filhos, se Eliézer de Damasco vai ficar com toda a minha herança?”. Abrão
prosseguiu: “Tu não me deste filhos, e agora um simples empregado vai ficar com
tudo”.
4
Então, veio a seguinte mensagem do Eterno: “Não se preocupe, porque ele não será seu herdeiro.
Um filho com seu sangue é que será seu herdeiro”.
5
Então, o Eterno levou Abrão para fora da tenda e disse: “Olhe para o céu e conte as estrelas. Você consegue
fazer isso? Imagine que assim serão seus descendentes! Abrão, sua família será
muito grande!”.
6
E Abrão acreditou! Acreditou no Eterno. E Deus o declarou “Justificado diante
de Deus”.
7
O Eterno prosseguiu: “Eu
sou o mesmo Eterno que o trouxe de Ur dos caldeus e deu a você esta terra para
que a possuísse”.
8
E Abrão disse: “Eterno Soberano, como vou saber que tudo isto será meu?”.
9
E o Eterno respondeu: “Traga-me
um novilho, uma cabra e um carneiro, todos com 3 anos de idade, uma rolinha e
uma pombinha”.
10
Abrão trouxe os animais à presença do Eterno, cortou-os ao meio e pôs as
metades uma de frente para a outra. Mas as aves ele não cortou. Então, os
urubus começaram a pousar sobre as carcaças, mas Abrão os enxotava. Quando o
Sol se pôs, Abrão caiu num sono profundo, e uma sensação de terror se apoderou
dele, porque a escuridão era muito densa.
13
O Eterno disse a Abrão: “Saiba
que seus descendentes vão viver como estrangeiros numa terra que não é deles.
Eles serão escravizados e oprimidos durante quatrocentos anos. Depois disso,
punirei os senhores deles, e aquela geração sairá de lá carregada de bens. Mas
você não. Você terá uma vida longa e plena e morrerá em paz. Seus descendentes
não voltarão para cá antes da quarta geração, porque o pecado entre os amorreus
ainda não excedeu o limite”.
17
Depois que o Sol se pôs e veio a escuridão, um fogareiro fumegante e uma tocha
acesa passavam entre as carcaças que haviam sido cortadas.
Foi nesse cenário que o Eterno firmou uma aliança com Abrão: “Dou esta terra a seus filhos, desde o rio Nilo, no Egito,
até o rio Eufrates, na Assíria, território dos queneus, dos quenezeus, dos
cadmoneus, dos hititas, dos ferezeus, dos refains, dos amorreus, dos cananeus,
dos girgaseus e dos jebuseus”."
Gênesis 16
Sarai e Agar
"1
Sarai, esposa de Abrão, ainda não tinha filhos. Mas uma escrava egípcia chamada
Hagar era propriedade dela.
E Sarai disse a Abrão: “O Eterno achou por bem não me dar filhos. Então,
deite-se com esta minha escrava. Talvez eu possa constituir família por meio
dela”.
Abrão concordou com a proposta de Sarai.
3
Assim, Sarai, mulher de Abrão, entregou Hagar, sua escrava egípcia, a seu
marido, Abrão. Quando esse fato aconteceu, já fazia dez anos que Abrão morava
em Canaã.
Ele se deitou com Hagar, e ela engravidou. Quando Hagar soube que estava
grávida, começou a fazer pouco caso de sua senhora.
5
Sarai reclamou com Abrão: “Estou passando por esta humilhação, e a culpa é sua!
Entreguei minha escrava a você, e, na mesma hora em que ela soube que estava
grávida, passou a me tratar como se eu fosse nada.
Que o Eterno decida qual de nós duas está com a razão”.
6
Abrão respondeu: “Decida você mesma, pois sua escrava é assunto seu”. Sarai
começou a maltratar a escrava que, por causa disso, acabou fugindo.
7
Mas um anjo do Eterno encontrou Hagar junto a uma fonte no deserto. Era a fonte
que está no caminho para Sur. E ele disse: “Hagar, escrava de Sarai, o que você está fazendo aqui?”. Ela respondeu: “Estou fugindo
de Sarai, minha senhora”.
9
Mas o anjo do Eterno disse: “Volte
para a sua senhora, ainda que ela maltrate você”. Ele continuou: “O Eterno vai dar a você uma família numerosa, tantos
descendentes que não será possível contá-los. “Você está grávida de um menino.
Dê a ele o nome de Ismael, pois o Eterno ouviu você e respondeu. Ele escoiceará
como um cavalo bravo, porque será um guerreiro: combaterá e será combatido, sempre
criando problemas, sempre em conflito com a família”.
13
Hagar atendeu à orientação do Eterno, chamando-o pelo nome, orando ao Deus que
havia se comunicado com ela: “Tu és o Deus que me vê! “Sim! Ele me viu, e eu
também o vi!”.
14
Por isso, aquela fonte no deserto passou a ser chamada:
O Deus Vivo me Vê.
Essa fonte ainda existe: fica entre Cades e Berede.
15
Hagar deu um filho a Abrão, que o chamou Ismael. Abrão tinha 86 anos de idade
quando Hagar deu à luz Ismael."
Gênesis 17
Deus muda o nome de Abrão
"1
Quando Abrão tinha 99 anos de idade, o Eterno apareceu a ele e disse: “Eu sou o Deus Forte! Viva com integridade diante de
mim. Faça todo o esforço possível para se manter assim! Vamos fazer uma
aliança, e darei a você uma família enorme”.
3
Abalado, Abrão lançou-se ao solo, com o rosto em terra. E Deus declarou: “Minha aliança com você será esta: Você será o pai de
muitas nações. Seu nome não será mais Abrão, e sim Abraão, para ressaltar a
ideia de que ‘farei de você o pai de muitas nações’. Farei de você o pai de
muitos pais. De você, sairão nações, reis virão de você. Estou estabelecendo
minha aliança entre mim e você, uma aliança que inclui seus descendentes. Será
uma aliança contínua, e, por causa dela, me comprometo a ser o seu Deus e o
Deus de seus descendentes. Estou dando a você e a seus descendentes esta terra,
na qual vocês estão acampados agora, toda a terra de Canaã. Ela pertencerá a
sua família para sempre, e eu serei o Deus deles”.
9
Deus disse também a Abraão: “E
agora esta é a sua parte: Você irá honrar a minha aliança, você e seus
descendentes, uma geração após a outra. Esta é a aliança que você deverá
honrar, uma aliança que inclui todos os seus descendentes: todos do sexo
masculino deverão passar pela circuncisão. Faça isso, cortando e removendo a
dobra da pele que recobre a cabeça do pênis; esse será o sinal da aliança entre
nós. Todo menino será circuncidado com oito dias de idade, geração após
geração. Os escravos nascidos em casa e os que tiverem sido comprados de outros
que não são parentes também estão incluídos.
Não se esqueçam de circuncidar tanto seus filhos quanto qualquer outro que
tenha vindo de fora. Dessa forma, a minha aliança estará gravada no corpo de
vocês, um sinal definitivo da minha aliança definitiva. E, se algum ser humano
do sexo masculino não tiver sido circuncidado, isto é, não tiver a dobra da
pele que recobre a cabeça do pênis cortada; então, ele será cortado do seu
povo, pois violou a minha aliança”.
15
E Deus continuou falando com Abraão: “Quanto a Sarai, sua esposa, não a chame mais de Sarai. Comece a
chamá-la de Sara.
E eu a abençoarei. Isso mesmo!
Darei um filho a você por meio dela! Ah! Como vou abençoá-la! Dela sairão
nações e reis de nações”.
17
Abraão lançou-se ao chão, com o rosto em terra. Mas também riu, pensando: “Como
um homem com 100 anos de idade vai ter um filho? E Sara? Conseguirá ter um bebê
aos 90 anos de idade?”.
18
Recompondo-se, Abraão disse a Deus: “Ah! Faça que Ismael viva bem e com saúde
diante de ti!”.
19
Mas Deus retrucou: “Não
foi isso que eu quis dizer. Sua esposa, Sara, terá um bebê, um menino. Chame-o
Isaque (Riso). Vou fazer uma aliança com ele e com seus descendentes, uma
aliança que não terá fim”.
20
“Quanto a Ismael? Sim, ouvi você orar por ele. Também
vou abençoá-lo e farei que tenha muitos filhos, uma família enorme. Ele será o
pai de doze príncipes, farei dele uma grande nação. Mas a aliança que vou fazer
será com Isaque, seu filho que nascerá de Sara por essa época do ano que vem”.
22
Deus, então, se retirou depois de falar com Abraão.
23
Então, Abraão chamou seu filho Ismael e todos os seus empregados, tanto os
nascidos em casa quanto os que ele havia comprado, todos os do sexo masculino
que eram de sua família, e os circuncidou, cortando, naquele mesmo dia, a dobra
da pele que recobria a cabeça do pênis de cada um, como Deus havia ordenado.
24
Abraão tinha 99 anos quando foi circuncidado. Ismael tinha 13 anos. Os dois
foram circuncidados no mesmo dia e também todos os empregados, tanto os
nascidos em casa quanto os que haviam sido comprados de terceiros.
Todos foram circuncidados com Abraão."
Gênesis 18
O SENHOR e dois anjos aparecem a Abraão
"1
O Eterno apareceu a Abraão junto aos carvalhos de Manre, enquanto ele estava
sentado à entrada da sua tenda. Era a hora mais quente do dia. Ele olhou e viu
três homens de pé.
Então, saiu apressado da tenda e curvou-se diante deles.
3
Ele pediu: “Senhor, se te agradar, fique um pouco com o teu servo. Vou providenciar
um pouco de água para que possas lavar os pés. Também vou providenciar comida e
um lugar para descansares, já que teu caminho passou por mim”.
Eles responderam: “Ótimo,
faça isso”.
6
Abraão correu para dentro da tenda e disse a Sara: “Depressa! Pegue três
xícaras da nossa melhor farinha e faça alguns pães”.
7
Depois, ele correu até o curral e escolheu a um novilho gordo de excelente
qualidade e o entregou a um dos empregados, que o preparou. Em seguida, trouxe
coalhada e leite para acompanhar o novilho assado, pôs a refeição diante dos
homens e ficou debaixo da árvore enquanto eles comiam.
9
Os homens perguntaram: “Onde
está Sara, sua mulher?”.
Ele respondeu: “Está na tenda”.
10
Então, um deles disse: “Vou
retornar no ano que vem, mais ou menos por esta época.
Quando eu chegar, sua esposa Sara vai ter um filho”.
Sara estava ouvindo tudo do lado de dentro da tenda, bem atrás do homem.
11
Abraão e Sara estavam velhos, em idade bem avançada.
Sara tinha passado, havia muito, da época de ter filhos.
Então, ela riu consigo mesma e disse: “Uma velha como eu? Ficar grávida? E com
um marido velho como esse?”.
13
Mas o Eterno disse a Abraão: “Por
que Sara riu? Pois ela disse: ‘Eu? Ter um bebê? Uma velha como eu?’. Por
acaso existe alguma coisa difícil demais para o Eterno? Eu voltarei no ano
que vem por esta mesma época, e Sara terá um bebê”.
15
Sara ficou com medo e mentiu para ele: “Eu não ri, não!”.
Mas ele disse: “Sim!
Você riu, sim”.
16
Os homens se levantaram para ir embora e começaram a caminhar na direção de
Sodoma.
Abraão os acompanhou para se despedir deles.
17
Então, o Eterno disse: “Seria
justo esconder de Abraão o que estou para fazer? Ele vai se tornar uma nação
grande e forte, e todas as nações do mundo serão abençoadas por meio dele. Eu o
escolhi para que ele ensine seus filhos e sua futura família a andar nos meus caminhos,
a serem bons, generosos e justos, para que Eu o Eterno possa cumprir o que
prometi a ele”.
20
O Eterno prosseguiu: “Os
gritos das vítimas em Sodoma e Gomorra são de ensurdecer. O pecado dessas
cidades é gigantesco. Descerei para ver Eu mesmo se o que eles estão fazendo é
tão mal quanto parece. Então, vou saber”.
22
Os homens dirigiram-se para Sodoma, mas Abraão ficou no caminho do Eterno,
impedindo a passagem.
23
Então, Abraão o enfrentou e questionou: “Estás falando sério? Estás mesmo
planejando eliminar as pessoas boas junto com as más? E se houver cinquenta
pessoas decentes na cidade: vais juntar os bons com os maus e te livrar de
todos?
Não pouparias a cidade por causa desses cinquenta inocentes? Não acredito que
farias isto, matar os bons com os maus, como se não houvesse diferença entre
eles.
Será que o Juiz de toda a terra não sabe julgar com justiça?”.
26
O Eterno respondeu: “Se
Eu encontrar cinquenta pessoas decentes em Sodoma, pouparei a cidade inteira
por causa delas”.
27
Abraão tornou a dizer: “Eu, um simples mortal feito de um punhado de pó da
terra, atrevo-me a abrir a boca e ainda perguntar ao meu Senhor: E se faltarem
cinco para completar os cinquenta? Destruirás a cidade por causa dos cinco que
faltam?”. Ele respondeu: “Não
a destruirei se houver ali quarenta e cinco pessoas decentes”.
29
Abraão insistiu: “E se encontrares apenas quarenta?”. “Também não vou destruir a cidade, por causa dos
quarenta”.
30
Abraão continuou: “Senhor, não te irrites comigo, mas se encontrares apenas
trinta?”. “Se encontrar trinta,
não destruo a cidade.”
31
Abraão não desistiu: “Senhor, sei que estou abusando da tua paciência, mas e se
houver apenas vinte?”. “Não
a destruirei, por causa dos vinte.”
32
Abraão perguntou ainda: “Senhor, não fiques furioso, esta é a última vez que
pergunto. E se houver apenas dez?”.
“Não destruirei a cidade, por causa das dez pessoas.”
33
O Eterno encerrou a conversa com Abraão e se retirou.
Abraão foi para casa."
Gênesis 19
Ló recebe em sua casa os dois anjos
"1
Os dois anjos chegaram a Sodoma no início da noite.
Ló estava sentado à entrada da cidade. Ele viu os recém-chegados e levantou-se
para recebê-los. Curvou-se diante deles e implorou: “Por favor, amigos, venham
para a minha casa e passem ali a noite. Vocês poderão se lavar. E poderão se
levantar cedo e seguir caminho, descansados”.
Eles disseram: “Não!
Nós dormiremos na rua”.
3
Mas ele insistiu.
Não aceitaria um não como resposta.
Eles, então, concordaram e foram para a casa dele.
Ló preparou uma refeição quente, e eles comeram.
4
Antes que os hóspedes se recolhessem, os homens de toda a cidade, jovens e
velhos, se aglomeraram em torno da casa, vindo de todos os lados, e os
encurralaram ali.
Então, gritaram para Ló: “Onde estão os homens que vão passar a noite aí na sua
casa?
Traga-os para fora! Queremos nos divertir com eles!”.
6
Ló foi para o lado de fora, manteve-se à frente da porta e suplicou: “Por
favor, irmãos, não sejam maus!
Olhem, tenho duas filhas virgens. Vou trazê-las para fora, e vocês poderão se
satisfazer com elas, mas não encostem a mão nestes homens, pois são meus
convidados”.
9
Mas eles responderam: “Caia fora! Você chegou aqui, nem sabemos direito de
onde, e já quer nos dizer como devemos viver? Pois vamos fazer com você pior do
que com eles!
E partiram para cima de Ló determinados a arrombar a porta”.
10
Mas os dois homens alcançaram Ló, puxaram-no para dentro da casa e trancaram a
porta.
Em seguida, atingiram com cegueira os homens que estavam tentando entrar. Tanto
os que encabeçavam o grupo quanto os que seguiam ficaram tateando no escuro.
12
Os dois homens disseram a Ló: “Há
algum outro parente seu aqui? Filho, filha, alguma pessoa na cidade? Tire-os
daqui agora mesmo! Vamos destruir este lugar.
O clamor das vítimas dirigido ao Eterno é ensurdecedor, e fomos enviados para
varrer este lugar da face da terra”.
14
Ló saiu e avisou o noivo de cada uma de suas filhas: “Saiam deste lugar! O
Eterno vai destruir a cidade!”.
Mas seus futuros genros não o levaram a sério.
15
Ao amanhecer, os anjos começaram a apressar Ló: “Depressa! Pegue sua mulher e suas filhas e saia daqui antes que
seja tarde, antes que você acabe sendo castigado com a cidade”.
16
Ló estava demorando demais. Então, os homens agarraram Ló, sua mulher e suas
filhas pelo braço e os puxaram para um lugar seguro fora da cidade. O Eterno
foi misericordioso com eles!
Já do lado de fora da cidade, os anjos disseram a Ló: “Agora corram, e cada um salve a sua vida!
Não olhem para trás! Não parem em nenhum lugar da planície, mas corram para os
montes, para que não sejam destruídos”.
18
Mas Ló reclamou: “Senhores, não podem estar falando sério! Reconheço que foram
bons comigo e me fizeram um enorme favor, salvando a minha vida, mas não posso
correr para os montes. Coisas terríveis podem acontecer comigo nos montes,
posso até morrer.
Olhem para aquela direção; aquela cidade não fica longe.
Ela é pequena, e nada poderá me acontecer ali.
Permitam que eu fuja para lá e salve a minha vida. É só uma área aberta à beira
da estrada”.
21
“Tudo bem, Ló, já que você insiste. Siga por esse
caminho. Não vou destruir a cidade que você me mostrou.
Mas não demore. Corra para lá! Não vou poder fazer nada antes que você chegue
lá”.
Por isso, a cidade foi chamada Zoar, que significa "Cidade Pequena”.
23
Quando Ló chegou a Zoar, o Sol já estava alto no céu.
24
Então, o Eterno fez chover fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra. Um rio de
lava correu desde o céu, enviado pelo Eterno, e destruiu as cidades e toda a
planície, matando todos os seus habitantes e o que crescia na terra.
26
Mas a mulher de Ló olhou para trás e transformou-se numa coluna de sal.
27
Abraão levantou-se bem cedo na manhã seguinte e seguiu para o lugar em que
havia se encontrado com o Eterno pouco antes. Ele olhou para Sodoma e Gomorra,
observando toda a planície, e viu apenas a fumaça que subia da terra, como se saísse
de uma fornalha.
29
E foi isto que aconteceu: antes de destruir as cidades da planície, Deus se
lembrou de Abraão e retirou Ló de Sodoma.
Só depois, varreu aquelas cidades da face da terra.
30
Ló saiu de Zoar e foi morar com as duas filhas nas montanhas. Ele estava com
medo de ficar em Zoar e passou a viver com elas numa caverna.
31
Certo dia, a filha mais velha disse à caçula: “Nosso pai está ficando velho, e
não restou nenhum homem neste lugar que possa nos engravidar.
Vamos embebedar nosso pai com vinho e nos deitar com ele.
Ele poderá nos dar filhos.
É a única chance de manter nossa família viva”.
33
Assim, naquela mesma noite, elas embebedaram o pai com vinho. A filha mais
velha deitou-se com ele, mas Ló estava inconsciente e não tinha noção do que a
filha estava fazendo.
De manhã, a filha mais velha disse à mais nova: “Deitei-me com nosso pai ontem
à noite. Hoje será sua vez. Vamos embebedá-lo de novo, e você se deita com ele.
Ele dará filhos a nós duas, e poderemos manter a linhagem da nossa família”.
De novo, naquela noite, elas embebedaram o pai, e a caçula deitou-se com ele.
Também dessa vez, ele estava inconsciente e não tinha noção do que a filha
estava fazendo.
36
As duas irmãs ficaram grávidas de Ló, o próprio pai.
A mais velha teve um filho e deu a ele o nome de Moabe, antepassado dos
moabitas de hoje. A caçula teve um filho e deu a ele o nome de Ben-Ami,
antepassado dos amonitas de hoje."
Gênesis 20
Abraão e Sara peregrinam em Gerar
"1
Abraão partiu dali e foi para o sul, na direção do Neguebe, e estabeleceu-se
entre Cades e Sur. Acampado em Gerar, Abraão disse ao povo, referindo-se a
Sara: “Ela é minha irmã”.
2
Então, Abimeleque, rei de Gerar, mandou buscar Sara.
Naquela noite, Deus apareceu em sonho a Abimeleque e alertou-o: “Você vai morrer! Aquela mulher que você tomou é
casada”.
4
Mas Abimeleque ainda não havia se deitado com ela, nem mesmo a havia tocado.
Ele respondeu: “Senhor, vais matar um inocente? Por acaso ele não me disse:
‘Ela é minha irmã’? E ela mesma não me disse: ‘Ele é meu irmão’? Eu não tinha a
menor ideia de que estava fazendo alguma coisa errada”.
6
E Deus, ainda no sonho, disse a ele: “Claro, sei que suas intenções são puras. Foi por isso que não
deixei que você pecasse contra mim, Eu impedi que você se deitasse com ela.
Agora, devolva ao homem a mulher dele. Ele é profeta e vai orar por você e
interceder por sua vida. Se não a devolver, saiba que nem você nem ninguém de
sua família escapará da morte”.
8
Abimeleque levantou-se bem cedo naquela manhã, convocou todo o seu pessoal e
contou a história a eles, sem esconder nada. Eles ficaram chocados. Em seguida,
Abimeleque chamou Abraão e o questionou: “O que é isso que você nos fez? Alguma
vez fiz algo que o desagradasse, para que você trouxesse tamanha afronta sobre
mim e sobre meu reino? O que você fez é inadmissível!”.
10
E Abimeleque prosseguiu: “O que você tinha na cabeça quando fez isso?”.
11
Abraão disse: “Pensei que aqui não havia temor de Deus e que me matariam para
ficar com minha esposa. Além disso, para dizer a verdade, ela é minha irmã por
parte de pai.
Quando Deus me fez sair como peregrino da casa de meu pai, eu disse a ela: ‘Por
favor, sempre que chegarmos a qualquer lugar, diga às pessoas que sou seu
irmão’
14
Abimeleque devolveu Sara: a Abraão com um presente: ovelhas, gado e escravos,
homens e mulheres.
Também disse a ele: “Minha terra está à sua disposição.
Fique morando onde achar melhor”.
16
E disse a Sara: “Dei mil peças de prata para seu irmão. Isso livra você de
qualquer acusação aos olhos do mundo.
É minha forma de reparar a ofensa feita a você”
17
Depois disso, Abraão orou a Deus, e ele curou Abimeleque, sua esposa e suas
escravas. Elas passaram a gerar filhos outra vez, pois, por causa de Sara,
esposa de Abraão, o Eterno havia deixado estéreis todas as mulheres da família
de Abimeleque."
Gênesis 21
O nascimento de Isaque
"1
O Eterno visitou Sara, exatamente como disse que faria, e cumpriu o que
havia prometido: ela engravidou e deu a Abraão um filho no tempo exato que
Deus havia prefixado. E Abraão deu a ele o nome de Isaque. Quando o menino
estava com oito dias de vida, Abraão o circuncidou, como Deus havia ordenado.
5
Abraão estava com 100 anos de idade quando seu filho Isaque nasceu. Sara disse:
“Deus me abençoou com riso, e todos que souberem disso vão rir comigo!”.
7
Ela também disse: “Quem poderia afirmar a Abraão que Sara iria amamentar um bebê
um dia! Mas estou aqui! Dei um filho ao homem idoso!”.
8
O bebê cresceu e foi desmamado. E Abraão deu uma grande festa no dia em que
Isaque foi desmamado.
9
Certo dia, Sara viu que o filho que a egípcia Hagar tinha dado a Abraão estava
debochando de Isaque. Ela foi reclamar com Abraão: “Livre-se dessa escrava e do
filho dela! Nenhum filho de escrava vai participar da herança com meu filho
Isaque!”.
11
Abraão ficou muito aflito. Afinal, Ismael era filho dele! Mas Deus disse a
Abraão: “Não fique assim por causa
do menino e de sua escrava. Faça o que Sara diz.
Sua descendência virá mesmo por meio de Isaque. Quanto ao filho da sua escrava,
garanto que também farei dele uma grande nação, porque ele também é seu filho”.
14
Abraão levantou-se cedo no dia seguinte, separou um pouco de comida e um cantil
com água. Entregou os poucos suprimentos a Hagar e mandou-a embora de casa com
o filho.
Ela ficou andando sem rumo pelo deserto de Berseba. Quando acabou a água, pôs a
criança debaixo de um arbusto e ficou a uma distância de cerca de cinquenta
metros. Dizia: “Não aguento ver meu filho morrer!”. Então, sentando-se, caiu em
prantos.
17
Mas Deus ouviu o menino chorar.
O anjo de Deus chamou Hagar lá do alto: “Hagar, o que aconteceu? Não fique com medo. Deus ouviu o menino
e sabe que ele está numa situação difícil. Agora, levante-se, pegue seu filho e
abrace-o! O Eterno vai fazer dele uma grande nação”.
19
Na mesma hora, Deus abriu os olhos dela. Hagar avistou um poço de água. Então,
ela foi até o poço, encheu o cantil e deu água fresca para o menino.
20
Enquanto o menino crescia, Deus ficou ao lado dele. Ele morava no deserto e
tornou-se um arqueiro muito habilidoso.
O deserto em que ele vivia era o de Parã.
Sua mãe conseguiu para ele uma esposa do Egito.
22
Por essa mesma época, Abimeleque e o comandante de suas tropas, Ficol, disseram
a Abraão: “Independentemente do que você fizer, Deus está do seu lado.
Portanto, prometa-me que você não agirá com desonestidade para comigo nem
ninguém de minha família. Enquanto viver aqui, prometa que tratará a mim e à
minha família com a mesma bondade com que tratei você”.
24
Abraão respondeu: “Eu prometo”.
25
Foi também nessa época que Abraão questionou Abimeleque a respeito de um poço
de água, que os empregados de Abimeleque haviam tomado à força.
Abimeleque disse: “Não tenho a menor ideia de quem possa ter feito isso, e você
nunca comentou nada comigo. É a primeira vez que ouço falar no assunto”.
27
Então, os dois fizeram um acordo. Abraão pegou ovelhas e gado e deu-os a Abimeleque.
Abraão separou sete ovelhas do rebanho.
29
E Abimeleque disse: “O que significam essas sete ovelhas que você separou?”.
30
Abraão respondeu: “Significa que, quando você aceitar estas sete ovelhas, você
as aceitará como prova de que cavei este poço e de que ele é meu”.
31
Foi assim que o lugar passou a ser chamado Berseba (Poço do Juramento), porque
ali os dois fizeram um acordo por meio de juramento. Tendo feito o acordo em
Berseba, Abimeleque e Ficol, seu comandante, voltaram para o território filisteu.
33
Abraão plantou uma tamargueira em Berseba e, ali, cultuou o Eterno, orando a
Deus.
Abraão morou em território filisteu por um longo período."
Gênesis 22
Deus prova Abraão
"1
Depois de todas essas coisas, Deus resolveu testar Abraão. Então, o chamou: “Abraão!”.
Abraão respondeu: “Pois não! Estou ouvindo”.
2
E ele disse: “Pegue Isaque, seu
filho querido, a quem você ama, e vá para a terra de Moriá. Você deverá
sacrificá-lo ali como oferta queimada sobre um dos montes que indicarei”.
3
No dia seguinte, Abraão levantou-se bem cedo e pôs a sela sobre seu jumento.
Levou consigo dois jovens empregados e seu filho Isaque. Ele cortou lenha para
a oferta queimada e partiu para o lugar indicado por Deus. Depois de três dias,
olhou para cima e avistou o lugar ao longe, Abraão disse aos empregados:
“Fiquem aqui com o jumento. Eu e o garoto iremos até lá em cima para prestar
culto e, depois, voltaremos para cá”.
6
Abraão entregou a lenha para a oferta queimada a Isaque, para que ele a
carregasse. Levava consigo ainda a pedra de fogo e a faca. E os dois seguiram
juntos.
7
A certa altura, Isaque disse a Abraão: “Pai?”. “Sim, meu filho.” “Aqui estão a
pedra de fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para a oferta queimada?”.
8
Abraão respondeu: “Filho, Deus vai providenciar o cordeiro para a oferta
queimada”. E continuaram caminhando.
9
Finalmente, chegaram ao lugar indicado por Deus.
Abraão edificou um altar e arrumou a lenha sobre ele.
Depois, amarrou Isaque e o pôs sobre a lenha. Em seguida, estendeu a mão e
pegou a faca para matar o filho.
11
Na mesma hora, um anjo do Eterno chamou-o do céu: “Abraão! Abraão!”. “Pois não. Estou ouvindo.”
12
“Não baixe a mão sobre o garoto! Não toque nele!
Agora sei quanto você teme a Deus e como é destemido. Você não vacilou em pôr
seu filho, seu filho amado, sobre o altar para oferecê-lo a mim”.
13
Abraão ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Ele
pegou o animal e o sacrificou como oferta queimada em lugar do seu filho.
14
Abraão deu àquele lugar o nome de Javé-Jiré (Deus Providenciará). Foi daí que
veio a expressão: “No monte do Eterno, ele providenciará”.
15
O anjo do Eterno falou do céu pela segunda vez a Abraão: “Prometo, e essa palavra é do Eterno, que o
abençoarei, porque você foi até o fim nessa questão e não se recusou a
entregar-me seu filho amado. Como eu o abençoarei! Farei que seus filhos sejam
tão numerosos quanto as estrelas no céu e a areia da praia! E seus descendentes
derrotarão os inimigos.
Todas as nações da terra serão abençoadas por meio de seus descendentes, pois
você me obedeceu”.
19
Abraão retornou até onde estavam seus jovens empregados. Eles juntaram suas
coisas e voltaram para Berseba. E Abraão estabeleceu-se em Berseba.
20
Algum tempo depois, Abraão recebeu a seguinte notícia: “Seu irmão Naor já é
pai! Milca deu filhos a ele: Uz, o mais velho, seu irmão Buz, Quemuel (ele foi
o pai de Arão), Quésede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel” (Betuel foi o pai de
Rebeca). Milca deu esses oito filhos a Naor, irmão de Abraão.
24
Reumá, concubina de Naor, deu a ele outros quatro filhos: Tebá, Gaã, Taás e
Maaca."
Gênesis 23
A morte de Sara
"1
Sara viveu 127 anos e morreu em Quiriate-Arba, que hoje é Hebrom, na terra de
Canaã.
Abraão chorou e guardou luto por ela.
3
Quando encerrou o período de luto, Abraão propôs aos hititas: “Tenho
consciência de que não passo de um estrangeiro no meio de vocês, mas preciso
que me vendam um local de sepultamento, para que eu possa dar um enterro digno para
os meus mortos”.
5
Os hititas responderam: “O que você está dizendo? Você não é um simples
estrangeiro para nós: é um príncipe de Deus! Faça o enterro de sua esposa na
melhor das nossas sepulturas. Nenhum de nós vai recusar um local para o
sepultamento dela”.
7
Diante da resposta, Abraão curvou-se em reverência ao povo da terra, os
hititas, e disse: “Se vocês estão falando sério e querem mesmo me ajudar a
conseguir um enterro digno para minha esposa, intercedam por mim junto a Efrom,
filho de Zoar. Peçam a ele que me venda a caverna de Macpela, de sua
propriedade, aquela que fica na divisa das terras dele, e que me faça um preço
justo, e vocês serão testemunhas”.
10
Efrom era membro da comunidade local de hititas. O hitita respondeu assim à
proposta de Abraão, ouvida pelos outros hititas que faziam parte do conselho da
cidade: “Não, meu senhor! Eu não poderia fazer isso. O campo é seu, é um
presente. Dou a você o campo e a caverna. Não vou cobrar nada, e meu povo será
testemunha disso. Faça ali o sepultamento de sua esposa”.
12
Abraão curvou-se em respeito perante o conselho reunido e respondeu a Efrom:
“Por favor, permita-me pagar o preço da terra! Aceite meu dinheiro, para que eu
possa sepultar minha esposa com tranquilidade”.
14
Então, Efrom respondeu a Abraão: “Já que insiste, eu aceito.
O que significam quatrocentas peças de prata entre mim e você? Vá agora e faça
o sepultamento de sua esposa”.
16
Abraão aceitou o preço estipulado por Efrom e pagou integralmente o valor que
este havia sugerido perante o conselho da cidade dos hititas: quatrocentas
peças de prata, de acordo com a taxa de troca daqueles dias.
17
Foi assim que o campo de Efrom, do lado de Manre, tornou-se propriedade de
Abraão, e, além do campo, a caverna e todas as árvores dentro dos seus limites.
O conselho da cidade dos hititas foi testemunha dessa transação. Assim, Abraão
fez o sepultamento de Sara na caverna do campo de Macpela, que fica perto de
Manre, hoje Hebrom, na terra de Canaã. A propriedade do campo e da caverna que
havia nele foi transferida dos hititas para Abraão como local de
sepultamento."
Gênesis 24
Abraão manda seu servo buscar uma mulher para Isaque
"1
Abraão já era idoso, e o Eterno o havia abençoado de todas
as formas.
2
E Abraão ordenou ao empregado mais antigo da casa, aquele que cuidava de tudo
que Abraão possuía: “Coloque sua mão debaixo da minha coxa e jure em nome do
Eterno, o Deus do céu e Deus da terra, que você não vai procurar esposa para
meu filho entre as jovens cananeias daqui, mas que irá à minha terra natal e
ali conseguirá uma esposa para Isaque”.
5
O empregado respondeu: “E se a moça não quiser sair de casa para vir comigo?
Levo seu filho de volta para sua terra de origem?”.
6
Abraão respondeu: “Não! Isso nunca! Em hipótese alguma, você levará meu filho
de volta para lá. O Eterno, o Deus do céu, tirou-me da casa de meu pai, da
terra em que nasci, e me fez esta promessa solene: ‘Estou dando esta terra aos
seus descendentes’. Esse mesmo Deus enviará o anjo dele à sua frente para que
você consiga achar ali uma esposa para meu filho. Se a moça não quiser vir,
você ficará desobrigado do juramento que me fez. Mas, em hipótese alguma, leve
meu filho de volta para lá!”.
9
Então, o empregado pôs a mão debaixo da coxa de Abraão, seu senhor, e fez o
juramento solene.
10
O empregado carregou dez camelos de Abraão com presentes e saiu de viagem para
Arã Naaraim, para a cidade de Naor.
Do lado de fora da cidade, fez os camelos se ajoelharem perto de um poço.
Estava anoitecendo, e era a hora em que as mulheres costumavam buscar água. Ele
orou: “Ó Eterno, Deus do meu senhor Abraão, faz que tudo de certo neste dia.
Faz o que for bom para meu senhor Abraão!
Ficarei aqui perto da fonte, enquanto as moças da cidade chegam para buscar
água. Permite que a moça a quem eu disser: ‘Baixe seu jarro e me de um pouco de
água, e que me responder: ‘Beba. Também vou dar água para os seus camelos’,
seja a moça que escolheste para teu servo Isaque.
Assim, terei certeza de que estás por trás de tudo isso, agindo com bondade a
favor do meu senhor”.
15
Mal ele havia acabado de orar, e apareceu Rebeca, filha de Betuel. A mãe dela
era Milca, esposa de Naor, irmão de Abraão. Ela se aproximou com um jarro de
água sobre o ombro. A moça era extremamente bonita, virgem e pura.
Rebeca desceu até a fonte, encheu o jarro e retornou.
O empregado correu ao encontro dela e disse: “Por favor, poderia me dar um
pouco da água do seu jarro?”.
18
Ela respondeu: “Claro, pode beber!”. E segurou o jarro para que ele bebesse.
Depois que ele tinha matado a sede, ela disse: “Vou dar água também para os
camelos, até que eles fiquem satisfeitos”. Disse isso e, mais que depressa,
esvaziou o jarro no bebedouro e correu de volta ao poço para enchê-lo de novo,
repetindo a operação até que todos os camelos tivessem bebido. O homem a
observava em silêncio. Seria aquela a resposta do Eterno? Será que ele havia
coroado de êxito sua missão?
22
Assim que os camelos acabaram de beber, o homem deu a ela de presente uma
argola de ouro para o nariz, que pesava pouco mais de sete gramas, e dois
braceletes que pesavam mais de cem gramas. Depois de entregar as joias à moça,
perguntou: “Fale-me de sua família. De quem você é filha? Há lugar na casa de
seu pai para que passemos lá à noite?”.
24
Ela respondeu: “Sou filha de Betuel, filha de Milca e Naor. E, sim, há muito
espaço em nossa casa para vocês ficarem.
Também temos bastante palha e alimento para os camelos”.
26
No mesmo instante, o homem curvou-se em adoração ao Eterno e orou: “Bendito
seja o Eterno, o Deus de meu senhor Abraão! Como foste generoso e fiel para com
o meu senhor!
Não seguraste nenhuma bênção e me levaste exatamente à porta do irmão do meu senhor!”.
28
A moça saiu correndo para contar aos familiares de sua mãe o que havia
acontecido.
29
Rebeca tinha um irmão chamado Labão. Ele veio correndo até a fonte em que o
homem havia ficado. Labão tinha visto a argola e os braceletes em sua irmã e
ouvido ela dizer: “O homem me falou assim, assim e assim”. Então, ele foi
procurar o homem, e ele ainda estava perto da fonte com os camelos.
Labão cumprimentou-o: Venha, bendito do Eterno!
Por que ainda está aqui? Preparei nossa casa para você e um lugar para os
camelos”.
32
O homem, então, foi recebido naquela casa. Depois de aliviar os camelos de sua
carga, deram forragem e alimento para os animais. Também trouxeram água para
lavar os pés do homem e dos que o acompanhavam. Depois disso, Labão trouxe
comida para eles. Mas o homem disse: “Não vou comer antes de contar minha
história”.
Labão respondeu: “Então, vá em frente! Conte-nos!”.
34
O recém-chegado explicou: “Sou empregado de Abraão.
O Eterno tem abençoado meu senhor, que é uma excelente pessoa, e tem dado a ele
ovelhas e gado, prata e ouro, empregados e empregadas, camelos e jumentos. E,
para coroar tudo isso, Sara, esposa de meu senhor, deu-lhe um filho na velhice.
Ele passou todas as coisas para o filho e me fez prometer: ‘Não procure uma
esposa para meu filho entre as filhas dos cananeus, na terra em que estou
morando.
Não! Vá até a casa de meu pai, procure minha família e consiga ali uma esposa
para meu filho’. Eu disse ao meu senhor: ‘E se a moça não quiser me
acompanhar?’. Ele respondeu: ‘O Eterno, diante de quem tenho andado com
fidelidade, enviará seu anjo com você e fará que tudo dê certo. Você vai
conseguir uma esposa para meu filho, uma moça de minha família, da casa de meu
pai. Só depois, você estará livre do juramento. Mas, se minha família não
quiser entregar a moça, você estará livre do juramento’.
42
“Então, hoje, quando cheguei à fonte, orei: ‘Eterno, Deus do meu senhor Abraão,
faz que tudo dê certo nesta missão que me foi confiada. Estou aqui junto a este
poço. Quando uma moça vier aqui para tirar água e eu pedir: ‘Por favor, dê-me
um pouco da água do seu jarro’, e ela responder: ‘Vou dar água não apenas ao
senhor, mas também para os camelos’, que seja essa moça a esposa que escolheste
para o filho do meu senhor’.
45
“Eu havia acabado de fazer essa oração, quando Rebeca chegou com o jarro sobre
o ombro. Ela foi até a fonte, retirou água, e eu pedi: ‘Por favor, posso beber
um pouco?’. Ela não pensou duas vezes. Ofereceu-me o jarro e disse: ‘Beba. E,
depois que o senhor beber, também vou dar água aos camelos’.
Então, bebi, e ela deu água aos camelos. Depois, perguntei: ‘De quem você é
filha?’. Ela respondeu: ‘Sou filha de Betuel, e os pais dele são Naor e Milca.
Então, dei de presente a ela uma argola para o nariz e braceletes. Ela se
curvou em atitude de adoração ao Eterno, e eu também louvei ao Deus do meu
senhor Abraão, que me conduziu exatamente à casa da família do meu senhor para
conseguir uma esposa para o filho dele.
49
“Agora, digam-me se vão ser generosos e atender ao meu pedido. Caso contrário,
sejam francos, para que eu possa decidir o que fazer em seguida”.
50
Labão e Betuel responderam: “Tudo isso vem do Eterno.
Não nos compete dizer nada sobre isso, nem sim, nem não. Rebeca está à sua
disposição. Pode levá-la, e que ela seja esposa do filho do seu senhor, como o
Eterno deixou claro”.
52
Quando o empregado de Abraão ouviu a decisão deles, curvou-se em atitude de
adoração ao Eterno. Em seguida, trouxe presentes de ouro e de prata e também
roupas e deu tudo a Rebeca. Também deu presentes caros ao irmão e à mãe de
Rebeca. Então, ele e os homens que estavam com ele jantaram e passaram a noite
ali. De manhã, bem cedo, já estavam em pé.
E ele disse: “Preciso voltar para o meu senhor”.
55
Mas o irmão e a mãe dela pediram: “Deixe a moça ficar mais um pouco, digamos,
mais uns dez dias.
Depois disso, vocês poderão ir”.
56
Mas o homem estava decidido: “Não, por favor, não me façam esperar mais. O
Eterno fez que tudo desse tão certo!
Preciso voltar para o meu senhor”.
57
Eles responderam: “Bem, é melhor chamar a moça e perguntar a ela”. Então,
chamaram Rebeca e perguntaram:
“Você quer acompanhar esse homem?”.
58
Ela respondeu: “Sim, já estou pronta para ir”.
59
Então, eles concordaram em que Rebeca, irmã deles, e sua acompanhante fossem
com o empregado de Abraão e sua comitiva. Eles abençoaram Rebeca, dizendo:
"Nossa irmã, que você viva com fartura! E que seus filhos sejam
vitoriosos!”.
61
Rebeca e suas empregadas montaram nos camelos e acompanharam o homem.
E o empregado seguiu para casa com Rebeca.
62
Isaque morava no Neguebe. Ele tinha acabado de voltar de uma visita a
Beer-Laai-Roi. De tardezinha, saiu para o campo. Enquanto meditava, olhou e viu
os camelos que se aproximavam. Quando Rebeca avistou Isaque, desceu do camelo e
perguntou ao empregado: “Quem é aquele homem que está vindo em nossa direção?”.
“Aquele é meu senhor”, foi a resposta. Então, ela pegou o véu e se cobriu.
66
Depois que o empregado deu a Isaque o relatório completo da viagem, Isaque
levou Rebeca para a tenda de sua mãe, Sara. Ele se casou com Rebeca, e ela se
tornou sua esposa.
Ele a amava muito. Foi assim que Isaque se consolou depois da morte de sua
mãe."
Gênesis 25
Descendentes de Abraão e Quetura
"1
Abraão casou-se outra vez. A segunda esposa chamava-se Quetura.
Dela, nasceram Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá.
3
Jocsã foi pai de Sabá e Dedã. Os descendentes de Dedã foram os assuritas, os
letusitas e os leumitas.
4
Midiã foi pai de Efá, Éfer, Enoque, Abida e Elda.
Todos esses foram descendentes de Quetura.
5
Mas Abraão deu a Isaque tudo que possuía. Em vida, ele presenteou os filhos que
teve com suas concubinas, mas acabou por enviá-los para a terra do Oriente,
para que ficassem longe de seu filho Isaque.
7
Abraão viveu 175 anos. Então, deu o último suspiro. Morreu feliz, depois de
viver muito. Ele foi sepultado com a família.
Seus filhos Isaque e Ismael o sepultaram na caverna de Macpela, no campo de
Efrom, filho de Zoar, o hitita, perto de Manre, o mesmo campo que Abraão havia
comprado dos hititas. Ele foi enterrado ao lado de sua esposa Sara. Depois da
morte de Abraão, Deus abençoou seu filho Isaque. Ele morava em Beer-Laai-Roi.
Estes são os descendentes de Ismael, filho de Abraão e da egípcia Hagar,
escrava de Sara, gerado a Abraão. São estes os nomes dos filhos de Ismael, por
ordem de nascimento: Nebaiote, filho mais velho de Ismael; Quedar, Adbeel,
Mibsão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Temá, Jetur, Nafis e Quedemá. Todos esses
são filhos de Ismael. Os assentamentos e locais em que acamparam receberam
deles os nomes. Eram doze príncipes com suas doze tribos. Ismael viveu 137
anos. Então, deu o último suspiro. Ele foi sepultado com a família. Seus filhos
se estabeleceram desde Havilá, perto do Egito, avançando na direção leste até
Sur, na direção da Assíria. Os ismaelitas não se davam bem com nenhum dos seus
parentes.
19
Esta é a descendência de Isaque, filho de Abraão: Abraão foi pai de Isaque.
Isaque tinha 40 anos de idade quando se casou com Rebeca, filha de Betuel, o
arameu, de Padã-Arã.
Ela era irmã do arameu Labão.
21
Isaque orava com insistência ao Eterno, pois sua esposa era estéril, e o Eterno
ouviu sua oração; Rebeca engravidou. Mas os bebês ficavam rolando e chutando um
ao outro dentro dela, tanto que ela chegou a dizer: “Sé é para ser assim, de
que adianta continuar vivendo?”. Ela consultou o Eterno para descobrir o que
estava acontecendo, e o Eterno respondeu: “Duas nações estão em sua barriga, dois povos que se enfrentam já
dentro de você. Um povo dominará o outro, e o mais velho servirá ao mais novo”.
24
Chegando a hora de dar à luz, é claro, havia gêmeos dentro dela. O primeiro a
sair foi um menino ruivo e recoberto de pelos. Ele recebeu o nome de Esaú
(Peludo). Depois, veio o irmão, com a mão agarrada ao calcanhar de Esaú.
Ele recebeu o nome de Jacó (Calcanhar). Quando eles nasceram, Isaque estava com
60 anos de idade.
27
Os meninos cresceram. Esaú tornou-se um excelente caçador e gostava da vida ao
ar livre. Jacó era mais pacato e preferia ficar dentro das tendas. Isaque amava
Esaú, porque gostava de suas caças, mas Rebeca amava Jacó.
29
Certo dia, Jacó estava preparando um ensopado de cor avermelhada, e Esaú chegou
do campo. Estava faminto e pediu a Jacó: “Dê-me um pouco desse ensopado, porque
estou morrendo de fome!”. Foi assim que ele passou a ser chamado Edom
(Vermelho).
31
Jacó respondeu: “Vamos fazer uma troca: meu ensopado pelos seus direitos de
filho mais velho”.
32
Esaú retrucou: “Estou morrendo de fome! De que me valem os direitos de
primogenitura se estou quase morto?”.
33
Jacó exigiu: “Primeiro, vai ter de jurar”. Esaú concordou.
Por meio de um juramento, abriu mão de seus direitos de filho mais velho a
favor de Jacó, que finalmente deu ao irmão faminto um pouco de pão e ensopado
de lentilha.
Esaú comeu, bebeu e saiu dali. Foi assim que ele desprezou seus direitos de
filho mais velho."
Gênesis 26
Isaque na terra dos filisteus
"1
Houve uma fome na terra, tão severa quanto a que houve no tempo de Abraão; por
isso, Isaque mudou-se para Gerar, terra de Abimeleque, rei dos filisteus.
2
O Eterno apareceu a ele e disse: “Não desça para o Egito, mas fique aqui. Permaneça aqui nesta terra,
e vou estar com você e o abençoarei. Dou a você e a seus filhos toda esta
terra, para cumprir a promessa que fiz a seu pai, Abraão. Farei que seus
descendentes sejam tão numerosos quanto as estrelas no céu e darei a eles toda
esta terra. Todas as nações do mundo serão abençoadas por meio de seus
descendentes. Tudo isso porque Abraão obedeceu ao meu chamado e obedeceu à
minha ordem, meus mandamentos, minhas orientações e meus ensinamentos”.
6
Então, Isaque ficou em Gerar. Os homens do lugar vieram perguntar sobre sua
esposa. Isaque respondeu: “Ela é minha irmã”. Ele ficou com medo de dizer: “Ela
é minha esposa”, pois pensava: “Estes homens são capazes de me matar para ficar
com Rebeca, por causa da beleza dela”.
7
Certo dia, quando já fazia um bom tempo que Isaque estava residindo ali,
Abimeleque, rei dos filisteus, olhou pela janela e viu que Isaque acariciava
Rebeca. O rei mandou chamar Isaque para esclarecer a situação: “Então, ela é
sua mulher! Por que você nos disse: ‘Ela é minha irmã’?”. Isaque respondeu:
“Porque achei que alguém pudesse querer me matar para ficar com ela”.
Abimeleque retrucou: “Pense um pouco no que você nos fez! Se passasse mais
algum tempo, algum dos homens poderia ter se deitado com sua esposa, e você
seria responsável por trazer culpa sobre nós”. Então, o rei transmitiu esta
ordem ao povo: “Quem encostar a mão nesse homem ou em sua mulher morrerá”.
Isaque resolveu plantar naquela terra, e a colheita foi excelente. O Eterno o
abençoou. Os bens foram se acumulando, e ele ficou muito rico. Possuía muito
gado e ovelhas, e tinha muitos empregados. Por isso, os filisteus começaram a
ficar com inveja dele e entulharam todos os poços que os empregados de seu pai
haviam cavado nos dias de Abraão. Assim, todos os poços foram inutilizados. Por
fim, Abimeleque disse a Isaque: “Você precisa sair daqui, porque se tornou
grande demais para nós”.
Isaque partiu dali e acampou no vale de Gerar, estabelecendo-se ali. Isaque
cavou de novo todos os poços que haviam sido abertos nos dias de seu pai Abraão
e obstruídos pelos filisteus depois da morte de Abraão. A esses mesmos poços,
abertos por seu pai, ele deu outros nomes. Certo dia, os empregados de Isaque
cavavam no vale e acharam uma fonte de água.
Os pastores de Gerar discutiram com os pastores de Isaque e reivindicaram:
“Esta água é nossa”. Por isso, Isaque deu ao poço o nome de Eseque (Discussão),
porque houve discussão por causa dele. Então, cavaram outro poço, e, de novo,
houve divergência sobre a posse da água. Por esse motivo, o poço recebeu o nome
de Sitna (Acusação). Isaque saiu dali e cavou outro poço em outro lugar. Dessa
vez, não houve disputa por causa da água, e o poço foi chamado Reobote (Espaço
Amplo). Isaque disse: “Agora sim, o Eterno nos deu espaço de sobra para nos
espalharmos sobre a terra”. Dali, ele subiu para Berseba. Naquela noite, o
Eterno apareceu a ele e disse: “Eu sou o Deus de seu pai Abraão; não tenha medo de nada, pois
estou com você. Eu abençoarei você e farei seus filhos prosperarem por causa de
Abraão, meu servo”.
25
Isaque construiu ali um altar e orou, invocando o nome do Eterno. No mesmo
lugar, armou sua tenda, e seus empregados começaram a cavar outro poço.
26
Um dia, Abimeleque saiu de Gerar e veio procurá-lo. Estava acompanhado de
Auzate, seu conselheiro, e Ficol, comandante das suas tropas. Isaque perguntou:
Por que vocês estão vindo atrás de mim, se me odeiam? Vocês me expulsaram da
sua terra!”.
28
Eles responderam: “É que percebemos que o Eterno está do seu lado. Gostaríamos
de fazer um acordo com você, uma aliança que sele o nosso relacionamento de
amizade. Não incomodamos você no passado. Nós o tratamos bem e deixamos que
você vivesse em paz. Assim, que a bênção do Eterno esteja com você!”.
30
Isaque deu uma festa, e eles comeram e beberam juntos. No outro dia de manhã,
fizeram os juramentos. Logo depois, se despediram de Isaque. Agora eram
oficialmente amigos.
32
Mais tarde, no mesmo dia, os empregados de Isaque vieram trazer uma notícia
sobre o poço que estavam cavando: “Encontramos água!”. Isaque deu o nome de
Seba (Juramento) ao poço, e, até hoje, esse é o nome da cidade, Berseba (Poço
do Juramento).
34
Esaú estava com 40 anos de idade quando se casou com Judite, filha de Beeri, um
hitita, e com Basemate, filha de Elom, outro hitita. As duas foram um tormento
na vida de Isaque e Rebeca."
Gênesis 27
Isaque abençoa a Jacó e a Esaú
"1
Isaque já estava muito velho e quase cego; por isso, um dia ele chamou Esaú e
disse ao seu filho mais velho: “Meu filho!”.
2
Isaque disse: “Já estou velho e posso morrer qualquer dia desses. Faça-me um
favor: pegue a sua aljava com as flechas e o seu arco, saia para o campo e
traga alguma caça para mim. Em seguida, prepare uma boa refeição, do jeito que
você sabe que eu gosto, para que eu coma. Assim, antes de morrer, poderei dar a
bênção que tenho para você”.
5
Rebeca escutou toda a conversa entre Isaque e Esaú. Logo que Esaú saiu para
caçar, Rebeca disse a Jacó: “Acabei de escutar seu pai falando com seu irmão
Esaú. Ele disse: Traga alguma caça para mim e me prepare uma boa refeição, para
que eu coma e possa abençoá-lo com a bênção de Deus antes de morrer’.
8
“Meu filho, agora escute bem o que vou dizer e faça exatamente o que eu mandar.
Vá até o rebanho e traga-me dois cabritos. Escolha aos melhores. Vou preparar
uma boa refeição com eles, do jeito que seu pai gosta, e você vai levar a
comida para ele. Assim, ele vai abençoar você depois de comer e antes de
morrer”.
11
Jacó argumentou: “Mas, mãe, meu irmão Esaú é cheio de pelos, e eu tenho a pele
lisa. E se meu pai encostar em mim? Ele vai pensar que estou tentando
enganá-lo. Vou acabar atraindo maldição sobre mim, não bênção”.
13
Sua mãe respondeu: “Se isso acontecer, que a maldição recaia sobre mim. Agora,
faça o que eu disse. Vá buscar os cabritos!”.
14
Ele foi, escolheu aos cabritos e trouxe-os para sua mãe. Ela preparou uma boa
refeição, do jeito que Isaque tanto gostava.
15
Rebeca pegou as melhores roupas de Esaú, seu filho mais velho, e vestiu Jacó, o
mais novo, com elas. Com o couro dos cabritos, cobriu as mãos e a nuca de Jacó
e, depois, entregou a seu filho Jacó a deliciosa refeição que havia preparado e
um pão que havia acabo de assar.
18
Assim, ele foi até onde seu pai estava e apresentou-se: “Meu pai!”. “Sim? Qual
dos meus filhos está aí?”, perguntou Isaque.
19
Jacó respondeu: “É Esaú, seu filho mais velho. Fiz o que o senhor me disse.
Agora, sente-se e coma da minha caça, para que possa dar a bênção que o senhor
tem para mim”.
20
Isaque estranhou: “Mas, já? Como você conseguiu a caça tão depressa?”. “Seu
Deus, o Eterno, preparou o caminho para mim.”
21
Isaque pediu: “Chegue mais perto, filho, para que eu possa tocá-lo. Você é
mesmo meu filho Esaú?”.
22
Jacó aproximou-se do pai. Isaque o tocou e disse: “A voz é de Jacó, mas as mãos
são de Esaú”. E não o reconheceu, porque as mãos de Jacó estavam peludas como
as de seu irmão Esaú.
23
O momento de dar a bênção estava chegando, e Isaque insistiu na pergunta: “Você
tem certeza? É mesmo meu filho Esaú?”. “Sim, sou eu mesmo.”
25
Diante da resposta, Isaque disse: "Traga-me a comida, para que eu coma da
caça que meu filho apanhou e, então, de a bênção que tenho preparada”. Jacó
trouxe a comida, e Isaque comeu. Trouxe vinho também, e ele bebeu.
26
Quando terminou, Isaque disse: “Filho, chegue mais perto e me de um beijo”.
27
Jacó se aproximou e beijou o pai. Isaque sentiu o cheiro das roupas que ele
estava usando e, por fim, o abençoou: “Ah! O cheiro de meu filho é como o
cheiro do campo abençoado pelo Eterno. Que Deus de a você do orvalho do céu e
fartura de grãos e de vinho da terra. Que os povos sirvam a você e as nações o
respeitem. Você dominará sobre seus irmãos, e os filhos de sua mãe haverão de
honrá-lo. Os que amaldiçoarem você, serão amaldiçoados, e os que abençoarem
você, serão abençoados”.
30
Instantes depois de Isaque ter abençoado Jacó, assim que este se retirou, Esaú
chegou da caçada. Ele também preparou uma refeição deliciosa. Pôs a comida
diante de seu pai e disse: “Pai, levante-se e coma da caça de seu filho, para
que o senhor possa dar a bênção que tem para mim”.
32
Isaque perguntou: “Quem está aí?”. “Sou Esaú, seu filho mais velho.”
33
Isaque começou a tremer, mal podendo se controlar, e perguntou: “Então, quem
foi que trouxe aquela caça para mim? Porque terminei de comê-la logo antes de
você entrar. Além disso, eu abençoei o outro — e ele está abençoado!”.
34
Ao ouvir as palavras do pai, Esaú desabou a chorar compulsiva e
amarguradamente, e suplicou a Isaque: “Meu pai! O senhor não pode abençoar-me
também?”.
35
O pai respondeu: “Seu irmão veio aqui disfarçado e tomou a bênção que era sua”.
36
Esaú disse: “Não é à toa que o nome dele é Jacó, o Trapaceiro. É a segunda vez
que ele me engana. Primeiro, tomou meu direito de filho mais velho e agora
tomou minha bênção”. Então, implorou: “O senhor não guardou nenhuma bênção para
mim?”.
37
Isaque respondeu a Esaú: “Fiz de Jacó senhor sobre você. Todos os irmãos dele
lhe servirão. Prometi a ele fartura de grãos e de vinho. O melhor foi para ele.
O que poderia ter restado para você, meu filho?”.
38
“Mas você não tem pelo menos uma bênção para mim, pai? Abençoe-me, pai, por
favor! Abençoe-me!”, soluçava Esaú, inconsolável.
39
Então, Isaque pronunciou esta bênção: “Você viverá longe da fartura da terra,
afastado do orvalho do céu. Viverá pela espada, que sempre estará em sua mão, e
servirá a seu irmão. Mas, quando não puder mais suportar, você se libertará e
correrá livre”.
41
Esaú passou a nutrir um ódio profundo contra seu irmão, por causa da bênção que
havia subtraído de seu pai, e dizia consigo mesmo: “Meu pai não deve demorar
muito a morrer. Depois disso, vou matar Jacó”.
42
Quando Rebeca ficou sabendo do plano do filho mais velho, chamou o filho mais
novo e disse: “Seu irmão Esaú está preparando uma vingança contra você. Ele vai
matá-lo! Meu filho, escute o que vou dizer. Fuja enquanto pode. Por amor à sua
vida, corra para Harã, para a casa de Labão, meu irmão! Fique vivendo com eles
por algum tempo, até que seu irmão se acalme, até que a raiva dele diminua e
ele esqueça o que você fez. Quando isso acontecer, mando chamar você de volta.
Por que eu haveria de perder os dois filhos no mesmo dia?”.
46
Depois, Rebeca disse a Isaque: “Estou cansada dessas mulheres hititas. Se Jacó
também se casar com uma hitita, vou perder a vontade de viver”."
Gênesis 28
A fuga de Jacó
"1
Isaque mandou chamar Jacó e o abençoou. Ele ordenou ao filho: “Não se case com
mulher alguma do povo cananeu. Não fique por aqui. Vá para Padã-Arã, para a
família de Betuel, pai de sua mãe. Case-se com uma das filhas de seu tio Labão.
3
“Que o Deus Forte abençoe você com muitos filhos, um verdadeiro ajuntamento de
povos, e que ele de a você e aos seus descendentes a bênção de Abraão, para que
tomem posse desta terra por herança, a terra que Deus deu a Abraão”.
5
Essa foi a despedida de Isaque e Jacó, que partiu para Padã-Arã ao encontro de
Labão, filho de Betuel, o arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacó e Esaú.
6
Esaú ficou sabendo que Isaque havia abençoado Jacó e que o tinha mandado para
Padã-Arã, a fim de casar-se ali. Também soube da ordem acrescentada à bênção:
“Não se case com mulher alguma do povo cananeu”, e que Jacó havia obedecido e
seguido para Padã-Arã. Ao perceber quanto o pai detestava as mulheres do povo
cananeu, viajou para o território de Ismael e, ali, casou-se com Maalate, irmã
de Nebaiote e filha de Ismael, filho de Abraão. Ela veio juntar-se às esposas
que ele já possuía.
10
Jacó saiu de Berseba a caminho de Harã. Ao escurecer, procurou um lugar para
passar a noite. Na hora de deitar, ajeitou uma pedra debaixo da cabeça, no lugar
de um travesseiro. Ele dormiu e teve um sonho: uma escada apoiada na terra
chegava até o céu, e os anjos de Deus subiam e desciam por ela.
13
De repente, o Eterno apresentou-se a ele e disse: “Eu sou o Eterno, o Deus de seu pai Abraão e o Deus
de Isaque. Dou a você e a seus descendentes esta terra em que você está
dormindo. Seus descendentes serão numerosos como o pó da terra. Eles se
espalharão de norte a sul e de leste a oeste. Por meio de você e de seus
descendentes, todas as famílias da terra serão abençoadas. Vou estar sempre com
você e o protegerei aonde quer que vá. Também vou trazer você de volta a esta
terra. E, até que eu tenha cumprido tudo que prometi, não vou deixar você”.
16
Jacó acordou e exclamou: “Sem dúvida, o Eterno está neste lugar, e eu não
sabia!”. Ele estava apavorado e balbuciava, incapaz de conter o espanto: “Que
coisa inacreditável, maravilhosa e santa! Esta é a Casa de Deus! É a porta do
céu”.
18
Jacó levantou-se de manhã bem cedo e pôs a pedra que havia usado como
travesseiro na posição vertical, como uma coluna para memorial. Depois disso,
derramou óleo sobre ela e deu ao lugar o nome de Betel (Casa de Deus). Até
aquele dia, a cidade se chamava Luz.
20
Jacó ainda fez um voto: “Se Deus me acompanhar e me proteger nesta viagem, se
ele me der roupa e alimento e me levar em segurança de volta à casa de meu pai,
o Eterno será o meu Deus. Esta pedra que levanto como coluna para memorial
marcará este lugar como o local da habitação de Deus. Além disso, de tudo que
ele me der, devolverei a décima parte”."
Gênesis 29
Jacó encontra-se com Raquel
"1
Jacó seguiu viagem em direção ao povo do Oriente e chegou a um poço situado
numa área aberta. Três rebanhos de ovelhas se aglomeravam à volta dele. Era
daquele poço que os rebanhos bebiam, e ele estava coberto por uma pedra muito
grande. Depois que todos os rebanhos chegavam, os pastores rolavam a pedra e
davam água para as ovelhas. Em seguida, rolavam a pedra de volta para cobrir o
poço.
4
Jacó perguntou aos pastores: “Amigos, de onde vocês são?”. Eles responderam:
“Somos de Harã”.
5
“Vocês conhecem Labão, filho de Naor?”, indagou Jacó.
“Sim, conhecemos.”
6
Jacó continuou perguntando: “Ele está bem?”. Eles responderam: “Sim, muito bem.
E ali está chegando Raquel, filha dele, trazendo o rebanho”.
7
Jacó disse: “Ainda vai demorar para escurecer. Acho que ainda não está na hora
de recolher as ovelhas, está? Deem água para os rebanhos e levem as ovelhas de
volta ao pasto”.
8
Eles disseram: "Não podemos fazer isso. Temos de esperar até que todos os
pastores cheguem aqui. É preciso muita gente para rolar a pedra do poço. Só
depois é que os rebanhos podem beber”.
9
Enquanto Jacó conversava com eles, Raquel chegou com o rebanho do pai. Ela era
pastora. Assim que viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, chegando com
as ovelhas do seu tio Labão, Jacó rolou sozinho a pedra da boca do poço e deu
água às ovelhas. Em seguida, beijou Raquel e se derramou em lágrimas. Contou à
moça que era parente do pai dela, filho de Rebeca. Ela correu e contou tudo ao
pai. Quando soube da novidade que Jacó, filho de sua irmã, estava na cidade,
Labão correu ao encontro dele, abraçou-o, beijou-o e o levou para casa. Já
acomodado, Jacó fez a Labão um relato completo da viagem.
14
Labão reconheceu: “Você é meu parente, sangue do meu sangue!”. Depois de um mês
que Jacó estava com ele, Labão propôs: “Você é meu sobrinho; por isso, não deve
ficar trabalhando de graça.
Diga-me quanto quer receber. Quanto seria justo?”.
16
Labão tinha duas filhas. Lia era a mais velha, e Raquel, a caçula. Lia tinha
belos olhos, mas Raquel era de uma beleza impressionante. E Jacó amava Raquel.
Jacó respondeu: “Trabalharei para você durante sete anos em troca de Raquel,
sua filha mais nova”.
19
Labão gostou da ideia: “Combinado! É muito melhor que eu a dê a você que mais
tarde ter de concordar em que ela se case com alguém de fora. Fique aqui
comigo”.
20
Assim, Jacó trabalhou sete anos em troca de Raquel. Mas, para ele, pareceram
poucos dias, porque a amava muito.
21
No prazo acertado, Jacó disse a Labão: “Agora, quero minha esposa. Já cumpri
minha parte do acordo. Estou pronto para consumar meu casamento”. Labão
convidou toda a população local e deu uma grande festa. Mas, quando chegou a
noite, foi Lia quem ele conduziu ao leito nupcial, e Jacó deitou-se com ela.
(Labão deu a Lia uma escrava chamada Zilpa, para que a servisse.)
25
Quando o dia clareou, lá estava Lia no leito nupcial! Jacó foi tomar
satisfações com Labão: “Por que você me fez isso? Não trabalhei todo esse tempo
em troca da mão de Raquel?
Por que você me trapaceou?”.
26
Labão respondeu: “Não é assim que costumamos fazer aqui. Não damos a filha mais
nova em casamento antes da mais velha. Aproveite sua semana de lua de mel, e
darei a você também a outra. Mas isso custará mais sete anos de trabalho”.
28
Jacó concordou. Ao completar a semana de lua de mel, Labão entregou Raquel a
ele. (E deu a Raquel uma escrava chamada Bila, para que a servisse.) Jacó deitou-se
com Raquel, e ele amava a Raquel mais que a Lia. Por causa dela, trabalhou mais
sete anos para Labão.
31
Quando o Eterno viu que Lia era menos amada, fez dela uma mulher fértil,
enquanto Raquel era estéril. Lia engravidou e teve um filho. Deu a ele o nome
de Rúben (Veja! É um Menino!). E disse: “Sem dúvida, é um sinal de que o Eterno
olhou para a minha desgraça, um sinal de que agora meu marido há de me amar”.
33
Ela engravidou outra vez. Teve outro menino e disse: “O Eterno soube que eu era
menos amada e me deu este filho também”. E deu a ele o nome de Simeão (O Eterno
Ouviu). Depois disso, engravidou mais uma vez: outro menino. E disse: “Quem
sabe agora meu marido se afeiçoará a mim! Já lhe dei três filhos!”. Por isso,
deu a ele o nome de Levi (Afeição).
Tempos depois, engravidou do quarto filho. E disse: “Desta vez, louvarei o
Eterno”. E deu ao menino o nome de Judá (Louvado Seja o Eterno). E não teve
mais filhos."
Gênesis 30
Raquel reclama com Jacó
"1
Quando Raquel se deu conta de que não conseguia dar filhos a Jacó, teve ciúme
de sua irmã e foi reclamar com Jacó: “Dê-me filhos, senão morrerei!”.
2
Jacó ficou irritado com Raquel e retrucou: “Por acaso sou Deus? Sou eu que não
te dou filhos?”.
3
Raquel respondeu: “Aqui está Bila, minha escrava. Deite-se com ela. Que ela me
substitua e que eu tenha um filho por meio dela. Pelo menos assim, vou
constituir família”. E deu Bila por esposa a Jacó.
Ele se deitou com ela, e Bila engravidou, dando um filho a Jacó.
6
Raquel disse: “Deus está do meu lado e me fez justiça. Ele me ouviu e deu-me um
filho”. E deu a ele o nome de Dã (Justiça). Bila, serva de Raquel, engravidou
de novo e deu o segundo filho a Jacó. Raquel disse: “Fui para uma luta de tudo
ou nada com minha irmã e venci”. E deu a ele o nome de Naftali (Luta).
9
Quando Lia percebeu que não procriava mais, deu sua escrava Zilpa como esposa a
Jacó, e Zilpa teve um filho dele. Lia disse: “Afortunada!”. E deu ao menino o
nome de Gade (Afortunado). Quando Zilpa, serva de Lia, teve o segundo filho com
Jacó, Lia exclamou: “Que dia feliz! As mulheres me darão os parabéns pela minha
felicidade”. E deu a esse filho o nome de Aser (Feliz).
14
Certo dia, durante a colheita do trigo, Rúben achou algumas mandrágoras no campo
e levou-as para casa, como presente para Lia. E Raquel perguntou a Lia: “Posso
ficar com algumas das mandrágoras que seu filho trouxe?”.
15
Mas Lia retrucou: “Será que não basta você ter roubado meu marido? Agora quer
também as mandrágoras do meu filho?”. Raquel respondeu: “Tudo bem. Vou deixar
que ele se deite com você esta noite em troca das mandrágoras que seu filho
trouxe”.
16
Quando Jacó voltou do campo e chegou em casa, à noite, Lia foi ao seu encontro:
“Deite-se comigo esta noite. Troquei as mandrágoras de meu filho por uma noite
com você”. Então, ele se deitou com ela naquela noite, e Deus ouviu a oração de
Lia. Ela engravidou e teve seu quinto filho com Jacó. Lia disse: “Deus me
recompensou por eu ter dado minha escrava ao meu marido”.
E deu a ele o nome de Issacar (Permutado). Lia engravidou mais uma vez e teve
seu sexto filho com Jacó, dizendo: “Deus me deu um presente maravilhoso. Desta
vez, meu marido até me dará presentes. Afinal, já lhe dei seis filhos!”. E deu
ao menino o nome de Zebulom (Honra). Por último, teve uma menina e deu a ela o
nome de Diná.
22
Mas Deus também se lembrou de Raquel. Ouviu a oração dela e permitiu que ela
engravidasse. Ela teve um menino e disse: “Deus pôs um fim à minha humilhação”.
E deu a ele o nome de José (Acréscimo), orando: “Que o Eterno me de ainda outro
filho”.
25
Depois que Raquel teve José, Jacó falou a Labão: “Permita que eu regresse para
a minha terra. Quero minhas esposas, porque trabalhei por elas, e meus filhos.
Você é testemunha de como trabalhei duro para você”.
27
E Labão disse: “Eu prefiro você aqui. Consultei o Eterno e fiquei sabendo que
ele tem me abençoado por sua causa”. E continuou: “Por isso, diga quanto quer
de salário, e eu pagarei”.
29
Jacó respondeu: “Você bem sabe quanto meu trabalho tem significado e como seus
rebanhos aumentaram sob meus cuidados. O rebanho minúsculo que você tinha
quando cheguei hoje é bem grande. Tudo que fiz trouxe bênçãos para você.
Será que não chegou a hora de eu fazer alguma coisa pela minha família?”.
31
“Quanto devo a você?”, perguntou Labão. Jacó disse: “Você não me deve nada. Mas
tenho uma sugestão. Voltarei a pastorear e cuidar de seus rebanhos. Vou passar
por todo o seu rebanho hoje e separar todas as ovelhas malhadas ou manchadas,
todos os cordeiros de cor escura e todos os cabritos manchados ou malhados.
Eles serão meu pagamento. Assim, não haverá nenhuma desconfiança na hora de
calcular meu pagamento.
Se você encontrar algum cabrito que não seja manchado ou malhado ou alguma
ovelha que não seja preta, saberá que eu os roubei”.
34
Labão concordou: “Parece justo. Combinado, então!”.
36
Mas, naquele mesmo dia, Labão retirou todos os bodes manchados e listrados e
todas as cabras manchadas e malhadas, todo animal que tivesse mesmo uma única
pinta branca, e também as ovelhas pretas, e os pôs ao cuidado dos filhos, longe
de Jacó numa distância equivalente a três dias de viagem. Enquanto isso, Jacó
continuava a pastorear o que havia restado do rebanho de Labão.
37
Mas Jacó tinha um plano: arrancou galhos de álamo, amendoeira e plátano e
retirou a casca, criando o efeito de listras brancas. Ele prendeu os galhos
descascados diante do bebedouro usado pelos rebanhos. Na época do acasalamento,
os animais vinham beber e acasalavam em frente aos galhos listrados. Como
resultado, os filhotes que nasciam eram listrados, malhados ou manchados. Jacó
posicionava as ovelhas diante dos animais escuros de Labão. Dessa maneira, ele
separou rebanhos diferentes para si, sem os misturar com os de Labão. Quando os
animais fortes estavam na época de acasalamento, Jacó colocava os galhos no
bebedouro à vista deles, para que acasalassem diante dos galhos. Mas não
colocava os galhos diante dos animais fracos. Dessa maneira, os animais fracos
ficavam para Labão, e os mais fortes, para Jacó.
43
Assim, Jacó ia ficando cada vez mais rico, possuindo rebanhos enormes e muitos
empregados, além de camelos e jumentos.
Gênesis 31
Jacó retorna à terra de seus pais
1
Jacó ficou sabendo o que os filhos de Labão falavam dele: Jacó usou a riqueza
de nosso pai para enriquecer à custa dele”.
Ao mesmo tempo, Jacó percebeu que o comportamento de Labão havia mudado para
com ele: não existia mais cordialidade.
3
Foi, então, que o Eterno disse a Jacó: “Volte para casa, para o lugar em que você nasceu. Eu
acompanharei você”.
4
Jacó mandou um recado para Raquel e Lia, para que fossem se encontrar com ele
no campo, onde os rebanhos estavam. Ele disse: “Tenho notado que o pai de vocês
não é mais o mesmo comigo, não me trata como antes. Mas o Deus de meu pai ainda
é o mesmo e está comigo. Vocês são testemunhas de como trabalhei para seu pai.
Ainda assim, ele me enganou diversas vezes, mudando sempre o meu salário. Mas
Deus nunca permitiu que ele me prejudicasse. Quando ele dizia: ‘Seu salário
agora serão os animais malhados’, o rebanho todo começava a ter filhotes
malhados. Quando dizia: ‘De agora em diante, seu salário será pago com os
animais listrados’, o rebanho inteiro começava ater filhotes listrados. Várias
vezes, Deus usou os animais do pai de vocês para me recompensar.
10
“Certa vez, os rebanhos estavam na época de acasalamento, e tive um sonho: vi
os bodes, todos listrados, manchados ou malhados, e estavam acasalando. No
sonho, um anjo de Deus me chamou e disse: ‘Jacó’. Eu disse: ‘Sim?’.
12
“Ele me disse: ‘Olhe
bem. Veja que todos os bodes do rebanho que estão acasalando são listrados,
manchados ou malhados. Sei o que Labão tem feito a você. Eu sou o Deus de
Betel, onde você consagrou uma coluna e me fez um voto. Agora vá, saia deste
lugar e volte para sua terra natal”.
14
Raquel e Lia disseram: “Por acaso, ele nos tratou melhor? Recebemos tratamento
pior que o de estranhas. Ele só queria o dinheiro que conseguiu nos vendendo, e
até já gastou tudo. Todos os bens que Deus tirar do nosso pai e nos devolver
será justo, pois são nossos e de nossos filhos.
Vá em frente! Faça o que Deus disse!”.
17
E foi o que Jacó fez. Acomodou seus filhos e esposas sobre camelos, reuniu seus
animais e tudo que havia adquirido em Padã-Arã, disposto a tomar o rumo da casa
de seu pai Isaque, na terra de Canaã.
19
Numa hora em que Labão estava tosquiando as ovelhas, Raquel roubou os deuses da
casa de seu pai. Jacó havia ocultado seus planos tão bem que Labão nem fazia
ideia do que estava acontecendo. Toda aquela movimentação passou despercebida a
ele. Jacó partiu com tudo que ele possuía e, em pouco tempo, já estava do outro
lado do Eufrates, seguindo para a região montanhosa de Gileade.
22
Três dias depois, Labão recebeu a notícia: “Jacó fugiu”. Labão reuniu seus
parentes e saiu em perseguição dele. Sete dias depois, alcançou-o na região
montanhosa de Gileade.
Mas, naquela noite, Deus apareceu em sonho a Labão, o arameu, e disse: “Cuidado com o que você vai fazer a Jacó, não fales a
ele nem bem nem mal!”.
25
Quando Labão o alcançou, as tendas de Jacó estavam armadas nas montanhas de
Gileade, e Labão armou as suas no mesmo lugar.
26
Labão disse: “O que você tinha na cabeça quando resolveu não me contar nada e
sair às escondidas, levando embora minhas filhas, como se fossem prisioneiras
de guerra? Por que você resolveu fugir como faz um ladrão durante a noite? Por
que não me contou nada? Pois eu teria feito uma grande festa de despedida para
você, com música, flautas e tamborins! Mas você não permitiu nem mesmo que eu
desse um beijo em minhas filhas e meus netos. Foi uma burrice da sua parte. Se
eu quisesse, poderia acabar com você agora mesmo, mas o Deus de seu pai falou
comigo na noite passada: ‘Cuidado com o que você vai fazer com Jacó, não fales
a ele nem bem nem mal’. Eu até entendo. Você foi embora porque estava com
saudades de casa. Mas por que você roubou os deuses da minha casa?”.
31
Jacó respondeu a Labão: “Eu fiquei com medo de você tirar suas filhas de mim
por meio da força bruta. Mas, quanto aos seus deuses, se você os encontrar com
alguma pessoa aqui, essa pessoa será morta. Procure aqui, na frente de todos
nós. Se encontrar alguma coisa que pertença a você, pode levar”. Jacó não sabia
que Raquel havia roubado os deuses.
33
Labão entrou na tenda de Jacó, na de Lia e nas tendas das duas escravas, mas
não os encontrou. Quando saiu da tenda de Lia, foi para a de Raquel. Mas ela
havia escondido os deuses dentro de uma almofada e estava sentada sobre ela.
Depois que Labão revirou a tenda sem achar coisa alguma, Raquel disse a ele:
“Meu senhor, não pense que não o respeito por não me levantar diante do senhor,
mas estou naqueles dias”. Por isso, ele virou e revirou o lugar, mas não
encontrou os deuses da sua casa.
36
Então, foi a vez de Jacó ficar zangado, e ele esbravejou contra Labão: “E
agora, que crime eu cometi, que mal eu fiz, para que você me atormentasse desse
jeito? Você já deu uma busca em toda a casa. Por acaso encontrou uma única
coisa que pertencesse a você? Mostre-a, quero ver! As duas famílias aqui podem
ser os jurados e decidir por nós.
38
“Durante os vinte anos em que trabalhei para você, as fêmeas de ovelhas e
cabras nunca perderam suas crias. Nunca me alimentei dos carneiros do seu
rebanho. Jamais deixei de indenizar você por algum animal que tivesse sido
devorado por alguma fera: paguei tudo do meu bolso. Na verdade, você me
obrigava a pagar, quer eu tivesse culpa, quer não. Eu saía sempre, não
importava como estivesse o tempo, fosse um calor de rachar, fosse um frio de
congelar, e passei muitas noites em claro. Durante vinte anos, foi o que fiz:
trabalhei como escravo durante catorze anos em troca de suas duas filhas e mais
seis anos por seu rebanho, e você mudou meu salário dez vezes. Se o Deus de meu
pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque, não estivesse comigo, você teria me
mandado embora sem um centavo no bolso. Mas Deus viu a situação em que eu me
encontrava e como trabalhava duro. Então, ontem à noite, ele pronunciou seu veredito”.
43
Mas Labão se defendeu: “As filhas são minhas, as crianças são minhas e o
rebanho é meu. Tudo que está aí é meu. Mas que posso fazer no caso de minhas
filhas e dos filhos que elas tiveram? Vamos acertar as coisas entre nós e fazer
uma aliança. Deus será nossa testemunha”.
45
Jacó pôs uma pedra na posição vertical, como uma coluna.
46
Em seguida, chamou sua família e disse: “Tragam mais pedras!”. Eles juntaram
pedras, fizeram uma pilha e comeram ali ao lado do monumento improvisado. Labão
deu a ele um nome aramaico, Jegar-Saaduta (Monumento da Testemunha). Jacó fez o
mesmo, mas com um nome hebraico: Galeede (Monumento da Testemunha).
48
Labão disse: “A partir de agora, este monumento será testemunha entre mim e
você”. (É por isso que se chama Galeede, Monumento da Testemunha.) Ele também
se chama Mispá (Torre de Vigia), pois Labão disse: “O Eterno vigie entre mim e
você, quando um não estiver vendo o outro. Se você maltratar minhas filhas ou
tomar outra mulher por esposa quando ninguém estiver por perto, Deus verá e
será testemunha entre nós”
51
Labão disse ainda a Jacó: “Este monumento e esta coluna de pedras que erigi
servirão de testemunhas de que não passarei deste ponto para prejudicá-lo nem
você passará para o outro lado com a intenção de me prejudicar. O Deus de
Abraão e o Deus de Naor (o Deus do antepassado deles) fará justiça entre nós”.
53
Jacó jurou em nome do Temor, o Deus de seu pai, Isaque, e ofereceu um
sacrifício na montanha. Também prestou culto ali, chamando todos os membros da
família para a refeição. Eles comeram e passaram a noite na montanha. Labão
levantou-se bem cedo na manhã seguinte, beijou os netos e as filhas, abençoou
todos eles e foi embora para casa.
Gênesis 32
Jacó reconcilia-se com Esaú
1
Jacó seguiu viagem. No caminho, os anjos de Deus encontraram-se com ele. Ao
vê-los, Jacó exclamou:
“Oh! O acampamento de Deus!”. E deu ao lugar o nome de Maanaim (Acampamento).
3
A certa altura, Jacó enviou mensageiros a seu irmão Esaú, mais à frente, na
terra de Seir, em Edom, com as seguintes instruções: “Digam o seguinte ao meu
senhor Esaú: ‘Mensagem do seu servo Jacó. Eu estava com Labão e só agora tive
condições de sair de lá. Consegui adquirir gado, jumentos e ovelhas, além de
servos e servas. Meu senhor, digo essas coisas na esperança de que me aceite’”.
6
Os mensageiros voltaram a Jacó e informaram: “Falamos com seu irmão Esaú, e ele
está vindo ao seu encontro. Mas está acompanhado de quatrocentos homens”.
7
Jacó ficou apavorado. Em pânico, separou as pessoas que estavam com ele, as
ovelhas, o gado e os camelos em dois acampamentos, pois pensava: "Se Esaú
chegar ao primeiro acampamento e o atacar, o outro grupo terá chance de fugir”.
9
Então, Jacó orou: “Deus de meu pai Abraão, Deus de meu pai Isaque, o Eterno,
que me disseste: ‘Volte para a terra de seus pais, e farei bem a você’. Não
mereço todo o amor e toda a fidelidade que tens demonstrado para comigo. Quando
saí deste lugar e atravessei o Jordão, levava apenas a roupa do corpo, mas olha
para mim hoje: dois acampamentos! Por favor, salva-me da fúria e da violência
de meu irmão! Tenho medo de que ele venha e ataque todos nós, a mim, às mães e
às crianças. Tu mesmo disseste: ‘Eu serei bom para você. Tornarei seus
descendentes como a areia do mar, tantos que não podem ser contados’”.
13
Ele passou a noite ali mesmo. Então, de tudo que possuía, preparou um presente
para seu irmão: duzentas cabras, vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte
carneiros, trinta camelas com suas crias, quarenta vacas e dez touros, vinte
jumentas e dez jumentos. Pôs um servo para cuidar de cada grupo de animais e
disse: “Vão na frente e mantenham uma boa distância entre cada grupo de
animais”.
17
Ao homem que estava na linha de frente, ele deu a seguinte instrução: “Quando
meu irmão Esaú chegar perto e perguntar: ‘Quem é seu senhor? Quem é o dono
disto tudo?’, responda assim: ‘Seu servo Jacó. Estes são presentes para o meu
senhor Esaú. Jacó está a caminho’”.
19
E deu as mesmas instruções ao segundo e ao terceiro empregados, a um de cada
vez, à medida que saíam com seus grupos de animais: “Digam: ‘Seu servo Jacó
está a caminho’”. Ele pensava: “Vou abrandar a fúria dele com um presente após
o outro. Assim, quando eu estiver frente a frente com ele, talvez sinta alegria
em me receber”.
21
Dessa maneira, os presentes seguiram adiante de Jacó, e ele ficou para trás,
disposto a passar a noite no acampamento.
22
Mas, durante a noite, ele se levantou, pegou as duas esposas, as duas escravas
e seus onze filhos e atravessou o vale do Jaboque. Deixou-os em segurança do
outro lado do ribeiro, com todos os seus bens.
24
Jacó ficou sozinho do outro lado, e um homem começou a lutar com ele. A luta
durou até o raiar do dia. Quando viu que não conseguia vencê-lo na luta, o
homem deslocou de propósito o quadril de Jacó.
26
O estranho disse: “Deixe-me
ir embora, o dia já raiou!”. Mas Jacó retrucou: “Não deixarei você ir sem que me
abençoe”.
27
O homem perguntou: “Qual
é o seu nome?”.
Ele respondeu: “Jacó”.
28
E o homem disse: “Não
mais. Seu nome não será mais Jacó. De agora em diante, será Israel (Aquele que
Luta com Deus). Você lutou com Deus e levou vantagem”.
29
E Jacó perguntou: “Qual é o seu nome?”. O homem respondeu: “Por que você quer
saber o meu nome?”. Dito isso, abençoou Jacó ali mesmo.
30
Jacó deu ao lugar o nome de Peniel (Face de Deus), pois disse: “Vi Deus face a
face e sobrevivi!”.
31
O Sol despontava quando ele saiu de Peniel, mancando por causa do quadril. (É
por isso que, até o dia de hoje, os israelitas não comem o músculo do quadril,
pois o quadril de Jacó foi deslocado)."
Gênesis 33
O encontro de Esaú e Jacó
"1
Jacó estava observando a estrada e viu quando Esaú se aproximava com seus
quatrocentos homens. De imediato, separou as crianças, deixando-as com Lia,
Raquel e as duas escravas. Pôs as escravas à frente de todos; depois, Lia e
seus filhos e por último Raquel e José. Ele foi adiante deles e, à medida que
se aproximava de seu irmão, curvou-se sete vezes, em sinal de respeito. Mas
Esaú correu ao seu encontro e o abraçou e beijou. Os dois choraram.
5
Esaú olhou para o grupo à volta dele, as mulheres e as crianças, e perguntou:
“Quem são estes que estão com você?”. Jacó disse: “São os filhos com os quais
Deus se agradou em me abençoar”.
6
As escravas com seus filhos se aproximaram e se curvaram diante de Esaú. Em
seguida, vieram Lia e seus filhos, e eles também se curvaram. Por fim, José e
Raquel se curvaram diante de Esaú.
8
Esaú perguntou: “E o que são todos aqueles animais que encontrei no caminho?”.
“Eu os enviei na esperança de que preparassem o caminho para meu senhor me
receber”
9
Esaú disse: “Ora, meu irmão. Eu tenho tudo de que preciso. Fique com o que é
seu”.
10
Mas Jacó insistiu: “Por favor, se você sentir no coração que deve me receber,
aceite os presentes. Quando vi seu rosto, foi como se tivesse visto o rosto de
Deus sorrindo para mim. Aceite os presentes. Deus tem sido bom para comigo, e
tenho mais do que preciso”. Diante da insistência do irmão, Esaú aceitou os
presentes.
12
Esaú propôs: “Vamos recomeçar juntos a viagem. Eu irei à frente”.
13
Mas Jacó respondeu: “Meu senhor, pode ver que meus filhos são frágeis. E os
rebanhos têm suas crias para amamentar, o que exige um ritmo lento na viagem.
Se eu exigir muito deles, mesmo que por um só dia, posso perdê-los. Assim, meu
senhor, siga na frente de seu servo, enquanto vou com calma no ritmo dos meus
rebanhos e filhos. E me encontrarei com você em Seir”.
15
Esaú disse: “Ao menos deixe-me pôr a seu serviço alguns dos homens que estão
comigo”. Jacó respondeu: “Não é preciso, a forma generosa como me recebeu era
tudo de que eu precisava”.
16
Então, ‘Esaú pôs-se a caminho de Seir naquele mesmo dia.
17
Jacó seguiu para Sucote. Ele construiu um abrigo para si e um local para
recolher os animais. Foi assim que o lugar ficou conhecido como Sucote
(Abrigos).
18
E foi assim que Jacó chegou são e salvo a Siquém, na terra de Canaã, depois de
percorrer todo o caminho desde Padã-Arã. Ele acampou perto da cidade e comprou
dos filhos de Hamor, pai de Siquém, a terra em que armou suas tendas. Pagou cem
moedas de prata por ela. Construiu um altar ali e deu-lhe o nome de El Elohe
Israel (Poderoso é o Deus de Israel)."
Gênesis 34
Diná é violentada
"1
Certo dia, Diná, filha de Lia e Jacó, foi visitar algumas mulheres daquela
terra. Siquém, filho de Hamor, o heveu, líder do local, viu Diná e a estuprou.
Mas, depois, passou a sentir forte atração pela moça. Apaixonado por ela,
tentava ganhar sua afeição. Por isso, foi pedir a seu pai, Hamor:
“Consiga essa moça como esposa para mim”.
5
Jacó ficou sabendo que Siquém havia estuprado Diná. Como os filhos haviam saído
para cuidar dos animais no campo, ficou esperando que eles chegassem em casa
para discutir o assunto. Nesse meio-tempo, Hamor, pai de Siquém, procurou Jacó
para tentar um contrato de casamento. Enquanto isso, no caminho de casa, os
filhos de Jacó ficaram sabendo do que havia acontecido e ficaram furiosos. O
estupro que Siquém havia cometido contra a filha de Jacó não era algo que podia
ser tolerado nem suportado na família de Israel.
8
Hamor falou a Jacó e a seus filhos: “Meu filho Siquém está perdidamente
apaixonado por sua filha. Peço que você a de em casamento a ele. Façamos
casamentos entre nossas famílias. Entreguem suas filhas a nós, e entregaremos
as nossas a vocês. Vocês podem viver no meio de nós, como uma família. Podem
fixar residência aqui e viver como um de nós. Há boas oportunidades de
prosperar aqui”.
11
Depois, Siquém falou em causa própria, dirigindo-se ao pai e aos irmãos de
Diná: “Por favor, aceitem! Pagarei qualquer preço. Estipulem o preço que
quiserem pela noiva, o céu é o limite! Mas permitam que essa moça seja minha
esposa”.
13
Os filhos de Jacó deram uma resposta dissimulada a Siquém e ao pai dele.
Afinal, a irmã havia sido vítima de estupro.
A proposta deles foi esta: “Isso não é possível. Jamais daríamos nossa irmã a
um homem incircunciso. Seria uma desgraça para nós. A única forma de chegarmos
a um acordo é se todos os homens do seu povo forem circuncidados, como nós. Aí,
sim, poderemos trocar livremente nossas filhas, e realizar outros casamentos
entre nós. Só assim, ficaremos à vontade e poderemos ser uma família grande e
feliz. Mas, se essa condição não for aceitável para vocês, pegaremos nossa irmã
e iremos embora”.
18
A sugestão pareceu justa para Hamor e Siquém.
19
O moço estava tão apaixonado pela filha de Jacó que concordou em fazer o que
eles estavam pedindo. Ele era o filho mais admirado da família de seu pai.
20
Na intenção de cumprir o acordo, Hamor e seu filho foram para a praça principal
da cidade e falaram ao conselho de cidadãos: “Esses homens nos estimam, são
nossos amigos. Devemos permitir que se estabeleçam aqui e fiquem à vontade. Há
espaço de sobra para eles na terra. Poderemos até dar nossas filhas em
casamento e receber as deles. Mas esses homens só aceitarão o convite para
viver entre nós como uma grande família com uma condição: que todos os homens
sejam circuncidados como eles. Trata-se de um ótimo negócio para nós. Essa
gente é rica e tem grandes rebanhos de animais. Com essa aliança, tudo passará
a ser nosso também. Portanto, vamos fazer o que eles nos pedem, para que se
estabeleçam em nosso meio”.
24
Todos os que tinham influência na cidade concordaram com Hamor e com Siquém.
Assim, todos os homens ali foram circuncidados.
25
Três dias depois, quando todos os homens ainda sentiam dores, Simeão e Levi,
filhos de Jacó e irmãos de Diná, cada um com sua espada, saíram pela cidade
como se fossem donos do lugar e mataram todos os habitantes do sexo masculino.
Também mataram Hamor e seu filho Siquém, resgataram Diná da casa de Siquém e
foram embora. Os outros filhos de Jacó chegaram ao local depois da matança e
saquearam a cidade inteira, como vingança pelo estupro de Diná. Levaram tudo
que encontraram na cidade e no campo: todo o gado, rebanhos, jumentos e objetos.
Além disso, levaram cativas todas as mulheres e crianças e vasculharam todas as
casas em busca de coisas de valor.
30
Jacó repreendeu Simeão e Levi: “Vocês sujaram meu nome no meio do povo daqui
esses cananeus e ferezeus. Se eles decidirem se unir e nos atacar, não teremos
a menor chance, porque somos muito poucos. Eles fariam desaparecer meu nome e
minha gente sem nenhuma dificuldade”.
31
Eles responderam: “Ninguém vai tratar nossa irmã como se ela fosse uma
prostituta e escapar impune”."
Gênesis 35
Jacó erige um altar em Betel
"1
Deus disse a Jacó: “Volte
para Betel, fique ali e construa um altar para mim o Deus que se revelou a você
quando você fugia de seu irmão Esaú”.
2
Jacó reuniu a família e instruiu todos os que viviam com ele: “Desfaçam-se de
todos os deuses estrangeiros que há no meio de vocês. Tomem banho e ponham
roupas limpas, pois estamos indo embora para Betel. Vou construir ali um altar
para o Deus que me respondeu quando eu estava em apuros e que, desde então, tem
estado ao meu lado, aonde quer que eu vá”.
4
Eles entregaram a Jacó todos os deuses estrangeiros que guardavam e também os
brincos que usavam como amuletos. Jacó enterrou tudo debaixo de um carvalho, em
Siquém. Em seguida, foram embora. Um pavor que chegava a paralisar tomou conta
das cidades das redondezas. Assim, ninguém se atreveu a sair e perseguir os
filhos de Jacó.
6
Jacó e seu grupo chegaram a Luz, que é Betel, na terra de Canaã. Construiu ali
um altar e deu a ele o nome de El-Betel (Deus de Betel), porque era o lugar em
que Deus havia se revelado a ele quando fugia de seu irmão.
8
Foi nessa ocasião que Débora, serva de Rebeca, morreu. Ela foi sepultada perto
de Betel, debaixo do carvalho que recebeu o nome de Alom-Bacute (Carvalho do
Choro).
9
E Deus revelou-se outra vez a Jacó, depois que ele havia voltado de Padã-Arã, e
o abençoou: “Seu nome é Jacó
(Calcanhar), mas esse não será mais seu nome. De agora em diante, você será
chamado Israel (Aquele que Luta com Deus)”.
11
Deus continuou: ‘Eu
sou o Deus Forte. Tenha filhos! Frutifique! Uma nação, uma comunidade inteira
de nações procederá de você. Reis virão de seus descendentes. A terra que dei a
Abraão e Isaque, agora dou a você e também a seus descendentes.
13
E Deus se foi elevando-se do lugar em que havia falado com ele.
14
Jacó ergueu uma coluna de pedra no local em que Deus havia falado com ele,
derramou sobre ela uma oferta de bebida e a ungiu com óleo. Dessa forma, Jacó
consagrou o lugar em que Deus havia falado com ele, Betel (Casa de Deus).
16
A caravana partiu de Betel, e ainda estavam a uma boa distância de Efrata
quando Raquel entrou em trabalho de parto, um parto muito complicado. Quando as
dores chegaram ao ponto máximo, a parteira disse a ela: “Não tenha medo, você
teve mais um menino”.
18
Antes de dar o último suspiro, porque estava morrendo, deu a ele o nome de
Benoni (Filho da Minha Dor), mas seu pai preferiu chamá-lo Benjamim (Filho da Felicidade).
19
Raquel morreu e foi sepultada na estrada para Efrata, isto é, Belém. Jacó
ergueu ali uma coluna para marcar o local do túmulo, que está ali até hoje, a
Pedra do Túmulo de Raquel.
21
Israel seguiu seu caminho e acampou em Migdal-Éder. No tempo em que Israel
vivia naquela região, Rúben teve um caso com Bila, concubina de seu pai, e
Israel ficou sabendo.
22
Jacó tinha doze filhos. Os que ele teve com Lia: Rúben, o filho mais velho de
Jacó, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom. Os que ele teve com Raquel: José e
Benjamim. Os que ele teve com Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali. Os que ele
teve com Zilpa, serva de Lia: Gade e Aser. Esses são os filhos de Jacó que
nasceram em Padã-Arã.
27
Por fim, Jacó chegou de volta à casa de seu pai Isaque, em Quiriate-Arba, a
atual Hebrom, onde Abraão e Isaque haviam residido. Isaque estava agora com 180
anos de idade. Então, deu seu último suspiro e morreu em idade muito avançada.
Seus filhos Esaú e Jacó o sepultaram no túmulo da família."
Gênesis 36
Os descendentes de Esaú
"1
Esses são os descendentes de Esaú, também chamado Edom.
2
Esaú casou-se com mulheres de Canaã: Ada, filha de Elão, o hitita; Oolibama,
filha de Aná e neta de Zibeão, o heveu; Basemate, filha de Ismael e irmã de
Nebaiote.
4
Ada deu a Esaú um filho, Elifaz; Basemate deu à luz Reuel;
5
Oolibama deu à luz Jeús, Jalão e Corá. São esses os filhos que nasceram a Esaú
na terra de Canaã.
6
Esaú reuniu suas esposas, filhos e filhas, todos os de sua casa e também os
animais e bens adquiridos em Canaã e mudou-se para longe de seu irmão Jacó. Os
dois tinham tantos bens que não era possível viverem no mesmo lugar. A terra
não comportava os rebanhos que os dois possuíam. Por isso, Esaú acabou fixando
residência na região montanhosa de Seir (Esaú e Edom são a mesma pessoa).
9
Estes são os descendentes de Esaú, antepassado do povo de Edom, na região
montanhosa de Seir. São estes os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de
Esaú com sua esposa Ada; Reuel, filho de Esaú com sua esposa Basemate.
11
Os filhos de Elifaz; Temã, Omar, Zefô, Gaetã e Quenaz.
(Elifaz tinha uma concubina chamada Timna, com quem teve Amaleque.) Esses foram
os netos de Ada, esposa de Esaú.
13
E estes são os filhos de Reuel: Naate, Zerá, Samá e Mizá, netos de Basemate,
esposa de Esaú.
14
Esses são os filhos de Oolibama, esposa de Esaú, filha de Aná, filho de Zibeão.
Ela teve com Esaú os filhos Jeús, Jalão e Corá.
15
Esses são os chefes tribais entre os descendentes de Esaú.
De Elifaz, filho mais velho de Esaú, vieram os chefes Temã, Omar, Zefô, Quenaz,
Corá, Gaetã e Amaleque, chefes de Elifaz na terra de Edom, todos eles filhos de
Ada.
17
Dos filhos de Reuel, filho de Esaú, vieram os chefes tribais Naate, Zerá, Samá
e Mizá. São os chefes de Reuel na terra de Edom, todos eles filhos de Esaú com
Basemate.
18
Estes são os filhos de Oolibama, esposa de Esaú: os chefes tribais Jeús, Jalão
e Corá, chefes que Esaú teve com Oolibama, filha de Aná.
19
São esses os filhos de Esaú, isto é, Edom, e seus chefes tribais.
20
Estes são os descendentes de Seir, o horeu, nascidos naquela terra: Lotã,
Sobál, Zibeão, Aná, Disom, Ezer e Disã. São esses os chefes tribais dos horeus,
filhos de Seir na terra de Edom.
22
Os filhos de Lotã: Hori e Hemã. A irmã de Lotã era Timna.
23
Os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã.
24
Os filhos de Zibeão: Aiá e Aná — esse é o Aná que descobriu as fontes de águas
quentes no deserto, enquanto levava os jumentos de seu pai, Zibeão, para
pastar.
25
Os filhos de Aná: Disom e sua filha Oolibama.
26
Os filhos de Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.
27
Os filhos de Ezer: Bilã, Zaavã e Acã,
28
Os filhos de Disã: Uz e Arã.
29
Estes eram os chefes tribais dos horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Ezer
e Disã, chefes dos horeus segundo cada tribo na terra de Seir.
31
São estes os reis que reinaram em Edom antes que houvesse rei em Israel: Belá,
filho de Beor, foi rei em Edom; Dinabá era o nome de sua cidade. Belá morreu, e
Jobabe, filho de Zerá, de Bozra, assumiu em seu lugar. Jobabe morreu e foi
sucedido por Husã, da terra dos temanitas. Husã morreu e foi sucedido por
Hadade, filho de Bedade; ele foi o rei que derrotou os midianitas em Moabe;
Avite era o nome de sua cidade. Hadade morreu, e Samlá de Masreca assumiu em
seu lugar. Samlá morreu, e Saul de Reobote, que ficava perto do rio Eufrates,
assumiu em seu lugar. Saul morreu e foi sucedido por Baal-Hanã, filho de Acbor.
Baal-Hanã, filho de Acbor, morreu, e Hadade assumiu em seu lugar; Paú era o
nome de sua cidade; sua esposa chamava-se Meetabel, filha de Matrede, neta de
Mezaabe.
40
E estes são os chefes tribais da linhagem de Esaú, segundo suas tribos e de
acordo com suas regiões: Timna, Alvã, Jetete, Oolibama, Ela, Pinom, Quenaz, Temã,
Mibzar, Magdiel e Irã, líderes de Edom nas várias regiões que ocuparam. Esses
foram os descendentes de Esaú, antepassado dos edomitas."
Gênesis 37
José vendido pelos irmãos
"1
Nessa mesma época, Jacó se estabeleceu na terra de Canaã, onde seu pai tinha
vivido.
2
Essa foi a história de Jacó. Entretanto, ela continua com José, na época com 17
anos de idade, que ajudava seus irmãos no pastoreio dos rebanhos. Na verdade,
seus irmãos apenas por parte de pai, filhos de Bila e Zilpa, esposas de Jacó. E
José tinha o hábito de contar ao pai tudo que os irmãos faziam de errado.
3
Israel amava José mais que os outros filhos, porque José era o filho temporão,
nascido quando Israel já era velho. Ele mandou fazer para José uma túnica de
mangas compridas. Quando seus irmãos perceberam que José era o filho predileto
de seu pai, começaram a odiá-lo. Esse ódio chegou a ponto de nem mesmo
conversarem mais com ele.
5
Certo dia, José teve um sonho. Quando o contou aos irmãos, eles passaram a
odiá-lo ainda mais. Ele disse: “Ouçam o sonho que eu tive. Estávamos todos nós
no campo, juntando feixes de trigo. De repente, meu feixe ficou de pé, e os
feixes de vocês o rodearam e curvaram-se diante dele”.
8
Então, os irmãos disseram: “Certo! Quer dizer que você vai reinar sobre nós?
Vai ficar nos dando ordens?” O sonho que ele contou e a maneira em que o contou
os deixaram enfurecidos.
9
Ele teve outro sonho e também o contou aos irmãos: “Tive outro sonho. O sol, a lua
e onze estrelas curvavam-se diante de mim!”.
10
Ele também contou o sonho a seu pai, e este o repreendeu: “Que sonhos são
esses? Por acaso, eu, sua mãe e seus irmãos iremos, um dia, nos curvar diante
de você?” A essa altura, seus irmãos estavam tomados de ciúmes, mas seu pai
refletia sobre o assunto.
12
Os irmãos de José haviam ido para Siquém, onde cuidavam dos rebanhos do pai. E
Israel disse a José: “Seus irmãos estão com os rebanhos lá em Siquém. Preciso
que você vá até onde eles estão”. José respondeu: “Sim, estou pronto”.
14
Jacó disse: “Vá ver como estão seus irmãos e os rebanhos. Depois, venha me
contar”. E enviou o filho do vale de Hebrom a Siquém.
15
Um homem encontrou o rapaz andando a esmo pelos campos e perguntou: “O que você
está procurando?”.
16
“Estou tentando achar meus irmãos. Você sabe onde eles estão cuidando dos
rebanhos?”.
17
O homem respondeu: “Eles já se foram daqui, mas eu os ouvi dizer: ‘Vamos para
Dotã’”. José prosseguiu em sua busca e, de fato, encontrou os irmãos em Dotã.
18
Os irmãos de José o reconheceram de longe e acharam que era uma boa
oportunidade para se livrarem dele. O plano era este: “Lá vem o sonhador! Vamos
matá-lo e jogá-lo numa dessas cisternas velhas. Depois, a gente diz que um
animal selvagem o devorou. Veremos em que os sonhos dele vão dar!”.
21
Rúben ouviu a conversa dos irmãos e intercedeu por José: “Por favor, não vamos
matá-lo! Nem pensem em cometer assassinato! Vamos jogá-lo naquela cisterna ali,
mas ninguém vai machucá-lo!”. A intenção de Rúben era voltar mais tarde,
tirá-lo do poço e levá-lo de volta ao pai.
23
Quando José chegou ao local em que estavam os irmãos, eles o agarraram,
arrancaram dele a capa bordada e o jogaram na cisterna. O reservatório estava
seco: não havia nem mesmo um pouco de água para beber.
25
Mais tarde, sentaram-se para jantar. De repente, avistaram uma caravana de
ismaelitas que vinham de Gileade com os camelos carregados de especiarias,
óleos e perfumes para vender no Egito. Judá sugeriu: “Irmãos, o que vamos
ganhar se matarmos nosso irmão e ocultarmos as provas? Vamos vendê-lo para os
ismaelitas, em vez de matá-lo. Afinal de contas, ele é nosso irmão, sangue do
nosso sangue”. Os outros concordaram com ele.
28
Na hora em que os comerciantes estavam passando, José foi tirado da cisterna, e
seus irmãos o venderam por vinte peças de prata aos ismaelitas. Os compradores
levaram José para o Egito.
29
Mais tarde, Rúben foi procurar José na cisterna, mas ele não estava lá! Então,
rasgou as roupas em sinal de desespero e interrogou os irmãos:
“O menino não está mais lá! O que vou fazer?”.
31
Eles pegaram a túnica de mangas compridas de José, mataram um bode e
mergulharam a túnica no sangue. Levaram de volta a bela peça de roupa ao pai e
disseram: “Achamos isto!
Olhe para ela: não parece a túnica de seu filho?”.
33
Na mesma hora, ele a reconheceu: “A túnica de meu filho! Um animal selvagem o
atacou e o despedaçou!”.
34
Jacó rasgou as roupas em sinal de luto, vestiu-se com pano de saco e chorou
muitos dias a morte do filho. Os outros filhos e filhas tentavam consolá-lo,
mas ele não queria ouvir ninguém. Dizia: “Irei para o túmulo ainda chorando por
meu filho”.
E chorava muito por ele.
36
No Egito, os midianitas venderam José a Potifar, oficial de Faraó, comandante
da guarda."
Gênesis 38
Judá e Tamar
"1
Na mesma época, Judá separou-se dos irmãos e associou-se a um homem de Adulão
chamado Hira. Ali, Judá conheceu a filha de um cananeu chamado Suá e casou-se
com ela. Eles tiveram relações, ela engravidou e teve um menino chamado Er.
Engravidou outra vez e teve outro menino chamado Onã. E teve mais um filho, a
quem deu o nome de Selá.
Quando ele nasceu, eles viviam em Quezibe.
6
Judá conseguiu uma esposa para Er, seu filho mais velho.
O nome dela era Tamar. Mas Er, filho mais velho de Judá, cometeu uma ofensa
muito grave contra o Eterno, e o Eterno tirou a vida dele.
8
Então, Judá disse a Onã: “Vá e deite-se com a viúva de seu irmão. É obrigação
do cunhado manter viva a descendência do irmão”. Mas Onã sabia que a criança
não seria dele. Por isso, sempre que se deitava com a viúva, derramava o sêmen
no chão, para que seu irmão não tivesse descendência. O Eterno desaprovou sua
atitude e tirou a vida dele também.
11
Então, Judá interveio e disse à sua nora: “Vá viver com seu pai na condição de
viúva, até que meu filho Selá fique adulto”. Ele tinha medo de que Selá também
acabasse morto como os irmãos. Tamar concordou e foi morar com o seu pai.
12
Passado algum tempo, morreu a esposa de Judá, filha de Suá. Terminado o período
de luto, Judá e seu amigo Hira, de Adulão, foram tosquiar ovelhas em Timna.
13
Alguém disse a Tamar: “Seu sogro foi tosquiar ovelhas em Timna”. Ela tirou as
roupas de viúva, pôs um véu para se disfarçar e sentou-se à entrada de Enaim,
que fica no caminho para Timna. A essa altura, Selá já havia crescido, e ela
percebeu que jamais iria se casar com ele.
15
Judá viu Tamar e supôs que fosse uma prostituta, porque ela havia coberto o
rosto com um véu. Ele foi até onde ela estava e disse: “Quero deitar com você”.
Ele não tinha a menor ideia de que falava com sua nora.
16
Ela perguntou: “Como você vai me pagar?”
17
Ele respondeu: “Vou enviar a você um cabrito do meu rebanho”. Ela retrucou: “Só
se você me der alguma garantia”.
18
“Que garantia você quer?” Ela disse: “Seu selo, o cordão de identificação
pessoal e o cajado que você carrega”. Ele entregou o que ela pediu e deitou-se
com ela. Como resultado, Tamar engravidou.
19
Depois de se deitar com o sogro, ela voltou para casa, tirou o véu e pôs de
volta suas roupas de viúva.
20
Mais tarde, Judá mandou em mãos por seu amigo de Adulão o cabrito prometido à
mulher, a ser trocado pelos objetos dados em garantia. Não conseguindo
encontrá-la, indagou dos homens do lugar: “Vocês sabem onde está a prostituta
que costuma sentar-se à beira da estrada aqui perto de Enaim?” Eles
responderam: “Nunca vimos nenhuma prostituta aqui”.
22
Hira voltou para casa e informou Judá: “Não consegui encontrá-la. Os homens do
lugar disseram que nunca viram nenhuma prostituta ali”.
23
Judá disse: “Pois que ela fique com a garantia. Se continuarmos a procurar,
vamos virar piada na cidade. Já cumpri minha parte do acordo, enviando o
cabrito, mas você não conseguiu encontrá-la”.
24
Cerca de três meses depois, vieram contar a novidade a Judá: “Sua nora bancou a
prostituta, e agora é uma prostituta grávida!”. Judá, enfurecido, ordenou aos
gritos: “Tragam-na para fora e queimem-na viva!”.
25
Enquanto era arrancada de casa, ela mandou um recado para o sogro: “Estou
grávida do homem a quem pertencem estas coisas. Por favor, vejam de quem elas
são. Quem é o dono deste selo, do cordão e do cajado?”.
26
Judá reconheceu de imediato os objetos e disse: “Ela está com a razão. Eu é que
estou errado. Eu não ia deixar que ela se casasse com meu filho Selá”. E nunca
mais se deitou com ela.
27
Quando chegou a hora de dar à luz, havia gêmeos dentro dela. No momento em que
estavam nascendo, um deles pôs a mão para fora, e a parteira amarrou um fio
vermelho na mão do bebê, dizendo: “Este nasceu primeiro”. Mas ele puxou a mão
de volta, e o irmão foi quem saiu. Ela disse: “Olhe que brecha para sair!”. E
deu a ele o nome de Perez (Brecha). Em seguida, saiu o irmão com o fio vermelho
na mão. Ele recebeu o nome de Zerá (Brilhante)."
Gênesis 39
José na casa de Potifar
"1
José foi levado para o Egito pelos ismaelitas, e ali foi comprado deles por
Potifar, egípcio que era oficial de Faraó, comandante da guarda.
2
Mas o Eterno estava com José, e tudo dava certo para ele de tal forma que
acabou indo morar na casa de seu senhor egípcio. Potifar reconheceu que o
Eterno estava do lado de José e abençoava tudo que o escravo fazia. Estava
muito satisfeito com José, tanto que fez dele seu auxiliar pessoal e pôs sob a
responsabilidade dele seus assuntos pessoais, deixando tudo nas mãos de José.
Daí em diante, o Eterno passou a abençoar a casa do egípcio por causa de José.
A bênção do Eterno era percebida em tudo que Potifar possuía, tanto em casa
quanto nos campos. A única preocupação do senhor de José era sentar-se à mesa
na hora do almoço e do jantar.
6
José era um homem muito atraente. Com o passar do tempo, a esposa do seu senhor
sentiu-se atraída por ele e, um dia, o convidou: “Deite-se comigo”.
8
Mas ele recusou e disse a ela: “Veja, meu senhor não se preocupa com nada do
que acontece aqui, pois confia em mim. Ele pôs sob minha responsabilidade tudo
que possuí e me trata como se eu fosse alguém do nível dele. A única coisa que
ele me vetou foi você. Afinal, você é mulher dele! Eu jamais poderia trair a
confiança dele e pecar contra Deus!”.
10
No entanto, ela insistia com ele dia após dia, enquanto ele se mantinha firme,
recusando-se a ter um caso com ela.
11
Certo dia, ele chegou para cumprir suas tarefas, e nenhum dos que trabalhavam
na casa estava presente. A mulher aproveitou-se disso e agarrou José pelas
vestes. “Deite-se comigo!”, dizia ela. Mas ele deixou as vestes na mão dela e
saiu correndo da casa. Quando ela viu que ele havia deixado as vestes e fugido,
foi chamar os que trabalhavam na casa e disse: “Vejam, esse hebreu aparece aqui
e, como quem não quer nada, tenta se aproveitar de nós. Ele tentou deitar-se
comigo, mas eu gritei o mais alto que podia. Por causa dos meus gritos, ele
deixou as vestes comigo e correu para fora”.
16
Ela guardou as vestes até que o senhor de José chegasse e contou a ele a mesma
história: “Esse escravo hebreu, que você pôs aqui, veio atrás de mim e tentou
me violentar! Quando comecei a gritar, ele saiu correndo e largou as vestes comigo”.
19
Quando ouviu a história que sua mulher havia contado, a denúncia contra o
escravo hebreu, o senhor de José ficou furioso. Ele mandou buscar José e fez
que o trancassem na prisão na qual costumavam ficar os prisioneiros do rei.
Entretanto, mesmo na prisão, o Eterno ainda estava do lado de José, e a bondade
divina garantiu que ele ganhasse a simpatia do chefe da carceragem, que fez de
José o responsável por todos os presos, o administrador do complexo
penitenciário. O chefe da carceragem deu tanta liberdade a José que nem sequer
o vigiava, pois o Eterno estava do lado dele.
Dessa maneira, tudo que José fazia dava certo."
Gênesis 40
José na prisão interpreta dois sonhos
"1
O tempo passou, e aconteceu que o copeiro e o padeiro do rei do Egito ofenderam
seu senhor, o rei do Egito. O faraó ficou furioso com seus dois oficiais, o
chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros, e os pôs sob a custódia do capitão
da guarda, na mesma cela em que José estava. O capitão da guarda deixou José responsável
por atender às necessidades deles.
4
O copeiro e o padeiro do rei estavam detidos havia algum tempo, e os dois
tiveram um sonho na mesma noite, cada sonho com um significado. Quando José
chegou de manhã, percebeu que eles estavam aborrecidos e perguntou aos dois
oficiais do faraó, que agora eram seus companheiros de prisão: “O que
aconteceu? Por que estão com essa cara abatida?”.
8
Eles responderam: “Cada um de nós teve um sonho, mas não temos ninguém que nos
explique o significado”. José retrucou: “Por acaso não é de Deus que vêm as
interpretações?
Contem-me os sonhos”.
9
O primeiro a contar o sonho a José foi o copeiro: “No meu sonho, havia uma
videira com três galhos na minha frente, e ela brotou, floresceu e produziu
uvas que amadureciam nos cachos. Eu estava segurando o copo do faraó; então,
peguei as uvas e as espremi no copo e o entreguei ao faraó”.
12
E José disse: “A interpretação é a seguinte: os três galhos são três dias.
Dentro de três dias, o faraó vai tirar você daqui. Você vai ser reintegrado a
seu posto e vai servir a taça ao faraó do jeito que costumava fazer quando era
o copeiro dele. Mas não se esqueça de mim quando as coisas estiverem dando
certo para você. Fale de mim ao faraó e tire-me daqui. Fui sequestrado na terra
dos hebreus e agora estou preso sem ter feito nada que justificasse eu ter sido
jogado neste buraco”.
16
O chefe dos padeiros percebeu que a interpretação de José havia sido boa e
disse: “Meu sonho foi assim: havia três cestas de vime sobre minha cabeça. Na
cesta de cima, havia diversos tipos de pães e doces, e os passarinhos vinham
comer da cesta que estava sobre minha cabeça”.
18
José disse: “A interpretação é a seguinte: as três cestas são três dias. Dentro
de três dias, o faraó mandará cortar sua cabeça, você será empalado, e os
pássaros vão comer a sua carne”.
20
E foi o que aconteceu. Três dias depois, foi comemorado o aniversário do faraó,
e ele deu uma festa para todos os que trabalhavam para ele. O chefe dos
copeiros e o chefe dos padeiros foram postos num lugar de destaque, na presença
de todos os convidados. Então, o faraó restituiu o chefe dos copeiros à sua
antiga função, e ele voltou a servir o faraó, como antes. Quanto ao chefe dos
padeiros, ele mandou empalar, exatamente como José havia previsto ao
interpretar os sonhos.
23
Mas o chefe dos copeiros se esqueceu totalmente de José."
Gênesis 41
José interpreta os sonhos de Faraó
"1
Passaram-se mais dois anos, e o faraó teve um sonho. Ele estava perto da margem
do Nilo, e sete vacas gordas e saudáveis saíram do rio para pastar entre os
juncos. Logo depois, outras sete vacas, estas apenas pele e osso, saíram do rio
e se juntaram às primeiras vacas que pastavam perto do Nilo. As vacas magras
devoraram as sete vacas saudáveis. Então, o faraó acordou.
5
Logo depois, ele voltou a dormir e sonhou pela segunda vez. Agora viu sete
espigas de grãos, todas grandes e viçosas, que saíam da mesma haste. Mas outras
sete espigas, estas mirradas e ressecadas pelo vento leste, brotaram no meio
delas, e as espigas mirradas engoliram as espigas saudáveis e encorpadas.
Então, o faraó acordou. Era mais um sonho.
8
Quando o dia amanheceu, ele estava perturbado e mandou chamar todos os magos e
sábios do Egito. O faraó contou os dois sonhos, mas ninguém conseguiu
interpretá-los.
9
Então, o chefe dos copeiros se manifestou: “Acabei de me lembrar de um
incidente. Peço desculpas, pois eu devia ter falado isso já faz algum tempo.
Certa ocasião, quando o faraó ficou irado comigo e com o chefe dos padeiros, o
senhor nos prendeu na casa do capitão da guarda, e nós dois tivemos sonhos na
mesma noite, cada sonho com seu significado. Aconteceu que havia, naquela
prisão, um escravo hebreu que prestava serviço ao capitão da guarda. Nós
contamos os sonhos a esse escravo, e ele os interpretou para nós, um de cada
vez. E tudo aconteceu exatamente como ele havia falado: eu fui restituído às
minhas funções, e o chefe dos padeiros foi empalado”.
14
O faraó mandou buscar José imediatamente. Ele foi retirado às pressas da sua
cela, fez a barba, vestiu roupas limpas e, então, se apresentou ao faraó.
15
O faraó disse a José: “Tive um sonho, mas ninguém consegue interpretá-lo. Mas
fiquei sabendo que você consegue interpretar sonhos, basta que sejam contados a
você”.
16
José respondeu: “Eu não, mas Deus. Ele vai acalmar o coração do faraó”.
17
O faraó disse a José: “No sonho, eu estava à margem do Nilo. Sete vacas
vistosas e cheias de saúde saíram do rio e começaram a pastar no meio dos
juncos. Logo em seguida, saíram outras sete, todas magras, só pele e osso. Eu
nunca tinha visto vacas tão feias em todo o Egito. As sete vacas magras e feias
comeram as sete vacas saudáveis. Mas, por incrível que pareça, depois de
comê-las, elas continuaram magras e feias como antes. Então, acordei.
22
“No meu segundo sonho, vi sete espigas viçosas, cheias de grãos, que saíam da
mesma haste. Logo depois delas, brotaram outras sete, mirradas e ressecadas
pelo vento leste, e as espigas mirradas engoliram as espigas cheias. Contei os
dois sonhos aos magos, mas eles não chegaram a conclusão alguma”.
25
José disse ao faraó: “Os dois sonhos do faraó têm o mesmo significado. Deus
está dando um aviso sobre o que ele está para fazer. Tanto as sete vacas
saudáveis quanto as sete espigas cheias representam sete anos: o significado é
um só. As sete vacas magras e feias que apareceram depois representam sete
anos, e as sete espigas de grãos mirradas e ressecadas pelo vento leste
representam a mesma coisa: sete anos de fome.
28
“O significado é o que eu já disse: Deus está dizendo, ao faraó o que ele está
para fazer. Estão para chegar sete anos de fartura em todo o Egito. Mas, logo
em seguida, virão sete anos de fome, e não ficará no Egito nem sinal dessa
fartura. O país será arrasado pela fome, e não restará nada da fartura
anterior. A fome será devastadora. O faraó teve o mesmo sonho duas vezes para
ressaltar que Deus não vai demorar a agir.
33
“Por isso, o faraó precisa escolher a um homem experiente e sábio para
administrar o país e também designar outros encarregados por todo o Egito, para
que organizem tudo durante os anos de fartura. Eles deverão reunir todo o
alimento produzido nos anos bons que estão por vir e, sob a autoridade do
faraó, estocar os grãos em cidades-armazém. Esses grãos serão preservados para
os sete anos de fome que estão por vir sobre o Egito. É a única forma de o país
não ser arrasado pela fome”.
37
O faraó e seus oficiais acharam a ideia excelente.
38
Dirigindo-se a seus oficiais, o faraó perguntou: “Por acaso, não é ele o homem
de que precisamos? Encontraremos outra pessoa igual a ele, em quem esteja o
espírito de Deus?”.
39
Em seguida, dirigindo-se a José, declarou: “Você é a pessoa de quem estamos
precisando. Parece que Deus entregou a você o plano detalhado, e ninguém tem a
experiência e a sabedoria que você demonstra. De hoje em diante, você será
responsável pelos meus negócios. Todo o meu povo seguirá suas ordens. Apenas
eu, na condição de rei, estarei acima de você”.
41
E foi assim que José recebeu esta incumbência: “Estou pondo sob seus cuidados
toda a terra do Egito”. Em seguida, o faraó tirou seu anel de autoridade e o
pôs no dedo de José. Também ordenou que ele fosse vestido com roupas do melhor
linho e pôs em seu pescoço um colar de ouro. A segunda carruagem na hierarquia
de comando ficou à sua disposição, e, quando ele passava, o povo gritava:
“Viva!”, desse modo, toda a terra do Egito foi posta sob o comando de José.
44
O faraó disse ainda á José: “Sou o faraó, mas, no Egito, nada acontecerá sem
seu selo de aprovação”.
45
Ele deu a José um nome egípcio, Zafenate-Paneia (Deus Fala e Ele Vive). Deu a
ele também uma esposa egípcia, Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om
(Heliópolis). Assim, José assumiu seu cargo na terra do Egito.
46
Ele estava com 30 anos de idade quando começou a trabalhar para o faraó, rei do
Egito. Logo que saiu da presença do rei, ele começou a desempenhar sua tarefa
no Egito.
47
Nos sete anos de fartura que se seguiram, a terra produziu safras excepcionais.
José juntou o alimento dos sete anos bons no Egito e o armazenou em diversas
cidades. Em cada cidade, ele estocava o excedente das plantações da região e
reuniu uma quantidade de grãos tão grande que ele acabou desistindo de contar,
pois competiam em quantidade com a areia da praia!
51
José teve dois filhos que nasceram antes dos anos de fome. Azenate, filha de
Potífera, sacerdote de Om, era a mãe. José deu ao primeiro o nome de Manassés
(Esquecer), dizendo: “Deus me fez esquecer todo o meu sofrimento e a casa dos
meus pais”. Ao segundo filho deu o nome de Efraim (Prosperidade em Dobro),
dizendo: “Deus me fez prosperar na terra da minha tristeza”.
53
Os sete anos bons no Egito chegaram ao fim, e começaram os sete anos de fome,
exatamente como José havia predito. Na verdade, a fome atingiu todos os países,
mas o Egito era o único em que havia alimento.
55
A fome era sentida em toda a terra do Egito, e o povo, em desespero, veio pedir
comida ao faraó. A resposta dele aos egípcios era: “Procurem José e façam o que
ele disser”.
56
No momento em que a fome se agravou em todo o país, José abriu os celeiros e
começou a vender os mantimentos aos egípcios. A fome era severa. Não demorou
até que o mundo inteiro viesse comprar mantimentos com José.
A fome era grande em todo lugar."
Gênesis 42
Os irmãos de José descem ao Egito
"1
Quando Jacó ficou sabendo que havia alimento no Egito, disse a seus filhos:
“Por que vocês estão aí sentados, olhando uns para os outros? Fui informado de
que há comida no Egito. Desçam para lá e comprem um pouco, para que possamos
sobreviver, em vez de morrer de fome”.
3
Dez irmãos de José desceram ao Egito para comprar alimento. Jacó não permitiu
que Benjamim, irmão de José, fosse com eles, pois tinha medo de que algo ruim
acontecesse ao rapaz. Os filhos de Israel acompanharam a caravana que seguia
para o Egito pelo mesmo motivo, pois a terra de Canaã também havia sido
atingida pela fome.
6
José estava administrando o país. Era ele quem fornecia alimento para o povo.
Quando os irmãos de José chegaram, eles o trataram com reverência, curvando-se
diante dele. José os reconheceu de imediato, mas resolveu tratá-los como
estranhos e falou asperamente com eles. Ele perguntou: “De onde são vocês?”.
Eles responderam: “De Canaã. Estamos aqui para comprar alimento”.
8
José sabia quem eles eram, mas eles não o reconheceram.
9
Lembrando-se dos sonhos que havia tido a respeito deles, José falou: “Vocês são
espiões! Vieram ver os pontos mais desguarnecidos da nossa terra”.
10
Mas eles se defenderam: “Senhor, não é isso. Viemos apenas comprar alimento.
Somos todos filhos de um único homem. Somos homens honestos, jamais pensaríamos
em espionar a terra”.
12
José insistiu: “Não acredito. Vocês são espiões e vieram ver os pontos fracos
do país”.
13
Eles responderam: “Éramos doze irmãos, filhos do mesmo pai na terra de Canaã. O
caçula ficou com nosso pai, e o outro já não está mais entre nós”.
14
Mas José estava irredutível: “Nada me convence de que vocês não sejam espiões.
Vou fazer uma prova com vocês. Juro pela vida do faraó que vocês não vão sair
daqui enquanto não trouxerem seu irmão mais novo para que eu o veja. Mandem um
de vocês ir buscá-lo, e os outros ficam presos aqui. Assim, vou saber se estão
dizendo a verdade ou não. Pela vida do faraó, afirmo que vocês são espiões”.
17
Em seguida, mandou prendê-los por três dias.
18
No terceiro dia, José disse a eles: “Vamos fazer o seguinte, para que vocês não
morram, porque sou um homem temente a Deus. Se forem honestos como dizem, um de
vocês ficará preso aqui, e os outros voltarão para levar alimento e matar a fome
de suas famílias. Mas terão de trazer seu irmão caçula à minha presença, para
confirmar o que me disseram. Assim, nenhum de vocês morrerá”. Eles concordaram.
21
Quando José terminou, eles começaram a falar entre si: “Estamos pagando pelo
que fizemos com nosso irmão! Vimos como ele estava apavorado, pedindo
clemência, e nem ligamos. Agora, somos nós que estamos em apuros”.
22
Rúben os interrompeu: “Eu não disse a vocês: ‘Não façam mal ao garoto’? Mas
vocês não me ouviram. Agora estamos pagando pelo assassinato dele”.
23
José falava com eles por meio de um intérprete; por isso; eles nem imaginavam
que José entendia tudo que diziam. E, por entender tudo, ele se afastou dali
para chorar. Quando se recompôs, mandou que amarrassem Simeão, que seria agora
seu prisioneiro. Os outros apenas assistiam a tudo.
25
Logo depois, José ordenou que enchessem as bolsas com grãos, mas que o dinheiro
fosse devolvido a cada bolsa. Mandou também que dessem a eles mantimentos para
a viagem. E assim foi feito.
26
Eles carregaram os jumentos com os suprimentos e partiram.
27
Ao fazer a primeira parada, para passar a noite, um deles foi pegar comida para
o jumento. Quando abriu a bolsa, viu que seu dinheiro estava ali, bem à mostra.
Ele chamou os outros irmãos e disse: “Meu dinheiro foi devolvido! Está aqui na
minha bolsa!”. Eles ficaram confusos e assustados. Diziam: “O que Deus está
fazendo conosco?”.
29
Quando chegaram de volta à terra de Canaã, contaram a Jacó tudo que havia
acontecido, dizendo: “O homem que administra a terra foi muito rude conosco e
ainda nos acusou de espionagem. Dissemos a ele: ‘Somos gente honesta, não
espiões. Éramos doze irmãos, filhos do mesmo pai. Um não está mais entre nós, e
o outro está com nosso pai em Canaã’.
33
“Mas o senhor daquela terra disse: ‘Deixem aqui comigo um de seus irmãos e vão
levar a comida para matar a fome da família de vocês. Tragam a mim o irmão
caçula de vocês. Será a prova de que vocês são honestos, não espiões. Só então,
devolverei seu irmão, e vocês terão livre acesso a este país’”.
35
Ao esvaziar as bolsas carregadas de alimento, cada um deles encontrou o
dinheiro em sua bolsa. Quando viram o dinheiro, os irmãos e seu pai ficaram
preocupados.
36
O pai suspirou: “Vocês estão acabando comigo! Já perdi José, fiquei, sem Simeão
e agora vocês querem levar Benjamim. Se eu permitir, acabo ficando sozinho no
mundo”.
37
Diante disso, Rúben fez ao pai a seguinte proposta: “Deixarei meus dois filhos
como reféns. Se eu não trouxer Benjamim de volta, o senhor pode matá-los. Deixe
Benjamim sob minha responsabilidade, e eu o trarei de volta”. Mas Jacó não
concordou: “Meu filho não vai para lá com vocês! Seu irmão já morreu, e ele é
tudo que me resta. Se acontecer algo ruim com ele durante a viagem, vou morrer
de tristeza.”"
Gênesis 43
Os irmãos de José descem outra vez ao Egito
"1
A fome na terra agravou-se. A família de Jacó já havia consumido todo o
alimento trazido do Egito, e, um dia, o pai decidiu: “Voltem ao Egito e tragam
um pouco mais de suprimento”.
3
Mas Judá lembrou: “O homem nos avisou e foi categórico: ‘Vocês nem me verão se
não trouxerem seu irmão com vocês’.
Se o senhor estiver disposto a deixar nosso irmão seguir conosco, iremos e
traremos alimento. Caso contrário, não arredamos pé daqui. De nada iria
adiantar, pois o homem nos disse: ‘Vocês nem me verão se não trouxerem seu
irmão com vocês’”.
6
Israel gemeu: “Por que vocês me complicam a vida? Por que foram dizer ao homem
que tinham outro irmão?”.
7
Eles responderam: “O homem estava nos pressionando e fazendo perguntas sobre
nossa família: ‘O pai de vocês ainda está vivo? Vocês têm outro irmão?’. Nós
apenas respondemos às perguntas que ele fez. Como íamos adivinhar que ele iria
dizer: ‘Tragam seu irmão’”?
8
Judá insistiu com Israel: “Deixe o garoto ir com a gente. Eu cuidarei dele. Se
não formos ao Egito, vamos todos morrer de fome aqui — nós, o senhor e nossos
filhos também! Eu mesmo assumo a responsabilidade pela segurança dele. É minha
vida pela vida dele. Se eu não o trouxer de volta são e salvo, assumirei toda a
culpa. Se já tivéssemos partido, em vez de ficar aqui perdendo tempo, já
teríamos ido e voltado duas vezes”.
11
Diante desse argumento, Israel desistiu: “Se tem de ser assim, assim será. Mas
façam o seguinte: ponham na bagagem alguns dos produtos mais finos da terra
como presente para aquele homem — bálsamo, mel, especiarias, perfumes, pistache
e amêndoas. Levem bastante dinheiro, paguem em dobro, por causa do dinheiro que
foi devolvido à bolsa de cada um. Deve ter sido um engano. Agora, peguem seu
irmão e vão! Vão procurar aquele homem, e que o Deus Forte faça que ele veja
vocês com bons olhos e mande de volta seu outro irmão junto com Benjamim. No
que me diz respeito, já perdi as esperanças”.
15
E eles partiram, levando os presentes, dinheiro em dobro e Benjamim. Não
perderam tempo e logo estavam outra vez diante de José, no Egito. Quando José
viu que Benjamim estava com eles, disse ao mordomo da sua casa: “Leve estes
homens para casa e deixe-os à vontade. Mate um animal e prepare uma refeição.
Eles vão almoçar comigo”.
17
O mordomo fez o que José havia ordenado e levou-os para dentro. Mas eles
ficaram preocupados quando viram que estavam sendo levados para a casa de José
e pensaram: “Só pode ser por causa do dinheiro. Ele pensa que fugimos com o
dinheiro na primeira viagem e agora estamos nas mãos dele. Ele vai nos
transformar em escravos e ficar com nossos jumentos”.
19
Eles acompanharam o mordomo de José e, à entrada da casa, disseram: “Por favor,
ouça-nos! Viemos aqui da outra vez para comprar alimento. No caminho de volta,
logo na primeira noite, abrimos as bolsas e encontramos nosso dinheiro na boca
de cada uma delas, a exata quantia que havíamos pago. Trouxemos todo esse
dinheiro de volta e o suficiente para comprar mais alimento. Não temos a menor
ideia de quem pôs o dinheiro nas bolsas”.
23
O mordomo os tranquilizou: “Está tudo certo. Não se preocupem. Deve ter sido
uma dádiva do seu Deus e do Deus de seu pai, porque recebi tudo que me era
devido”. Em seguida, ele foi buscar Simeão.
24
Por fim, levou os irmãos para dentro da casa de José e os deixou à vontade.
Providenciou água para lavarem os pés e palha para alimentar os jumentos. Os
irmãos pegaram os presentes que haviam trazido enquanto esperavam a chegada de
José, marcada para o meio-dia, pois haviam sido avisados de que almoçariam com
ele.
26
Quando José chegou, eles entregaram os presentes e curvaram-se em sinal de
reverência.
27
Depois de cumprimentá-los, José perguntou: “E o pai de vocês, o homem idoso de
quem me falaram, ele está bem? Ainda está vivo?”.
28
Eles disseram: “Sim, seu servo, nosso pai, está muito bem e ainda vive”. E, de
novo, eles se curvaram em sinal de reverência diante dele.
29
José olhou para seu irmão Benjamim, filho de sua mãe, e perguntou: “É este o irmão
caçula de quem me falaram?”. Em seguida, o abençoou: “Deus de sua graça a você,
meu filho”.
30
Profundamente comovido ao ver seu irmão e a ponto de desabar em lágrimas, José
retirou-se depressa, foi para outro aposento e ali chorou bastante. Em seguida,
lavou o rosto, controlou-se e disse: “Vamos comer”.
32
José foi servido numa mesa à parte, separado dos irmãos que, por sua vez,
estavam separados dos egípcios (os egípcios não se sentam à mesa com nenhum
hebreu, pois é repulsivo para eles). Os irmãos estavam sentados de frente para
José, por ordem de idade, do mais velho até o mais novo, e olhavam admirados
uns para os outros, imaginando o que aconteceria em seguida. Os irmãos foram
servidos com a comida da mesa de José, mas o prato de Benjamim veio bem mais
cheio que os dos outros. Assim, os irmãos festejaram com José e beberam à
vontade."
Gênesis 44
Estratégia de José para deter seus irmãos
"1
E José deu ordens ao mordomo da sua casa: “Encha com alimento as bolsas desses
homens, tanto quanto conseguirem carregar, e coloque o dinheiro de volta na
boca da bolsa de cada um. Ponha também o meu cálice, aquele cálice de prata, na
boca da bolsa do caçula junto com o dinheiro trazido para comprar alimento”. E
ele fez conforme José havia ordenado.
3
Ao romper do dia, os homens partiram com os jumentos. Eles mal haviam deixado a
cidade, quando José ordenou ao mordomo: “Corra atrás deles. Quando os alcançar,
diga: ‘Por que vocês pagaram o bem com o mal? Vocês estão com o cálice em que
meu senhor bebe e que ele também usa para suas adivinhações. Isso é
inaceitável!’”.
6
Ele os alcançou e repetiu as palavras de José.
7
Confusos, eles disseram: “Do que você está falando? Jamais faríamos uma coisa
dessas! Por acaso não trouxemos de volta desde Canaã todo o dinheiro que
havíamos encontrado em nossas bolsas? Você acha que iríamos roubá-lo de novo de
seu senhor? Se o cálice for encontrado com algum de nós, essa pessoa morrerá, e
todos os outros serão escravos de seu senhor”.
10
O mordomo disse: “Muito bem, então! Mas não é preciso tudo isso. Quem for
achado com o cálice ficará aqui como escravo, e os outros poderão ir embora”.
11
Os irmãos não perderam tempo. Puseram as bolsas no chão e as abriram para que
fossem examinadas. O mordomo inspecionou as bolsas, começando do mais velho
para o mais novo. E o cálice foi encontrado na bolsa de Benjamim.
13
Diante da descoberta, eles rasgaram as próprias roupas em sinal de desespero,
carregaram de novo os jumentos e voltaram para a cidade.
14
José ainda estava em casa quando Judá e seus irmãos chegaram de volta. Eles se
jogaram ao chão diante de José.
15
José interrogou-os: “Por que vocês fizeram isso? Deveriam saber que um homem
como eu logo descobriria o roubo”.
16
Falando pelos irmãos, Judá disse: “Senhor, o que podemos dizer? O que há para
ser dito? Como podemos provar que somos inocentes? Deus está por trás de tudo
isso, expondo a nossa maldade. Nossa culpa está diante do senhor e estamos
dispostos a ser seus escravos. Estamos todos na mesma situação e somos tão culpados
quanto aquele que foi encontrado com o cálice”.
17
José retrucou: “Eu jamais faria isso com vocês. Apenas o que estava com o
cálice será meu escravo. O restante está livre e pode voltar para casa”.
18
Judá mais uma vez tomou a palavra: “Senhor, por favor, posso dizer apenas uma
coisa? Não fique zangado nem pense que sou arrogante. Pelo que sei, o senhor é
tão importante quanto o faraó. O senhor nos perguntou: ‘Vocês têm pai e mais um
irmão?’, e respondemos com sinceridade: ‘Temos um pai idoso e um irmão caçula
que nasceu já na velhice dele. O irmão dele morreu, e ele é o único que restou
daquela mãe. E seu pai o ama mais que tudo neste mundo’.
21
“Então, o senhor nos disse: ‘Tragam-no aqui para que eu o veja’. Respondemos
que isso era impossível: ‘O garoto não pode deixar o pai. Se isso acontecer,
nosso pai morrerá.
23
“Mas o senhor insistiu: ‘Se o irmão caçula de vocês não vier, vocês não poderão
nem mesmo me ver’.
24
“Quando voltamos a nosso pai, contamos a ele tudo que o senhor nos disse. Por
isso, quando nosso pai ordenou: ‘Voltem e comprem mais um pouco de alimento’,
nós dissemos a ele, sem rodeios: ‘Impossível! Só poderemos voltar se nosso
irmão caçula for conosco. Não nos será permitido nem mesmo ver o homem se nosso
irmão caçula não estiver conosco’.
27
“Seu servo, meu pai, protestou: ‘Vocês sabem muito bem que minha esposa me deu
dois filhos. Um já não está aqui. Já me conformei com a ideia de que ele foi
despedaçado por um animal, porque desapareceu. Se agora vocês levarem este
também e algo ruim acontecer com ele, vou morrer de tristeza’.
30
“Será que agora o senhor entende? Se eu aparecer diante do seu servo, meu pai,
sem o garoto, o filho a quem ele é tão apegado, ele morrerá na hora em que
perceber que o garoto não voltará para ele. Ele morrerá de tristeza, e nós,
seus servos que estamos aqui na sua presença, seremos os responsáveis por sua
morte. E tem mais. Foi com esta promessa que convenci meu pai a liberar o
garoto para mostrá-lo ao senhor: ‘Se eu não o trouxer de volta, serei culpado
diante do senhor, meu pai, pelo resto da minha vida.
33
“Portanto, imploro que me deixe ficar aqui como seu escravo, mas não o garoto.
Permita que ele volte com seus irmãos. Como eu poderia olhar nos olhos do meu
pai sem o garoto? Ah! Não me obrigue a voltar e assistir ao meu pai morrer de
tristeza”."
Gênesis 45
José dá-se a conhecer a seus irmãos
"1
José não conseguia mais se conter nem manter a pose diante de todos os seus
servos. Então, ordenou: “Saiam! Fora, saiam todos daqui!”. Por isso, não havia mais
ninguém com José quando ele se revelou aos seus irmãos. Mas ele chorava tão
alto que os egípcios não podiam deixar de ouvi-lo, e as notícias logo chegaram
ao palácio do faraó.
3
José disse a seus irmãos: “Eu sou José. Meu pai está mesmo vivo?”. Mas seus
irmãos não conseguiam dizer uma única palavra. Ficaram mudos, pois não
conseguiam acreditar no que estavam vendo e ouvindo.
4
José pediu a seus irmãos: “Cheguem mais perto de mim”. E eles se aproximaram.
“Eu sou José, o irmão que vocês venderam para o Egito. Não fiquem tristes, nem
se culpem por terem me vendido. Deus estava por trás de todos os
acontecimentos. Ele me enviou para cá antes de vocês para salvar vidas. Já faz
dois anos que há fome na terra, e ela vai continuar por mais cinco anos. Nesse
tempo, não haverá plantio nem colheita. Deus me enviou antes de vocês para
preparar o caminho e garantir que um remanescente ficasse na terra, para salvar
a vida de vocês por meio de um grande ato de livramento. Portanto, entendam que
não foram vocês que me mandaram para cá, mas o próprio Deus. Ele fez que eu me
tornasse praticamente um pai para o faraó. O rei do Egito deixou até seus
assuntos pessoais aos meus cuidados e me fez governador sobre o país inteiro.
9
“Agora, corram de volta para o meu pai e digam a ele: ‘Seu filho José manda
dizer: Sou senhor de todo o Egito. Venha o mais rápido que puder e fique comigo
aqui. Darei um lugar para o senhor viver em Gósen; assim, poderá ficar perto de
mim, não apenas o senhor, mas também seus filhos, netos, rebanhos, gado e tudo
o mais. Vou cuidar do senhor, pois ainda virão mais cinco anos de fome, e tomar
providências para que todas as suas necessidades sejam atendidas, bem como as
de todos os que forem ligados ao senhor. Não haverá falta de nada’.
12
“Olhem para mim! Vejam vocês mesmos, e meu irmão Benjamim também pode ver por
si próprio: sou eu mesmo que estou dizendo todas estas coisas a vocês. Contém a
meu pai que tenho um cargo de grande importância no Egito, façam um relato de
tudo que viram aqui. Não percam mais tempo. Vão logo buscar meu pai!”.
14
Então, José atirou-se ao pescoço de seu irmão Benjamim e chorou; e Benjamim
chorou abraçado ao pescoço de José. Em seguida, José beijou todos os seus
irmãos e chorou com eles.
Só depois, seus irmãos conseguiram falar com ele.
16
As notícias chegaram ao palácio do faraó: “Os irmãos de José estão aqui”. O
faraó e todos os que trabalhavam com ele gostaram da novidade.
17
Então, o faraó disse a José: “Diga a seus irmãos o seguinte: ‘Façam isto:
carreguem seus animais e vão para Canaã. Reúnam a família de cada um de vocês e
seu pai e venham todos para cá. Vou permitir que vivam na melhor terra do
Egito. Vocês vão viver na fartura’.
19
“Diga também o seguinte: ‘Quero que vocês levem carroças do Egito para trazer seus
filhos, suas esposas e seu pai para cá. Não se preocupem com as coisas que não
puderem trazer. O que há de melhor em todo o Egito será de vocês’”.
21
E foi o que os filhos de Israel fizeram. José entregou a eles as carroças
prometidas pelo faraó e alimento para a viagem. Ele deu também roupas novas
para os irmãos, mas Benjamim recebeu trezentas peças de prata e várias peças de
roupa. Para seu pai, enviou os seguintes presentes: dez jumentos carregados com
os melhores produtos do Egito e mais dez carregados com suprimentos e provisões
para a viagem de seu pai.
24
Ao despedir-se dos irmãos, aconselhou: “Façam a viagem com calma. Nada de
ficarem culpando uns aos outros”.
25
Eles partiram do Egito e voltaram para seu pai Jacó, em Canaã. Ao chegar, deram
a notícia: “José ainda está vivo e governa sobre toda a terra do Egito!”. Jacó
ficou paralisado de surpresa. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
Mas, à medida que eles iam contando tudo que havia acontecido e o que José
tinha dito e depois de ver as carroças enviadas por José para transportá-lo na
viagem, ele recobrou o ânimo. O espírito do ancião reviveu, e ele disse: “Já
ouvi o suficiente. Meu filho José ainda está vivo! Preciso ir vê-lo antes de
morrer”."
Gênesis 46
Jacó e toda a sua família descem para o Egito
"1
Assim, Israel pôs-se a caminho com tudo que possuía. Ao chegar a Berseba,
prestou culto e ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai, Isaque.
2
Na mesma noite, Deus falou a Israel numa visão: “Jacó! Jacó!”. E ele disse: “Sim, estou ouvindo”.
3
E Deus disse: “Eu
sou o Deus de seu pai. Não tenha medo de descer para o Egito. Ali farei de você
uma grande nação. Irei com você para o Egito e também o trarei de volta para
cá. Na hora da sua morte, José estará ao seu lado e ele mesmo fechará seus
olhos”.
5
Assim, Jacó partiu de Berseba. Os filhos de Israel puseram o pai, seus filhos e
suas esposas nas carroças que o faraó havia mandado para trazê-los. Eles
chegaram ao Egito com os animais e os bens que haviam adquirido em Canaã. Jacó
levou consigo todos os membros da família: filhos e netos, filhas e netas,
todos eles.
8
São estes os nomes dos israelitas, Jacó e seus descendentes, que desceram para
o Egito: Rúben, o filho mais velho de Jacó.
9
Os filhos de Rúben: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi.
10
Os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, filho de uma
cananeia.
11
Os filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari,
12
Os filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Perez e Zerá (Er e Onã haviam morrido na
terra de Canaã). Os filhos de Perez foram Hezrom e Hamul.
13
Os filhos de Issacar: Tolá, Puá, Jasube e Sinrom.
14
Os filhos de Zebulom: Serede, Elom e Jaleel.
15
Esses são os filhos que Lia teve com Jacó em Padã-Arã; Ela também teve uma filha
chamada Diná. Ao todo, eram trinta e três descendentes.
16
Os filhos de Gade: Zefom, Hagi, Suni, Esbom, Eri, Arodi e Areli.
17
Os filhos de Aser: Imna, Isvá, Isvi e Berias, além de Sera, irmã deles, e os
filhos de Berias: Héber e Malquiel.
18
Esses são os descendentes que Zilpa, escrava que Labão deu a sua filha Lia,
teve com Jacó: dezesseis ao todo.
19
Os filhos de Raquel, esposa de Jacó, eram José e Benjamim. José era pai de dois
filhos, Manassés e Efraim, que ele teve com Azenate, filha de Potífera,
sacerdote de Om. Eles nasceram no Egito. Os filhos de Benjamim eram Belá,
Bequer, Asbel, Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde.
22
Esses são os descendentes que Raquel deu a Jacó, catorze ao todo.
23
O filho de Dã: Husim.
24
Os filhos de Naftali: Jazeel, Guni, Jezer e Silém.
25
Esses são os descendentes que Bila, escrava que Labão deu a sua filha Raquel,
teve com Jacó: sete ao todo.
26
Resumindo, todos os que desceram com Jacó para o Egito — seus descendentes, sem
contar as esposas deles — totalizaram sessenta e seis pessoas. Incluindo os
dois filhos que José teve no Egito, os membros da família de Jacó que chegaram
ao Egito totalizaram setenta pessoas.
28
Jacó mandou Judá na frente para obter informações de José sobre como chegar a
Gósen. Quando chegaram, José mandou aprontar sua carruagem e foi encontrar-se
com seu pai, Israel, em Gósen. Logo que José viu seu pai, atirou-se ao pescoço
dele e chorou por um longo tempo.
30
Israel disse a José: “Agora já posso morrer. Já vi seu rosto outra vez, e você
está mesmo vivo”.
31
Em seguida, José disse a seus irmãos e a toda a família: “Direi o seguinte ao
faraó: ‘Meus irmãos e a família de meu pai, que viviam em Canaã, já chegaram.
Os homens são pastores, sempre ganharam a vida criando animais. Eles trouxeram
consigo seus rebanhos e o gado, além de todas as outras coisas que possuem’.
Quando o faraó chamar e perguntar qual a ocupação de vocês, digam o seguinte:
‘Seus servos criam animais desde que se entendem por gente, e nossos pais
também. Assim, ele permitirá que vocês fixem residência na região de Gósen,
porque os egípcios tratam os pastores com desprezo”."
Gênesis 47
Israel é apresentado a Faraó
"1
José apresentou-se ao faraó e informou: “Meu pai e meus irmãos, com seus
rebanhos, seu gado e tudo que possuem, acabaram de chegar de Canaã. Neste exato
momento, eles estão em Gósen”.
2
Ele havia levado consigo cinco de seus irmãos e os apresentou ao faraó. O rei
do Egito perguntou: “Com que vocês trabalham?”.
3
"Seus servos são pastores, assim como nossos pais. Viemos para este país
em busca de um lugar melhor para viver. Em Canaã, não há mais pasto para nossos
rebanhos. A fome é devastadora por lá. Se o senhor permitir, seus servos
gostariam de se estabelecer na região de Gósen”.
5
O faraó olhou para José e disse: “Então, seu pai e seus irmãos estão aqui — um
reencontro! Pois o Egito recebe vocês de braços abertos. Cuide para que eles se
estabeleçam no melhor da terra. Sim, Gósen pode ficar para eles. E, se entre
eles você encontrar alguém que seja muito capacitado, ponha meus animais aos
cuidados dele”.
7
Em seguida, José trouxe Jacó, seu pai, e o apresentou ao faraó. Jacó abençoou o
faraó, e ele perguntou ao pai de José: “Quantos anos o senhor tem?”.
9
Jacó respondeu ao faraó: “Os anos da minha peregrinação são 130, uma vida curta
e difícil, bem diferente da vida longa de meus antepassados”. Depois de
abençoar o faraó, Jacó retirou-se.
11
José conseguiu estabelecer seu pai e seus irmãos no Egito e concedeu a eles a
posse do melhor da terra, a região de Ramessés (que é Gósen), como o faraó
havia ordenado. José dava toda atenção possível a seu pai, seus irmãos e à
família de seu pai, até aos bebês mais novos. A família inteira viveu ali com
fartura.
13
Mas chegou o dia em que não havia alimento em lugar algum. A fome havia chegado
ao auge. O Egito e Canaã foram assolados. José já havia arrecadado, em troca
dos alimentos que fornecia, todo o dinheiro existente no Egito e em Canaã, e
essa fortuna estava guardada no palácio do faraó. Depois que o dinheiro do
Egito e de Canaã acabou, os egípcios procuraram José e pediram: “Precisamos de
mais alimento! Você vai ficar olhando enquanto morremos? Ninguém mais tem dinheiro”.
16
José disse: “Tragam seus animais. Já que não têm mais dinheiro, trocarei o
alimento pelos animais”. E o povo começou a levar seus animais para José. Eles
receberam comida em troca de cavalos, ovelhas, gado e jumentos. Durante todo
aquele ano, a comida foi trocada por animais.
18
No ano seguinte, eles voltaram, dizendo: “Você sabe que não temos: mais
dinheiro. Nosso dinheiro acabou, e também trocamos todos os nossos animais por
comida. Nada mais nos resta para permutar, a não ser nós mesmos e nossas
terras.
De que nos serve o corpo e para que as terras se vamos morrer de fome em sua
presença? Nossa proposta é que você nos de comida em troca de nosso trabalho e
de nossas terras. Seremos escravos do faraó e abriremos mão de nossas terras.
Não queremos outra coisa senão sementes para nossa sobrevivência, isto é, o
suficiente para continuar vivos e manter nossas terras produzindo”.
20
Assim, José comprou para o faraó todos os campos do Egito. Todos os egípcios
venderam suas terras, tão aguda era a fome.
O faraó passou a ser o proprietário de toda a terra do Egito, e todos os seus
habitantes passaram a ser escravos dele.
José escravizou o povo em todo o Egito.
22
A única exceção foram os sacerdotes. Ele não comprou as terras deles, porque
eles recebiam um salário fixo do faraó e podiam viver com aquele salário. Por
isso, não precisavam vender suas terras.
23
José anunciou ao povo: “A situação é esta: Comprei para o faraó cada um de
vocês, com suas terras. Em troca, receberão sementes para plantar. Quando
fizerem a colheita, vocês darão um quinto para o faraó e ficarão com quatro
quintos para vocês e suas famílias. Assim, poderão dar de comer a seus
filhos!”.
25
O povo respondeu: “Você salvou nossas vidas! É com gratidão e alegria que
seremos escravos do faraó”.
26
José baixou um decreto sobre a terra no Egito, que ainda está em vigor: “Um
quinto pertence ao faraó”. Apenas as terras dos sacerdotes não passaram às mãos
do rei do Egito.
27
Israel estabeleceu-se no Egito, na região de Gósen. Eles adquiriram propriedades
e prosperaram. Tornaram-se um povo bastante numeroso. Jacó viveu dezessete anos
no Egito. Ao todo, viveu cento e quarenta e sete anos.
29
Quando ele sentiu que a hora da sua morte se aproximava, chamou seu filho José
e disse: “Faça-me este favor; ponha sua mão debaixo da minha coxa, em sinal de
sua lealdade e honestidade para comigo até o fim, e prometa que não vai me
enterrar no Egito. Quando eu for para junto de meus pais, tire-me do Egito e me
enterre ao lado deles”.
José concordou: “Farei o que o senhor está me pedindo”.
30
Israel insistiu: “Então, me prometa”. E José prometeu. Depois disso, Israel,
mesmo acamado, curvou a cabeça em sinal de submissão e gratidão."
Gênesis 48
Jacó adoece
"1
Algum tempo depois dessa conversa, informaram a José:
“Seu pai está muito doente”. Acompanhado de seus dois filhos, Manassés e
Efraim, ele foi visitar Jacó. Quando disseram a Jacó: “Seu filho José chegou”,
ele ergueu o corpo e se sentou na cama.
3
Jacó disse a José: “O Deus Forte apareceu-me em Luz, na terra de Canaã, e me
abençoou. Ele disse: ‘Eu o tornarei próspero e multiplicarei sua descendência.
Farei de você uma congregação de tribos e entregarei esta terra a seus
descendentes como herança permanente’. Agora, vou adotar seus dois filhos, que
nasceram no Egito antes que eu reencontrasse você. Eles estarão em posição de
igualdade com Rúben e Simeão. Mas os filhos nascidos depois deles serão seus e
terão parte na herança de seus irmãos. É assim que deve ser, pois, ao retornar
de Padã, sua mãe Raquel, para minha grande tristeza, morreu enquanto estávamos
em Canaã, a uma curta distância de Efrata, hoje chamada Belém”.
8
Foi só nesse momento que Jacó percebeu a presença dos filhos de José. E disse:
“Quem são eles?”.
9
José disse ao pai: “São os filhos que Deus me deu neste país”. Jacó pediu:
“Traga-os para perto, para que eu possa abençoá-los”. Jacó não tinha uma boa
visão por causa da idade, estava praticamente cego. Então, José os trouxe para
bem perto dele. Israel beijou e abraçou os meninos e disse a José: “Eu não
esperava vê-lo de novo, e agora Deus permite que eu também veja seus filhos!”.
12
Então, José os retirou do colo de Israel e curvou-se com o rosto voltado para o
chão, em sinal de respeito. Em seguida, pegou Efraim com a mão direita e o pôs
à esquerda de Israel. Com a mão esquerda, conduziu Manassés para o lado
direito.
Os dois meninos ficaram, assim, diante de Jacó. Mas Israel, cruzando os braços,
pôs a mão direita sobre a cabeça de Efraim, que era o caçula, e a mão esquerda
sobre a cabeça de Manassés, o mais velho. E os abençoou: “O Deus diante de quem
andaram meus pais Abraão e Isaque, O Deus que tem sido meu pastor durante toda
a minha vida até hoje, O Anjo que me livrou de todo o mal abençoe estes
meninos. Que meu nome possa ecoar na vida deles, assim como o nome de Abraão e
Isaque, meus pais, e que eles cresçam e encham a terra com seus filhos”.
17
Quando José viu que seu pai havia posto a mão direita sobre a cabeça de Efraim,
pensou que ele havia se enganado e tentou mudá-la para a cabeça de Manassés.
Ele justificou-se: “Não esta cabeça, pai, o mais velho é o outro. Ponha a mão
direita sobre a cabeça dele”.
19
Mas seu pai recusou a troca e explicou: “Não, meu filho. Sei o que estou
fazendo. Ele também se tornará um povo e também será alguém importante. Mas o
irmão mais novo será mais importante ainda, e sua descendência será uma
multidão de nações.”. Então, abençoou os dois: “Israel usará o nome de vocês
para abençoar — assim: ‘Que Deus faça a você o que fez a Efraim e Manassés’. Israel
não quis deixar dúvidas: Efraim foi posto à frente de Manassés.
21
Ele disse a José: “Minha morte está próxima. Deus acompanhe você e o faça
voltar em segurança para a terra de seus pais. Quanto a mim, estou dando a
você, como o primeiro entre seus irmãos, a terra montanhosa que tomei dos
amorreus com minha espada e meu arco”."
Gênesis 49
Bênçãos proféticas de Jacó
"1
Jacó reuniu seus filhos e pediu: “Fiquem aqui à minha volta. Quero dizer o que
está reservado para vocês nos dias que virão.
2
“Reúnam-se e ouçam, filhos de Jacó, ouçam Israel, seu pai.
3
Rúben, meu primogênito, minha força, primeira prova da minha virilidade, maior
em honra, maior em poder, mas, como água que se derrama de um balde, você não
será mais o maior, pois subiu ao leito nupcial de seu pai, você subiu à minha
cama e a profanou.
5
Simeão e Levi são muito parecidos, prontos para brigar por qualquer coisa. Não
tenho parte nos seus atos de vingança, nem quero participar de suas amargas
revanches; eles matam homens em seus acessos de raiva, aleijam bois por mero
capricho.
7
Maldita seja sua raiva descontrolada, seu ódio indiscriminado. Eu jogarei vocês
fora com o lixo; e os espalharei como papel picado no meio de Israel.
8
Judá, seus irmãos elogiarão você. Seus dedos estarão na garganta do inimigo,
enquanto seus irmãos prestam honra a você. Judá, meu filho, você é um
leãozinho, que acaba de chegar depois de matar. Olhem para ele, agachado como
um leão, rei dos animais; quem se atreve a mexer com ele? O cetro estará sempre
em Judá; ele segurará com firmeza o bastão de comando, até que venha o último
governante e as nações obedeçam a ele.
Ele amarrará seu jumento à videira, e, ao ramo viçoso, seu puro-sangue
premiado. Lavará sua camisa no vinho, e sua capa no sangue das uvas, seus olhos
serão mais escuros que o vinho, e seus dentes, mais brancos que o leite.
13
Zebulom se estabelecerá no litoral; um porto seguro para os navios, bem ao
longo de Sidom.
14
Issacar é um jumento teimoso que se deita entre os currais; quando viu como o lugar
era bom, como a terra era agradável, desistiu de sua liberdade e foi trabalhar
como escravo.
16
Dã cuidará do direito do seu povo com competência entre as tribos de Israel. Dã
é uma pequena serpente no meio da grama, uma cobra venenosa à espreita no caminho,
que morde o calcanhar do cavalo e derruba seu valente cavaleiro.
18
Aguardarei com esperança tua salvação, óh Eterno.
19
Gade será atacado por bandidos, mas ele os pegará.
20
Aser será famoso por sua comida deliciosa, doces e guloseimas próprios de reis.
21
Naftali é uma gazela em liberdade da qual nascem lindos filhotes.
José é um jumento selvagem, um jumento
selvagem junto à fonte, jumentos robustos sobre um monte. Arqueiros atacaram
com fúria, atiraram flechas com pontas cheias de ódio; mas ele resistiu com
firmeza, com arco firme e braços ágeis, com o apoio do Defensor de Jacó, o
Pastor, a Rocha de Israel. O Deus de seu pai, que ele o ajude! E que o Deus
Forte conceda suas bênçãos a você, Bênçãos que vêm do céu, bênçãos que saem da
terra, bênçãos dos seios e do ventre. Que as bênçãos de seu pai superem as
bênçãos das montanhas antigas, superem o prazer dos montes eternos. Que elas
repousem sobre a cabeça de José, sobre a fronte daquele que foi consagrado
entre seus irmãos.
27
Benjamim é um lobo voraz, devora sua presa durante a manhã e, à tarde, divide o
que restou”.
28
São essas as tribos de Israel, as doze tribos. E foi essa a bênção de seu pai
para eles. Cada um recebeu sua bênção especial de despedida.
29
Em seguida, ele deu as seguintes instruções a seus filhos: “Estou para ser
reunido ao meu povo. Enterrem-me com meus pais na caverna que fica no campo de
Efrom, o hitita, a caverna no campo de Macpela, diante de Manre, na terra de
Canaã, o campo que Abraão comprou de Efrom para usar como sepultura. Ali foram
sepultados Abraão e sua esposa Sara, Isaque e sua esposa Rebeca, e ali também
sepultei Lia. O campo e a caverna foram comprados dos hititas”.
33
Ele acabou de dar essas instruções, retraiu os pés na cama, deu o último
suspiro e foi reunido ao seu povo."
Gênesis 50
A lamentação por Jacó e o seu enterro
"1
José lançou-se sobre o pai, chorou sobre ele e o beijou.
2
Em seguida, instruiu os médicos a embalsamarem seu pai, e eles o fizeram. O
processo levou quarenta dias, período exigido para o embalsamamento, e houve
luto público de setenta dias para os egípcios.
4
Terminado o período de luto, José solicitou à corte do faraó:
“Se vocês me consideram digno da sua bondade, apresentem meu pedido ao faraó:
‘Meu pai me fez jurar, dizendo: A hora da minha morte está chegando. Enterre-me
no túmulo que preparei para mim na terra de Canaã. Por favor, preciso de uma
licença para que eu vá e faça o sepultamento de meu pai. E voltarei em seguida’”.
6
O faraó concordou: “Claro. Vá e sepulte seu pai, conforme o juramento que você
fez a ele”.
7
Então, José partiu para sepultar o pai, e todos os altos oficiais da corte do
faraó, todos os de alto cargo no Egito, acompanharam José e sua família, seus irmãos
e os parentes de seu pai. Os filhos deles, os rebanhos e o gado ficaram em
Gósen. Carruagens e cavaleiros os acompanharam num grande cortejo fúnebre.
10
Ao chegar à eira de Atade, às margens do rio Jordão, fizeram uma parada para
prantear e choraram longamente, de modo que era possível ouvi-los de longe.
José participou durante sete dias desses ritos fúnebres.
11
Ao ouvir o lamento que vinha da eira de Atade, os cananeus que moravam na
região disseram: “Os egípcios estão lamentando do fundo da alma”. Foi por isso
que aquele local junto ao Jordão ficou conhecido como Abel-Mizraim (Lamento
Egípcio).
12
Os filhos de Jacó cumpriram ao pé da letra as instruções que haviam recebido.
Levaram Jacó para Canaã e o sepultaram na caverna que fica no campo de Macpela,
em frente a Manre, campo que Abraão havia comprado de Efrom, o hitita, para
servir de sepultura.
14
José sepultou seu pai e, em seguida, voltou ao Egito. Todos os irmãos que o
haviam acompanhado no sepultamento voltaram com ele. Passado o funeral, os
irmãos de José começaram a falar: “E se José está guardando rancor e resolver
nos devolver o mal que lhe fizemos?”.
16
Por isso, mandaram o seguinte recado a José: “Antes de morrer, seu pai deu a
seguinte ordem: ‘Digam a José: Perdoe o pecado de seus irmãos, tudo que eles
fizeram de errado. Eles o trataram muito mal. Você vai cumprir essa ordem? Vai
perdoar os pecados dos servos do Deus de seu pai?”.
José chorou ao receber o recado.
18
Então, os irmãos foram pessoalmente a ele, lançaram-se ao chão perante José e
disseram: “Seremos seus escravos”.
19
José respondeu: “Não é preciso ter medo. Por acaso estou no lugar de Deus?
Será que vocês não percebem que planejaram o mal contra mim, mas Deus
transformou o mal em bem, como podem ver aqui e agora, salvando a vida de muita
gente? Acalmem-se, não há o que temer. Vou cuidar de vocês e de seus
filhos”. Com essas palavras carinhosas, ele os tranquilizou.
22
José continuou morando no Egito com a família de seu pai.
E viveu cento e dez anos, tempo suficiente para ver a terceira geração dos
filhos de Efraim. Os filhos de Maquir, filho de Manassés, também foram
acolhidos como se fossem de José.
24
Perto do fim da vida, José disse a seus irmãos: “A hora da minha morte está
chegando. Com toda certeza, Deus visitará vocês e os levará desta terra de
volta para a terra que ele solenemente prometeu a Abraão, Isaque e Jacó”.
25
E José fez que os filhos de Israel jurassem: “Quando Deus visitar vocês, não
se esqueçam de levar meus ossos com vocês”.
26
José morreu aos 110 anos de idade. Ele foi embalsamado e posto num caixão, no
Egito."
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